Tânia Rêgo/Agência Brasil

O câncer no colo do útero é o terceiro tumor mais frequente entre as mulheres e o quarto que mais mata no Brasil,  depois do de mama, do de pulmão e do colorretal, de acordo com Instituto Nacional de Câncer (Inca). A estimativa é de que, no Brasil, surjam 16.370 novos casos da doença anualmente.

Lucas Sant’Anna, médico oncologista que integra o corpo clínico do Onco Center Dona Helena, explica o principal fator causador da doença é o HPV (Human Papiloma Virus) — vírus sexualmente transmissível que se aloja na pele e mucosas dos seres humanos, como vulva, vagina, colo de útero e pênis.

Portanto, assim que inicia a vida sexual, a mulher tem a chance de contrair o vírus HPV e, consequentemente, o câncer uterino.

“Mas, felizmente, a maioria que tem o vírus não desenvolve o câncer. Não é porque tem o vírus que terá o câncer, mas o HPV é o principal causador”, evidencia.

Papanicolau

Conforme o especialista, a doença se desenvolve na parte inferior do colo do útero, acima da vagina, e é mais comum em mulheres abaixo dos 50 anos. Na maioria dos casos, por se tratar de uma doença assintomática em sua fase inicial, a paciente descobre que tem o tumor durante exames preventivos, conhecido como Papanicolau.

O Papanicolau colhe, com uma espécie de cotonete, partículas do colo do útero que são analisadas microscopicamente e podem detectar a presença da célula cancerígena.

Sant’Anna ressalta a importância das mulheres começarem a fazer o exame anualmente assim que passam a ter relações sexuais e mantenham esta frequência até os 65 anos.

“A partir desta idade, o risco de contrair a doença é muito mais baixo. Não quer dizer que seja impossível, mas é muito mais raro”, explica.

Sintomas e fatores de risco

O médico afirma que os principais sintomas da doença são dores na região genital durante uma relação sexual, sangramentos, infecções recorrentes e corrimento.

Para evitar o contágio, é imprescindível o uso de preservativos durante a relação sexual, já que a camisinha pode evitar a exposição ao vírus HPV. Entre os fatores de risco para a doença, além do sexo sem proteção, Sant’Anna cita início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais e o tabagismo.

“Todos os fatores são relacionados à atividade sexual, sendo o principal deles o HPV. A doença não tem relação com hereditariedade, é um dos cânceres que isso não se associa muito. Ele pode ocorrer com pessoas imunosuprimidas, ou seja, que tendem a ter imunidade mais baixa”, explica.

Conforme o médico, há cerca de três anos, o sistema público de saúde passou a disponibilizar vacinas contra o HPV para meninas com idade  entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14.

“Embora os homens não desenvolvam o câncer uterino, ele podem disseminar o vírus para suas parceiras”, enfatiza.

Atendimento durante a pandemia

Mesmo após o decreto estadual que suspendeu as cirurgias eletivas em Joinville, os tratamentos oncológicos para pacientes já diagnosticadas com a doença continuam, inclusive as cirurgias, conforme o médico.

“Claro que para quem ainda for fazer o exame preventivo e não tem diagnóstico para a doença, por conta da pandemia, o processo pode ser mais demorado”, diz.

O tratamento inicial do câncer uterino é baseado em cirurgia. À medida que a doença avança, a paciente precisa passar por quimio e radioterapia. Por isso, quanto antes tiver o diagnóstico, menos invasiva será a doença, alerta o médico.

“Como qualquer outro câncer, a doença é uma célula que cresce sem freio e vai trazendo efeitos em massa. Começam com dores fortes e comprimem os vasos sanguíneos. Há chances de se espalhar pelo pulmão, fígado, ossos e demais órgãos. Vai deixando a paciente debilitada até falecer, se não tratar adequadamente”, diz.


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