Prefeitura de Araquari/Divulgação
Entre danças, risos e memórias: três amigas de infância celebram mais de 100 anos em Araquari
Elas foram homenageadas por projeto da prefeitura
Imagine viver até os 100 anos ou mais, e para completar ainda mais esse privilégio, dividir a celebração centenária com duas amigas de infância. Essa é a realidade de três moradoras de Araquari, que foram homenageadas por completarem mais de um século de vida. Elas sobreviveram a pandemia de 1918 (gripe espanhola), a Primeira Guerra Mundial (1918), a Segunda Guerra Mundial (1939 e 1945), a pandemia da Covid-19 e enfrentaram inúmeros desafios de um tempo que não existia comunicação pela internet, energia elétrica, e saneamento básico dentro das casas.
Tudo isso, sem perder a ternura e o bom humor. Dona Dona Dica, entrou na sala devagarinho, com ajuda de um andador, e quando viu a amiga de infância, Dona Balbina, ambas com 106 anos, falou: “Se prepara para dançar, neguinha”.
Acompanhadas da amiga Maria Marta, que tem 100 anos de idade, elas receberam uma homenagem e flores em vida, proporcionadas pelo projeto Café e Turismo, da Secretaria de Turismo de Araquari.
O evento também contou com a presença da Bandeira do Divino, tradição da Festa do Divino Espírito Santo, que acontece no Santuário Senhor Bom Jesus, um símbolo central da devoção e fé.
Juntas, cantaram músicas de ratoeira e dos tempos da mocidade.
Segredo da longevidade
Maria Soares de Oliveira, mais conhecida como Dona Dica, nasceu no dia 1º de junho de 1919 e hoje tem 106 anos. Quem também tem a mesma idade é Balbina Conceição Catarina, que nasceu em 21 de setembro de 1918. Já Maria Marta Costa, nasceu em 19 de janeiro de 2025 e hoje tem 100 anos.
Quando questionada sobre o segredo da longevidade, Balbina atribuiu à Deus, “ele me sustentou até esse tempo, sou grata”. Para os jovens, fica o conselho “Tenham paciência e cultivem as boas amizades. No meu tempo, nos reuníamos no quintal pra cantar ratoeira, era um tempo bom”.
Maria Soares de Oliveira, mais conhecida como Dona Dica, lembrou a vida feliz da juventude “casei, namorei, dancei muito. Para ter uma vida feliz em primeiro lugar você tem que agradecer à Deus”.
Maria Marta Costa, pediu para tirar o óculos antes da fotografia, vaidosa, ela afirmou que fica melhor sem eles. “A felicidade passa pela saúde. Também sou grata a Deus pela vida até aqui”.
Para o Secretário de Turismo de Araquari, Paulino Travasso, a homenagem marcou um momento raro e histórico. “Elas conheceram a Araquari do passado, ajudaram a construir a nossa história, viveram em um tempo, onde esse endereço (atual sede da Secretaria de Turismo) era a Prefeitura da cidade, nada mais justo do que homenagear e agradecer”.
Para Daia Carvalho, presidente da Fundação Municipal de Cultura, as três são exemplo de resiliência e resistência, “elas foram muito fortes, superaram muitas dificuldades, e não perderam a alegria de viver, com certeza são exemplos”.
Conheça mais sobre as história delas
Maria Soares de Oliveira, mais conhecida como Dona Dica, casou com Genesio Sebastião de Oliveira (in memoriam) com quem dividiu a vida por 48 anos, e teve oito filhos — desses três já faleceram, Dejair Antonio de Oliveira, João Carlos de Oliveira, Terezinha Zilda de Oliveira.
Além deles, Dona Dica também é mãe do Altair Paulo de Oliveira, conhecido como Ico, e Maria da Graça de Oliveira. Dona Dica é avó de 11 netos e 12 bisnetos. Ao longo da vida, trabalhou na Escola Agrícola como servente, onde se aposentou aos 70 anos. Devota do Senhor Bom Jesus ela conheceu a primeira Igreja do Bom Jesus, inclusive ajudou na na construção em 1950. Teve o privilégio de andar na macuquinha (locomotiva), o seu esposo trabalhava na madeireira. Dona Dica viveu em Araquari no tempo em que as casas eram de palha.
Balbina Conceição Catarina casou com Zozino Domingo Catarina (in memoriam) e teve quatro filhos. É moradora da Comunidade Quilombola Itapocu.
Membro da Igreja Nossa Senhora do Rosário de Itapocu, produzia flores para o capacete dos dançantes do Grupo Catumbi, manifestação Afro-Religiosa Cultural, existente há mais de 150 anos na comunidade, formado por homens negros, através da congada em devoção à Nossa Senhora do Rosário.
Dona Balbina teve a história de vida documentada na produção “Flores em Vida – “A História de Uma Anciã”, produzido por Alessandra Cristina Bernardino, resultado do Prêmio Arte do Quilombo/2021 da Fundação Palmares, que reverencia a biografia desta mulher de fé, forte e cheia de vida.
Maria Marta Costa é moradora do Centro de Araquari e é divorciada há mais de 40 anos. Ela é mãe de cinco filhos, avó de dez netos e tem 13 bisnetos. Os filhos que já faleceram são Clarete de Jesus Fernandes, Ester Fernandes e Adelson José Fernandes. Já os filhos Maria Angela Fernandes, hoje com 70 anos de idade, e Nelson Costa Fernandes, com 67 anos estão vivos, e desfrutam do privilégio de ter uma mãe por perto. O seu Nelson inclusive cuida da dona Marta. Ela trabalhou como costureira a vida toda e hoje se dedica aos cuidados das plantas e do jardim, faz a própria comida.
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