Frota de veículos em Joinville cresce 63% em 11 anos; veja dados
Cidade tem 449.929 veículos em circulação segundo o Detran
Cidade tem 449.929 veículos em circulação segundo o Detran
A frota de veículos em Santa Catarina quase aumentou 63% em um período de 11 anos. Atualmente, a cidade tem 461.241 veículos em circulação, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatram).
Em dezembro de 2010, Joinville possuía um total de 281.733 de veículos, sendo as maiores quantidades de carros (182.402) e motocicletas (45.946).
A comparação aponta um crescimento de 63% em pouco mais de 11 anos. São 179.508 veículos a mais. Em média, foram mais de 16,3 mil novos veículos por ano.
A reportagem do jornal O Município Joinville buscou dados do aumento da frota com o Detran-SC, mas de acordo com a assessoria de imprensa, não há um levantamento destas informações atualmente.
Os números utilizados pela reportagem com relação ao aumento da frota correspondem aos disponibilizados na base de dados da Senatram, do governo federal.
Conforme os dados, o ano com maior crescimento de veículos foi 2011, quando houve uma crescente de 21,8 mil em relação ao ano anterior.
Já o menor crescimento aconteceu entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016, com 9.930 veículos a mais na cidade.
Já neste ano, em nove meses, o número de veículos cresceu 1,6% em relação a dezembro de 2021. A cidade foi de 453.680 para 461.241 veículos.
Em relação aos carros, o maior aumento aconteceu também de 2010 para 2011, com uma crescente de 13.908. O menor foi de 2020 para 2021, com 6.265. Já a quantidade de motos também teve o maior crescimento entre 2010 e 2011, com um aumento de 2.607. Já o menor crescimento aconteceu de 2015 para 2016, com apenas 1.248 veículos a mais.
Neste ano, o crescimento de carros e motos, de janeiro a setembro, são de 2.554 e 1.182, respectivamente, em relação a dezembro de 2021.
Durante a coleta dos dados, a reportagem do jornal O Município Joinville encontrou uma divergência no número de veículos registrados em Joinville. Em pesquisa ao banco de dados do Detran-SC, o órgão informa que a cidade possui 449.929 veículos. Já na Senatram, o número apresentado até setembro é de 461.241. Se confrontadas as quantidades, há uma diferença de 10.315 veículos.
O setor de estatística do Detran-SC diz que atualiza os dados diariamente, inclusive dando baixa em veículos e acrescentando novos emplacamentos, mas não soube explicar o motivo da diferença. Além disso, informa que não possui acesso a dados de anos anteriores.
Também questionada, a Senatram afirma que a base nacional de dados é elaborada a partir de informações enviadas pelos órgãos locais de trânsito. “Desta forma, pode haver atraso na comunicação à Senatran, o que pode explicar a diferença nos números. Ressaltamos que são colocados esforços para manter a base sempre atualizada”, explica o órgão.
Com base nos dados disponibilizados no painel de estatísticas do Detran-SC, os automóveis lideram a frota, com 282.039 veículos. As motocicletas aparecem em segundo, com 60.927. Em sequência estão caminhonete (22.123), a camioneta (25.707) e a motoneta (14.993).
Dos 22 tipos de veículos em circulação em todo território catarinense, Joinville possui a maior porcentagem em sete: automóveis (8,91%), caminhão (5,22%), caminhonete (5,0%), micro-ônibus (7,14%), motocicleta (6,84%), reboque (9,28%) e trator de rodas (12,17%). Além disso, aparece entre os cinco primeiros em 17 deles, conforme dados coletados no Detran-SC até o dia 20 de outubro.
Os veículos utilitários ou mistos, ou seja, que podem transportar pessoas ou cargas, também tiveram um grande aumento no número de utilização nos últimos anos. Segundo dados do Senatran, em dezembro de 2010, eram 1.336 veículos deste tipo em Joinville. Atualmente são 7.795 no município. Um crescimento de 483% em quase 12 anos.
Já a idade da frota, ou seja, o ano que possui mais veículos em circulação, é o de 2011, com uma porcentagem de 5,55% do número total de veículos na cidade. Em sequência aparece o ano de 2013 (5,53%), 2012 (5,12%), 2010 (5,11%) e 2014 (4,85%).
Segundo a Professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), arquiteta, urbanista e especialista em infraestrutura de mobilidade urbana, Renata Cavion, todos os dados sobre o aumento de veículos têm implicações diretas sobre a qualidade do trânsito de Joinville.
