A atração Estímulo Mostra de Dança, no Teatro Juarez Machado, durante o Festival de Dança de Joinville, reuniu os trabalhos de grupos que se destacaram nas últimas cinco edições do Festival de Dança. Neste ano, os grupos Kulture Kaos, de Joinville, e Tangará Cia da Dança, de São Paulo, se apresentaram.
O Tangará Cia de Dança se apresentou nesta segunda-feira, 25. O grupo foi criado em 2009, em São Paulo, como uma escola de dança. Em 2016, trabalhos artísticos foram iniciados e no ano seguinte o grupo começou a participar do Festival de Dança de Joinville.
“Já no primeiro ano nos consagramos campeões das Danças Populares Sênior duo. Desde então começamos a participar a cada ano”, relata. Durante a pandemia, a companhia ficou afastada dos palcos joinvilenses, voltando em 2022.
O trabalho chamado “Severina” foi apresentado na Estímulo, sendo um trabalho ativo desde 2021, com reformulações para o Festival de Dança.
Na última quarta-feira, 20, o Kulture Kaos se apresentou. É um grupo que nasceu em 2016, em Joinville, com o intuito de fomentar o desenvolvimento de talentos nas danças urbanas.
A primeira participação do grupo no Festival de Dança de Joinville aconteceu em 2017, ano em que o grupo conquistou o primeiro lugar na categoria Danças Urbanas Conjunto Sênior.
“Marcamos presença na Mostra Competitiva desde 2017. Sem ficar um ano fora do pódio.=”, relata o diretor do grupo, Bruno Soares. O grupo também fez parte da seleção brasileira de Hip Hop, representando o Brasil nos Estados Unidos.
Espetáculo Severina
O espetáculo Severina é inspirado na obra literária Morte e Vida Severina, do escritor João Cabral de Melo Neto, e retrata o grande período das secas que aconteceram no Nordeste do Brasil e a migração de nordestinos para outras regiões do país.
Segundo o diretor, coreógrafo, bailarino e professor da Tangará Cia de Dança, Guilherme Rienzo, o espetáculo retrata dificuldades atuais, mesmo inspirado em uma obra de 1955. “Mostra um lavrador que migra na esperança de condições melhores e de redescobrir o brilho da vida”, conta.
Na peça, a protagonista migra através do rio Capibaribe, que sai do interior de Pernambuco até o litoral, em Recife. “Dentro dessa temática iremos tratar da fome, miséria, mas também da esperança de dias melhores. Pois, o protagonista nunca perde a fé”, explica.
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Severina também quer quebrar os paradigmas e os preconceitos em relação a cultura nordestina. Exaltando a riqueza cultural encontrada nos estados compostos pela região.
O espetáculo também é o início de um coletivo artístico, formado pelo Palíndromo Coletivo Artístico. Traz na organização Guilherme como diretor, a bailarina Isabella Bianco como coreógrafa, Luisa Bark como produtora e Diego Dac como diretor artístico.
O elenco é composto por nove bailarinos. O elenco treina duas vezes na semana, com uma carga horária de dez horas semanais. Algumas datas de apresentações também fortaleceram o grupo que conseguiu completar a obra e interpretá-la com perfeição.
O espetáculo potencializa o corpo como parte da cenografia, trazendo o uso de máscaras para retratar as diferentes passagens do enredo a ser tratado. “O nome Severina é oriundo de severo, rígido. Então trouxemos isso na preparação dos bailarinos, com movimentos inspirados na vegetação, no solo e na composição das máscaras e da luz”, explica Guilherme.
O espetáculo gera essa reflexão sobre a vida e a morte, além da reflexão sobre esperança. A expectativa de Guilherme é de um bom evento e um bom festival. “Sempre nos sentimos muito bem recebidos na cidade. Esse ano não está sendo diferente, dá para sentir a cidade respirando dança. É uma grande vitória estar aqui”, completa.
A Origem do Sílfos
O espetáculo é composto por 23 bailarinos a partir dos 13 anos. Para o diretor, coreógrafo, sonoplasta e proprietário da Kulture Kaos, Bruno Soares, o grupo sempre trabalha o espetáculo por meio de um tema.
“Escolhemos Silfos por ele ser um ser elementar do ar. E proporciona criatividade aos dançarinos, poetas e cantores para eles fazerem o seu trabalho a construírem o seu legado”, explica Bruno.
E como todos são artistas, o espetáculo foi pensado para ser apresentado por meio de dança, canto e teatro. “Junto com a história de Silfos colocando fragmentos de cada história dos dançarinos e aplicou um pouco de cada bailarino”, relata.
A peça mostra a dificuldade da vida de um dançarino e seus altos e baixos. Trabalharam no espetáculo, além de Bruno, o diretor do espetáculo, coreógrafo e roteirista Gus Justin, a preparadora cênica e roteiristas Tamis Ka e a coreógrafa Ira Dorsey, e levou quatro meses para ele ser finalizado.
Os ensaios são de 12 horas por fim de semana e neste ano o desafio foi ainda maior, pois o grupo precisou se empenhar em realizar um espetáculo completo em 50 minutos. “Estar no Festival é estar em casa, onde a gente se sente bem dançando porque querendo ou não várias pessoas que conhecemos nos assistem”, relata Bruno.
O grupo se apresentou na última quarta-feira. O público, segundo o diretor, teve uma aceitação maravilhosa. “O espetáculo é uma montanha russa de sentimentos, então foi muito legal ver o público sentir e mostrar que sentiram isso”, explica.
O espetáculo A Origem do Sílfos será apresentado novamente no dia 13 de agosto, em Joinville. Os ingressos estão sendo vendidos pela Sympla.