GALERIA – Conheça ilustradora e artista joinvilense que trabalhou para o Oscar

Artista recebeu o prêmio da ADC Awards, uma dais maiores premiações de arte do mundo

GALERIA – Conheça ilustradora e artista joinvilense que trabalhou para o Oscar

Artista recebeu o prêmio da ADC Awards, uma dais maiores premiações de arte do mundo

Yasmim Eble

A joinvilense Camila Rosa, de 33 anos, sempre foi apaixonada pela arte. No entanto, foi na ilustração que encontrou uma forma de unir o hobby com a profissão. União essa que resultou no seu sucesso e diversas parcerias com marcas de renome, como a Nike, o Spotify e até mesmo o Oscar, a maior premiação de cinema do mundo.

Camila se formou em Design pela Univille e trabalhou como desenhista industrial e estagiária de design. Por último em uma indústria de troféus como design de produto. Em 2010, a joinvilense ingressou em um coletivo de Street Arte feminino na cidade. E foi ali que teve o primeiro contato com ilustração. 

Camila Rosa/Arquivo Pessoal
Camila Rosa/Arquivo Pessoal

Após algumas experiências com o coletivo, Camila começou a preparar o portfólio e, em 2012, se mudou para São Paulo. “O começo foi bem difícil, mas consegui um estágio em um estúdio pequeno de ilustração e aquilo me deu base para realmente começar a desenhar mais”, explica a joinvilense. 

Camila trabalhou como designer e também como ilustradora nas horas vagas. Ela vendia os produtos em feiras de arte, pela internet e até mesmo lançou duas coleções de camisetas. “Eu continuava trabalhando como designer, pois era assim que conseguia me manter financeiramente. Eu apostei que eu queria e conseguia me manter com a ilustração e acabou acontecendo”, relata. 

Camila Rosa/Arquivo Pessoal

Em 2016, a joinvilense teve a oportunidade de morar fora do país e se mudou para Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde ficou por um ano. “Foi ali que tive tempo para desenvolver o meu estilo como ilustradora e também o tempo de conseguir clientes, que é muito importante para quem está começando, se apresentar para o mundo”, conta. 

Desde então, Camila é ilustradora freelancer. Segundo ela, sempre há oportunidades para mostrar seu trabalho e criar inspirada em diversos assuntos. “É ótimo conseguir visualizar a ilustração como uma profissão, pois antes eu desenhava na escola, nada sério. Foi a partir do coletivo que eu me apaixonei pela ilustração”, completa.

Inspirações e processo criativo

Camila conta as inspirações vêm de todos os lugares. Pode ser por uma música, filme ou até mesmo alguma emoção e situação da vida pessoal dela. “Também me inspiro por vários outros artistas que eu sigo e admiro. E a arte me inspira no geral, é um pouco de cada coisa”.

O processo de criação funciona de duas maneiras. Normalmente, é realizada uma reunião antes e a partir disso uma pesquisa sobre o projeto e o tema que Camila irá ilustrar. Depois, faz um rascunho que é apresentado para o cliente. “Ele faz a escola, às vezes pede alguns ajustes ou não, depende da situação. E assim vamos para a parte final, que é a escolha de cores e vetorização”, explica. 

Camila Rosa/Arquivo Pessoal

A vetorização é quando Camila transforma o rascunho à mão ou de forma digital. Assim o desenho digital funciona para ser impresso sem perder a qualidade. Camila utiliza um iPad para fazer os desenhos digitais. “Para mim, a parte de cores é muito importante, eu gosto de explorar às vezes cores diferentes e enviar para o cliente algumas opções”, conta. 

O estilo de Camila tem fortes traços, além das cores, como nas mulheres. Ela desenha o olhar mais forte, a boca e o rosto maiores, simbolizando a mulher latino-americana. A joinvilense acredita que quanto menos elementos, mais ela consegue passar a mensagem que quer transmitir com o desenho.

Camila Rosa/Arquivo Pessoal

O artifício do texto é utilizado, mas para ela o mais importante é como a arte tocará a pessoa. A pesquisa também é essencial. “Em julho, fiz um projeto para a Itália sobre ecologia radical. Então tive que pesquisar muito antes de começar a desenhar. O que eu queria falar? O que era importante? Como retratar essas mulheres?”, relata Camila. 

Além do processo criativo, algo para continuar explorando o lado artístico é desenhar apenas por diversão. Camila relata que isso é importante e que os desenhos podem ser relacionados a filmes, músicas, alguma conversa ou qualquer outra questão.

Parceria com o Oscar

Em 2022, Camila recebeu o convite do Oscar, a maior premiação cinematográfica do mundo, para ilustrar o gênero Drama no dia mundial do filme. A ilustração foi divulgada nas redes sociais da The Academy. 

“Receber um e-mail deles chamando para algum projeto é o suficiente para eu ficar extremamente feliz. É uma honra, é uma confirmação de como cheguei longe com o meu trabalho”, relembra a joinvilense. 

Para ela, receber esse tipo de proposta assusta, mas, ao mesmo tempo a deixa muito feliz. Como o trabalho tem um fundo político, muitas marcas a procuram por conta disso, principalmente porque ela apenas ilustra mulheres e por ser uma mulher latina. 

“É muito importante ter voz e ver as marcas olhando para isso é importante. É claro que há sempre críticas, mas eu sempre analiso a marca que estou me envolvendo”, conta. Camila fica extremamente contente por marcas a procurarem e terem coragem de colocar um trabalho político à frente de seus projetos. 

Para ela, isso pode abrir portas para mais ilustradores e é importante que as barreiras continuem sendo quebradas. “É tão incrível ter a lembrança de como o meu trabalho pode ser transformador”, completa.

Premiações e realização

Além das diversas parcerias e trabalhos, Camila já foi premiada por conta de sua arte. Ela foi premiada em 2022 pelo The Art Director Club, ou ADC Awards, sendo essa uma das primeiras premiações a escolher os melhores diretores de arte do mundo. 

A premiação aconteceu em Nova Iorque e neste ano Camila se inscreveu pela segunda vez no prêmio. Em 2019, a ilustradora já havia ganhado mérito com um projeto de pintura e em 2022 ela ganhou um prata.

“Foi muito importante para mim, receber essa premiação com um projeto ilustrado por mim. O ADC não é um prêmio fácil e isso mostra a relevância do meu trabalho”, relembra. Para Camila, por mais clichê que seja, ela continuará escrevendo projetos enquanto puder, pois para ela é importante ocupar esses espaços ainda mais como uma mulher latino-americana.

Quero começar na ilustração, o que fazer?

Na entrevista para a reportagem do jornal O Município Joinville, Camila deu dicas de como começar a trabalhar com ilustração. Para ela, ter boas referências é essencial, pode ser um amigo, um professor ou um ilustrador que a pessoa acompanha pela internet. 

“É essencial para você entender como funciona o mercado e não ter vergonha de que as pessoas vejam seu trabalho. Hoje o mercado é gigantesco, tem muita oportunidade e você só precisa ser visto”, explica. 

Camila Rosa/Arquivo Pessoal

Montar um portfólio por meio do Instagram ou em algum site também é importante. Camila relata que é difícil começar, mas o importante é continuar e tentar. Mesmo que para isso, a primeiro momento, a pessoa não viva da ilustração em si, pois tudo é um processo. “Não tenha vergonha, ganhe seu espaço na área e se apresenta para o mundo”, completa. 

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