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Entenda o que causa alta no valor do aluguel de imóveis em Joinville

Com alta na inflação, imobiliárias precisam negociar valores entre proprietários e inquilinos

Joinville tem registrado um aumento no valor dos aluguéis de imóveis nos últimos meses. Os reajustes acompanham o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que mede a variação de preço de produtos e serviços, como a construção civil, inclusive, o aluguel. O índice é calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)

A professora de economia e coordenadora do projeto de finanças pessoais da Univille, Jani Floriano, explica que o IGP-M verifica mensalmente o preço de produtos vendidos ao consumidor, na construção civil e indústria.

Portanto, o aumento do IGP-M é um reflexo dos preços elevados, principalmente, de insumos, utilizados nos serviços de construção civil e indústrias, como o petróleo, por exemplo.

O IGP-M, conforme última atualização em setembro, acumula alta de 16% no ano e de 24,86% em 12 meses. No mesmo período do ano passado, o índice teve alta de 4,34%, acumulando 17,94% em 12 meses, segundo a FGV.

Reajustes em Joinville

“É impossível suportar o índices que estão lançados no mercado”, afirma o proprietário da Imobiliária Manchester, Joel Mendes. Para evitar que os imóveis sejam esvaziados a saída é negociar e aplicar uma porcentagem menor que o indicado no IGP-M.

Para Joel, é importante seguir o índice, que já é calculado seguindo os demais aumentos do mercado, porém, se aplicado na prática, os inquilinos deixam de renovar os contratos.

“Imagina um aluguel de R$ 1 mil. Se eu aumentar conforme o IGP-M, tenho que aumentar R$ 300. O inquilino não vai aceitar um aumento desse. O salário dele não acompanha esse aumento”, destaca.

A gerente geral da Imobiliária Norte, Tatiane Cacharowski conta que 99% dos inquilinos tentam negociar o reajuste para não pesar o valor do aluguel. Para evitar que os imóveis fiquem vazios e os proprietários deixem de receber, as imobiliárias têm indicado que seja feita uma negociação.

“Os locadores, nossos clientes, estão bem cientes que o aumento é grande demais e estão sendo bem abertos na negociação”, comenta Tatiane.

No caso da Manchester, Joel explica que as porcentagens cobradas variam de acordo com a localidade do imóvel, se são mobiliados e condições da edificação, por exemplo, mas, no geral, o aumento é de 10 a 12%.

Cátia Erhart, diretora de locação da Anagê Imóveis, conta que para evitar desocupação a maioria dos proprietários tem aceitado as recomendações das imobiliárias. “A grande maioria tem compreendido o momento que estamos vivendo e aceitado negociar um reajuste para o valor do aluguel menor que o índice do IGP-M”, explica.

No caso da Anagê, assim como a Manchester, a localização do imóvel, a situação do mercado e as condições materiais do imóvel são levadas em conta na hora de calcular o novo valor do contrato. “O foco é  buscar uma negociação justa para ambas as partes e manter a locação.”

Se utilizado apenas o IGP-M, Cátia conta que muitos imóveis passam a ter um valor maior que o restante do mercado, o que dificulta a locação. Inclusive, há clientes que buscam a imobiliária para fazer negociações e garantir o aluguel.

Reajuste salarial

Conforme a economista, o salário dos trabalhadores não acompanha o aumento do IGP-M, já que o reajuste usa como indicador o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA).

Enquanto o IGP-M leva em consideração o preço de produtos, construção civil e indústria, o IPCA mede apenas a variação de preços de produtos, comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias.

O último cálculo divulgado pelo IBGE aponta que, em agosto, o IPCA teve acumulo de 5,67% no ano e 9,68% nos últimos 12 meses, contra alta de 16% no ano para o IGP-M e de 24,86% em 12 meses.

Procura por aluguel

Apesar deste aumento nos valores, a demanda por locação na cidade de Joinville é grande, afirma Cátia. Ela explica que não há imóveis o suficiente para o volume de procura. “A crise dos últimos anos limitou os lançamentos de novos empreendimentos e isso está refletindo no estoque de produtos para locação, principalmente de apartamentos, lojas e galpões”, diz.

Com a pandemia, houve também um aumento na procura por casas, nota a diretora de locação da Anagê. No momento, a imobiliária tem trabalhado com fila de espera para a locação, já que não há oferta suficiente de imóveis.

Mesmo com a alta procura, preços altos podem incentivar a saída de locais que já possuem inquilinos, lembra Joel, da Manchester. Por isso, destaca a necessidade da negociação por parte de proprietários e inquilinos, a fim de evitar imóveis vazios na cidade.


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