“Um crescimento desproporcional se considerarmos o crescimento populacional estimado em 17% no mesmo período. Ao mesmo tempo, se confrontarmos o aumento da frota desses tipos de veículos com a redução de usuários de transporte coletivo, é possível supor uma tendência de migração de uso de ônibus para o uso de veículos individuais”, analisa.
Na mesma linha de pensamento, o secretário de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville, Marcel Virmond Vieira, diz que um dos motivos para que essa migração acontecesse foi a chegada da pandemia da Covid-19. “Pelo medo da contaminação e pelas restrições que houve durante o período mais perigoso da pandemia, houve uma migração pros modos individuais. Automóvel, mesmo que seja o Uber ou motocicleta, e isso naturalmente sobrecarrega o sistema viário”, complementa.
“Em primeira análise, a principal consequência é o aumento dos congestionamentos em diferentes pontos da cidade em razão do grande número de veículos que precisam compartilhar de uma mesma infraestrutura”, pontua Renata.
Para ela, em termos de planejamento urbano, o ideal é que a gestão pública consiga fornecer condições de escolha modal, ou seja, investir em diferentes infraestruturas que permitam distribuir os deslocamentos em diversos modos de transporte.
De acordo com o secretário, existe um trabalho contínuo de otimização em relação ao trânsito de Joinville, onde são realizadas mudanças pontuais que são feitas gradualmente. Além disso, explica que existem os grandes projetos de melhoria, como a ponte que ligará as ruas Aubé e Doutor Plácido Olímpio de Oliveira, entre os bairros Bucarein e Boa Vista, e a ponte Joinville, que ligará o bairro Adhemar Garcia com o sistema viário do bairro Boa Vista.
Segundo o secretário, a ponte Joinville deve retirar um volume muito grande de veículos que atualmente se deslocam até a região central para fazer a passagem entre a zona sul e a a zona leste da cidade, o que ajudará na fluidez do trânsito. “Também existem projetos de duplicação de vias importantes, como a Marquês de Olinda, Santos Dumont, Dona Francisca, Ottokar Doerffel, que nós já estamos fazendo os projetos executivos”, revela.
Para melhorar ainda mais a questão da mobilidade urbana do município, Renata frisa que os usos ativos para curtas distâncias, como caminhadas e bicicletas, devem ser estimulados. E ressalta que para distâncias maiores, a qualidade e segurança do transporte coletivo devem ser aprimoradas. “Significa dizer que o investimento em infraestrutura para diferentes modos de transporte é fundamental para atrair usuários e diminuir a sobrecarga de veículos individuais nas vias urbanas”, explica.
Para esta demanda, Marcel conta uma revisão do sistema de transporte coletivo está em andamento. A partir do diagnóstico a cidade vai propor um incremento da utilização do transporte coletivo. Já nas questões de mobilidade ativa, como os pedestres e o uso da bicicleta – que representam 13% e 14% dos deslocamentos realizados na cidade – há um estudo para a implementação de um programa de requalificação de calçadas.
“Então a qualificação continuada da rede de ciclofaixas e ciclovias também vem auxiliar a mobilidade. A gente vê isso como muito importante porque nos bairros as pessoas fazem mais da metade dos deslocamentos a pé ou de bicicleta e justamente são as pessoas mais vulneráveis, como crianças, idosos e mulheres, que são as que mais se deslocam nos modos não motorizados.”
Iniciado em abril de 2014, o Plano de Mobilidade de Joinville foi desenvolvido pelo poder público municipal, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Embarq Brasil, empresa que presta cooperação técnica para implantação dos projetos do PAC da Mobilidade.
O plano atende às diretrizes estabelecidas pelo Ministério das Cidades pela lei Federal 12.587/12, que trata da Política Nacional de Mobilidade.
“Neste plano deve contemplar o conjunto de diretrizes que vão nortear as ações e projetos de infraestrutura que o município irá executar ao longo do tempo para garantir a qualidade dos deslocamentos urbanos e interurbanos”, esclarece Renata.
O secretário de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville conta que, além dos dados obtidos com os órgãos oficiais de trânsito, é realizado um monitoramento por contagem de tráfego em vários pontos da cidade.
“Também recebemos informações em tempo real de aplicativos do segmento. Para melhorar a mobilidade a partir desses estudos, são feitas simulações para planejar as mudanças de tráfego e outras ações – como criação de novas vias e alargamento de ruas. Hoje, Joinville tem um grande pacote de obras de mobilidade – em andamento e previstas – que vão facilitar tanto o transporte coletivo quanto o individual”, finaliza.