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Folha de SP reconhece que errou ao associar sobrenome tradicional em SC a saudação nazista

Em texto publicado, jornal relata também ameaças contra colunista que cometeu o erro

Folha de SP reconhece que errou ao associar sobrenome tradicional em SC a saudação nazista

Em texto publicado, jornal relata também ameaças contra colunista que cometeu o erro

Redação O Município Joinville

O jornal Folha de São Paulo publicou um texto neste sábado, 27, reconhecendo que erraram ao associar o sobrenome Heil, muito tradicional em Santa Catarina, a uma saudação nazista. A referência havia sido feita em coluna de Giovana Maldalosso, que comentava sobre o telhado de uma residência em Urubici.

Madalosso mencionou ter visto essa palavra durante suas férias na Serra. Em seu artigo, a jornalista disse que palavra poderia estar relacionada à saudação nazista “Heil Hitler” (salve Hitler, em português).

Já na nova nota, a Folha comentou que a “falta de uma rigorosa checagem de dados, conforme recomenda o Manual da Redação, levou ao erro cometido pelo jornal”. 

Também explicaram que por mais que o termo “Heil” tenha sido muito utilizado por Hitler e seguidores, é um sobrenome tradicional no estado, tendo inclusive políticos famosos, ruas e rodovias batizadas com ele.

Ao fim do texto, também informaram que a colunista que escreveu o texto foi alvo de protestos, críticas e ameaças.

Proprietários do imóvel são de Brusque

Os proprietários da casa citada na coluna são Valmor e Sandra Heil, moradores de Cedro Alto, em Brusque. Eles conversaram com a reportagem do jornal O Município nesta semana e comentaram que pretendiam entrar na Justiça por conta da situação.

“Ninguém conversou com a gente”, lamenta Valmor, sobre a publicação do jornal paulista. Segundo o brusquense, as casas são utilizadas apenas na temporada de inverno, quando eles vão para Urubici para aproveitar o tempo frio. Algumas também são alugadas para amigos.

“Sempre gostamos da Serra e vamos lá desde a década de 1980. Fizemos muitos amigos na cidade e pagávamos hotel quando visitávamos. Então decidimos comprar um terreno. A primeira casa no terreno foi construída há 13 anos”, conta.

Repercussão

Valmor conta que seu bisavô veio da Alemanha para Brusque e, desde então, a família se estabeleceu e nunca mais deixou a cidade.

Por conta da repercussão negativa da reportagem para a cidade, Valmor conta que a prefeita de Urubici, Mariza Costa, entrou em contato e que pretende fazer uma representação judicial contra a jornalista e a Folha de São Paulo.

Além disso, ele e a família também vão entrar com um processo por causa da coluna publicada pela Folha.

Eleições

No texto, a colunista da Folha de São Paulo estabeleceu uma conexão entre o resultado eleitoral das eleições de 2022 e a suposta saudação. Essa alegação da jornalista foi contestada pela Câmara de Vereadores de Urubici, que emitiu uma nota de repúdio.

No comunicado, a Câmara expressa sua insatisfação com a construção textual pouco cuidadosa da jornalista, que insinuou que 69% da população catarinense possui afinidades com ideologias fascistas ao relacionar o resultado das eleições anteriores com a inscrição “Heil”.

De acordo com a Câmara de Vereadores, a palavra “Heil” encontrada nos telhados das residências refere-se ao sobrenome das famílias que possuem origem alemã. Na nota divulgada, é explicado que a inscrição “Heil” no telhado representa o sobrenome dos proprietários dos imóveis e não possui qualquer relação com saudações nazistas, conforme sugerido pela jornalista.

A nota também ressalta que o município está vigilante em relação a possíveis práticas relacionadas ao nazismo. É enfatizado que expressões e comportamentos dessa natureza não serão tolerados sob nenhuma circunstância.

Alesc

O texto publicado pela Folha de São Paulo também repercutiu na sessão de terça-feira, 23, da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.

Sargento Lima (PL), de Joinville, criticou matéria publicada pela Folha.

“A senhora estava no estado mais seguro do país, por isso a senhora escolheu visitar o nosso estado, fazendo um desfavor ao povo ordeiro e pacífico de Santa Catarina”, declarou Lima, acrescentando que membros da Bancada do Partido Liberal acionaram o Ministério Público (MP-SC) para apurar a responsabilidade do jornal e da articulista que assinou a matéria.

Gerri Consoli (PSD) e Maurício Peixer (PL), também de Joinville, apoiaram Lima.

“Em palestra que fiz fora do estado fui indagado da cultura do nazismo em Santa Catarina”, registrou Consoli, que negou enfaticamente a existência dessa cultura, apesar de, em seguida, lembrar do caso de uma piscina com o desenho da suástica no fundo e que foi alvo de ação do MP-SC.

“Foi em Urubici, uma cidade ordeira, turística, uma cidade maravilhosa, e daí vem uma pessoa desqualificada, utilizando um diário nacional para falar tamanha besteira. Veio com olhos de urubu e cometeu essa injúria direta contra os catarinenses e contra a família Heil. Ela que não venha mais para cá, nós ficaremos muito felizes com essa atitude dela”, registrou Peixer.


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Palácio Episcopal foi construído para primeiro bispo de Joinville, inspirado no estilo barroco:

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