Entenda por que camelódromo de Joinville pode ser vendido
Prefeitura autorizou a venda, projeto agora segue para Câmara de Vereadores
Com autorização do prefeito Adriano Silva (Novo), por meio de um projeto de lei ordinária, o Camelódromo da Beira Rio, na região central de Joinville, pode ser vendido. A decisão, de acordo com informações da prefeitura, é motivada por uma ordem judicial, a partir de uma ação do Ministério Público (MP), que aponta para a falta de licitação dos boxes, desde a inauguração do espaço.
Com isso, a prefeitura teria duas opções: vender o prédio para qualquer iniciativa ou desalojar os comerciantes e promover outros serviços no local. O município, porém, não tem interesse em utilizar o espaço para outras finalidades.
O projeto de lei ainda deve passar pelas comissões de legislação, urbanismo e finanças da Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ). Caso tenha aval da Casa, o prédio será vendido por valor mínimo de R$ 1,6 milhão, sendo que, conforme diz a prefeitura, os atuais comerciantes do local teriam preferência para a compra.
Na última terça-feira, 17, três vereadores, todos da comissão de legislação, visitaram o camelódromo para discutir o tema com os boxistas. Brandel Junior (Podemos) criticou a falta de diálogo da prefeitura com os proprietários dos comércios para apresentar o projeto. Ele também destacou ser errado avançar a iniciativa durante a pandemia da Covid-19.
“Deveria ser colocado a longo prazo, dando a possibilidade dos que já estão instalados poderem fazer a compra do espaço”, analisa.
Cláudia Aragão (MDB) destaca que a comissão deve focar, neste primeiro momento, em auxiliar e manter os comerciantes no local, além de dizer que os vereadores estudam apresentar uma contraproposta para a prefeitura. “Nossa prioridade é manter os empregos e a renda dessas famílias”, diz.
Além de também criticar a falta de diálogo do município com os boxistas, Aragão cita que o camelódromo faz parte da história da cidade. “É uma coisa de longa data, todo mundo já conhece”, comenta.
Já o relator do projeto, Alisson Julio (Novo), comentou que a decisão do MP é recorrente de uma pauta discutida há dez anos. Agora, ele afirma que a Câmara deve priorizar o diálogo para resolver a situação. “Vamos estudar todas as possibilidades, mas, ao que parece, será uma questão jurídica”, fala.
Comerciantes são contra a venda
“A situação é a pior possível”. Foi assim que o presidente da Associação dos Camelôs de Joinville (Acajo) Jean Carlos de Borba, classificou a possível venda do Camelódromo da Beiro Rio. Mesmo analisando ser difícil reverter a situação, ele afirma que os boxistas tentam evitar a decisão.
Jean explica que os “camelôs” não tiveram, até o momento, contato com o MP. “Só a prefeitura e os vereadores falaram conosco, esse foi o caminho”, salienta. Ele avaliou como positiva a conversa com os legisladores. “Define o que nós queremos, o que pode, o que é permitido”, complementa.
Caso a venda se concretize, o presidente da Acajo afirma que os comerciantes terão que encontrar outra local para evitar o desemprego. “Todos estão preocupados em criar e manter o emprego”, conclui.
Ainda durante o encontro, Jean solicitou melhorias no camelódromo para os vereadores, como rampas de acessibilidade, melhorias em vidraças, forros e iluminação, além de pavimentação e manutenção do gramado da praça que fica ao lado do prédio.
Fonte de renda
Responsável pela renda da família, o comerciante Juliano Kuczka, de 36 anos, leva o sustento para a esposa e os dois filhos, de 8 e 11 anos, com o trabalho realizado no camelódromo.
A venda do espaço gera preocupação. “Preciso deste salário, é onde consigo dinheiro para alimentar minhas crianças”, analisa.
Juliano critica a decisão da venda, da qual discorda. “Toda cidade tem camelódromo, não faz sentido não existir no maior município do estado”, desabafa.
Com a possibilidade de perder o emprego, ele diz que não tem perspectivas caso a decisão se concretize. “A gente não gosta nem de pensar. Como vai funcionar uma família sem renda? Imagina perder o salário ‘do nada’, de maneira inesperada”, finaliza.
A Câmara de Vereadores de Joinville não tem prazo definido para analisar o projeto de lei sobre a venda do local.
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