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Entenda por que plantio e cultivo da bisnagueira foi proibido em Joinville

Espécies de árvore é exótica e originária do continente africano

Entenda por que plantio e cultivo da bisnagueira foi proibido em Joinville

Espécies de árvore é exótica e originária do continente africano

Yasmim Eble

A árvore Spathodea campanulata, conhecida como bisnagueira, teve seu plantio e produção proibidos em Joinville após a sanção da lei complementar 598, de 17 de março de 2022. No entanto, começa a valer apenas a partir 15 de julho, 120 dias depois da sanção. 

A árvore é denominada como exótica invasora, por ser uma espécie nativa do continente africano. O plantio e produção já é proibido em Santa Catarina desde 2019 por meio de uma lei estadual. O que difere é que, em Joinville, será necessário realizar o corte das árvores já presentes e a substituição por espécies nativas. Em caso de descumprimento, a multa ultrapassa R$ 1 mil. 

Segundo o biólogo da Prefeitura de Joinville, Luis Gustavo Ravazolo, a árvore é da mesma família dos ipês, uma espécie nativa do Brasil. No entanto, é exótica para o bioma brasileiro. “A espécie é da África e foi dispersa pelo mundo todo, principalmente para ser usada como planta ornamental, cultivada por sua beleza”, explica. 

As características da árvore são as raízes superficiais, que não se aprofundam no solo, e os galhos que quebram com facilidade. “É uma planta difícil de ser usada para arborização de ruas e jardins, por exemplo”, conta.

A bisnagueira também possui uma semente parecida com a do ipê, chamadas de sementes aladas. O vento é a melhor forma para disseminar as sementes. E por ser uma planta exótica, ela também se torna invasora. 

“Com essa fácil disseminação, as árvores bisnagueiras conseguem cultivar suas sementes de forma fácil. Dificultando a regeneração de árvores nativas, gerando um desequilíbrio do ecossistema”, completa Luis. 

Planta maléfica para os polinizadores

A árvore Spathodea campanulata, é uma planta que tem uma peculiaridade em sua flor. Dentro do fruto, há defesas químicas, principalmente no estágio de abertura do botão floral. 

“É um tipo de substância venenosa para proteger o néctar, que a árvore irá precisar para produzir o fruto”, explica o biólogo. Isso pode causar um impacto ambiental grande quando relacionado aos polinizadores e pássaros nativos do município. 

O maior problema está ligado à meliponicultura, por conta das abelhas nativas de Joinville e região. “As abelhas ou outros polinizadores, ao tentarem pegar o pólen, serão infectadas e podem gerar a perda total da colmeia”, explica. 

Atualmente, Joinville tem cerca de 60 produtores de mel. A perda das colmeias pode gerar um desequilíbrio ambiental e de produção no município. “Há estudos que confirmam que essas defesas da árvore estão presentes no néctar e também possivelmente no pólen”, acrescenta. 

Com o desenvolvimento da flor, a árvore deixa de apresentar esse risco. No entanto, a fiscalização seria impossível por ser um processo natural da natureza. “Sabemos que a planta é um destaque no paisagismo urbano, porém a substância é tóxica para abelhas, beija-flores e outros insetos”, relata Antonio Carlos, responsável pela Ame Joinville.

As abelhas chegam a polinizar, em média, 70% de todos os alimentos dos seres humanos e animais. Para Antonio, a lei se alinha ao interesse dos meliponicultores de Joinville. “Em sua maioria, temos a criação das abelhas sem ferrão em perímetro urbano e com certeza isso aumentará o número de abelhas em nossa cidade”, finaliza.

Sobre a lei

A lei altera o Código Municipal do Meio Ambiente (LC 29/1996) para criar a lista de árvores proibidas no município. O pedido foi realizado pelos apicultores e meliponicultores de Joinville e o projeto foi proposto pelo vereador Adilson Girardi (MDB).

Além da bisnagueira, a lei prevê que a ficus benjamina, a “figueira benjamim”, não pode ser plantada a menos de cinco metros de logradouros públicos. 

A justificativa para a proibição nessas condições é o dano a calçadas que as raízes causam. As figueiras da avenida Hermann August Lepper, por exemplo, são dessa espécie.


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