“Essa dança é minha vida”; francisquense participa do folclore Vilão há 53 anos
33ª Festilha de São Francisco do Sul promoveu o 1º Encontro de Folclore da ilha
Jair Schetz, de 76 anos, participa das celebrações do Vilão há 53 anos em São Francisco do Sul. Nascido na ilha, o francisquense lidera o Grupo Folclórico Dança do Vilão, uma tradição da cidade desde que foi trazida em 1920 por uma família paulista.
“Essa dança é minha vida”, Jair confessa. A dança do Vilão é uma tradição de mais de 100 anos que existe apenas em São Francisco do Sul, passada de pai para filho desde que Romário Matias chegou de São Paulo com a família e ensinou todo o bairro.
A dança consiste em dois grupos, a orquestra e os batedores. São quatro músicos, responsáveis por tocar um violão, caixa-clara, surdo e o pandeiro. Já a parte da dança é feita pelos batedores, cinco duplas de homens que batem os bastões enquanto realizam os passos de forma sincronizada. “A dança do vilão é uma dança africana, tem um gingado de capoeira, é uma mistura”, explica Jair.
Ele é mestre do grupo, por isso coordena da pista toda a equipe. Os quatro filhos, 14 netos e três bisnetos também dançam o Vilão, folclore que Jair ensinou para eles, como ele aprendeu do pai, aos sete anos de idade.
Originalmente usada para celebrar boas colheitas, o Vilão virou símbolo de São Francisco do Sul e Santa Catarina. Presente em todas as Festilhas, o Grupo Folclórico Dança do Vilão se apresenta em festas açorianas e outras celebrações pelo estado e país. Mas nem sempre foi assim.
Durante uma época, o Vilão parou de ser dançado. Preocupado com o fim da tradição, Jair decidiu retomar a arte que aprendeu com o pai e reativou o grupo, que funciona na Associação 25 de Dezembro, no bairro Rocio Grande.
“Eu achei que era uma coisa muito bonita e comecei. Para mim essa dança é minha vida, porque toda vida eu tô com ela”, completa o francisquense.
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Boi de mamão e pau de fita
Também no Rocio Grande, o Grupo Folclórico da Associação 25 de Dezembro mantém outra tradição da ilha. O boi de mamão e o pau de fita são celebrados em São Francisco do Sul há centenas de anos, mas foi em 2000 que Carlos e os amigos começaram a tocar a tradição.
Mais conhecido por Tizio, Carlos participa do folclore há mais de 30 anos. Quando começou, aos 13 anos de idade, ele fazia a onça. Hoje é ele que canta o boi de mamão.
Tizio conta que, quando as ruas eram de terra, era comum que o folclore passasse pelo bairro e casas para celebrar com a vizinhança. “O pessoal da comunidade está tentando resgatar, veio o Covid, a gente perde muito o pessoal que estava com a gente”, explica.
O boi de mamão é uma tradição açoriana que está espalhada em diversos locais do Brasil. Forte em “São Chico”, a celebração acontece após a dança do pau de fita, quando o boi de mamão chega em cena. Depois dele, aparece o cavalo, a mandioca, onça, o barão e o vovô e a vovó para fechar.
“Toda a brincadeira é para o pessoal ficar alegre”, conclui Tizio.
1º Encontro de Folclore de São Francisco do Sul
Neste ano, o sábado de Festilha caiu no aniversário de 519 de São Francisco do Sul. Para celebrar a data, a Fundação Cultural da cidade decidiu organizar o 1º Encontro do Folclore de São Francisco do Sul. “A intenção da Fundação Cultural é promover essa integração”, explica Cristiane Fernandes, coordenadora de Patrimônio Imaterial na instituição.
Embora os grupos sempre participem da festa, esta foi a primeira vez que o público pôde assistir a todos eles no mesmo horário. Segundo Cristina, a intenção da fundação é que nos próximos anos, aconteçam apresentas conjuntas também. Para isso acontecer, era necessário provocar o encontro dos grupos.
Hoje, São Francisco do do Sul tem os grupos: Boi de Mamão da Água Branca, a Dança do Vilão, o Boi de Mamão e o Pau de Fita da Associação 25 de Dezembro e o Terno de Reis Filhos de Deus.
33ª Festilha
A 33ª edição da Festilha acaba neste domingo, 16, com o show nacional de Diogo Nogueira. A festa, que começou em 8 de abril, recebeu artistas locais e nacionais ao longo de duas semanas. Além da música, nos três pavilhões espalhados pelo Centro Histórico de Joinville há praças de alimentação com pratos tradicionais, como o pastel de berbigão, a linguiça com pirão e diversos frutos do mar.
Neste ano também foi montado o Espaço Cultural Júlia da Costa, uma área dedicada ao artesanato local e oficinas culturais. Devido ao fechamento para obras do Museu Nacional do Mar, o Terminal Turístico Naval recebeu uma coletânea de peças do acervo do Museu. Neste espaço, o público também pode fazer uma visita virtual ao museu, por meio de óculos de realidade aumentada.