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Grupos de Facebook ajudam a resgatar a história de Joinville pelas fotos

Fátima Hofmann mantém grupo e página de Facebook para resgatar a história e legado do bisavô fotógrafo Fritz Hofmann

Sabrina Quariniri/O Município Joinville

Mais que um papel antigo e amarelado, as fotografias de outra época podem resgatar histórias, ressignificar períodos de tempo e conservar memórias. Para Fatima Borges Hofmann, 65 anos, os retratos têm um significado ainda maior: manter vivo o legado de seu bisavô, Fritz Hofmann.

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Hofmann nasceu na Alemanha em 1872 e chegou à Joinville em 1908. Ele foi um fotógrafo renomado do município que registrou através de suas lentes a Joinville do século 19.

Fátima conta que começou a garimpar fotos antigas pela curiosidade de conhecer todo o acervo do bisavô, mas, com o tempo, isso deixou de ser suficiente.

“Comecei com umas 15 fotos que pertenciam ao meu pai. Meu objetivo inicial seria apenas montar um álbum, mas isso não me satisfez e eu continuei”, lembra.

Em 2014, ela começou a fazer parte de grupos de Facebook que têm como objetivo publicar fotos antigas. Em seguida, passou a fazer parte do grupo Joinville de Ontem e, atualmente, também cultiva a página Fritz Hofmann.

“Parto do princípio de que não adianta garimpar uma foto, e deixar guardada. Neste momento acredito que cada garimpagem está valendo a pena e o trabalho do meu bisavô está sendo divulgado e reconhecido”, afirma a dona de casa.

Escolha das fotos

Para publicar no grupo, explica Fatima, são poucos os critérios: as fotos precisam retratar a história, dizer algo sobre o tempo e seus antepassados. “Acredito que toda foto que fale algo do passado merece ser postada”, reafirma.

No início do grupo, Fatima diz que precisou de muito trabalho e persistência. Ela começou pedindo fotos para familiares e amigos para que pudesse fotografar ou escanear os retratos para manter as publicações atualizadas.

“O tempo passou eu continuo da mesma maneira, peço para as pessoas me mostrarem seus acervos, contarem o que sabem, e com confiança eu trago para casa, escaneio e  devolvo”, relata.

Valmir José Santhiago, 61, faz postagens recorrentes no Joinville de Ontem e, no início, utilizou um esquema diferenciado para a garimpagem do material.

“Eu procurava no Arquivo Histórico de Joinville. Era um frequentador assíduo do local à procura de documentos históricos, assim como fui no passado um frequentador da Biblioteca Pública. Com o tempo, os membros foram adicionando suas fotos antigas das quais nem se encontram no arquivo”, diz.

A Joinville de ontem

Saber como foi a “Joinville de ontem” sempre foi uma das indagações de Santhiago. “Eu perguntava para mim mesmo como era andar pelas ruas de Joinville ainda com os lampiões à querosene”, comenta.

“Visualizava  o passado em minha mente, o dia a dia dos pioneiros, a labuta incansável dos valorosos homens e mulheres que nos deixaram o legado dessa bela cidade”, completa.

Após a criação no Facebook, viu o grupo passar de mil membros para cerca de 60 mil, em seis anos. Aberto para a postagem de todos, uma das regras inquebráveis do grupo é prezar pela autoria do arquivo.

“Tive o privilégio de receber arquivos importantes o  qual estavam há tanto tempo guardados, que acabaram no esquecimento por falta de conhecimento e não foi mencionado no livros das indústrias que abriram e fecharam em nossa Joinville”, define.

Importância das memórias

Para Maria Cristina Dias, jornalista e mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade, os grupos de Facebook como  “Joinville de Ontem”, “Antigamente em Joinville”, “Relembrando Joinville”, “Joinville e suas histórias” e outros despertam o interesse porque trazem à tona aspectos do dia a dia das pessoas que viveram na cidade.

“Os participantes têm em comum o gosto pelas histórias da cidade e de sua gente, a vontade de saber mais sobre os lugares, além de uma certa nostalgia”, afirma.

Este compartilhamento de lembranças é importante, conforme Maria Cristina, especialmente em cidades como Joinville — que tiveram um crescimento populacional acelerado durante décadas com a chegada de muitos migrantes de outras regiões —, porque trouxeram suas próprias culturas e as mesclaram com as já existentes aqui.

“Além de despertar o gosto pela história local, ele pode contribuir para que as pessoas se identifiquem com o lugar onde vivem, criando uma sensação de pertencimento”, conclui.


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