Hospital em Joinville é pioneiro em técnica que remove câncer do esôfago em estágio inicial
A cirurgia foi feita em paciente com histórico de ingestão de soda cáustica
O Centro de Saúde Erasto Gaertner, em Joinville, é pioneiro em realizar uma técnica cirúrgica para remover tecidos cancerosos do esôfago em estágio inicial. O método eliminou as células de procedência maligna e possibilitou alta hospitalar do paciente no mesmo dia da operação.
O câncer atingia a primeira camada de células. Segundo o médico gastroenterologista Eduardo Bonin, a biópsia feita após a intervenção mostrou que houve reparação completa do tecido do esôfago.
O método
O método consiste na cauterização do tecido atingido, considerado anormal. Tal processo, que facilita a retirada do material, queima a região onde há incidência da displasia (alteração das células) de alto grau e remove o tecido em condição delicada, para que na cicatrização desenvolva-se um tecido normal.
O caso
O paciente atendido tem cerca de 40 anos e apresentou histórico de ingestão de soda cáustica na infância. Esse episódio lhe deixou importantes sequelas, provocando uma grande lesão na região e um quadro de esofagite cáustica. Com o passar dos anos, várias cicatrizes formaram-se, sendo estas compostas por tecidos produzidos pelo próprio organismo para reparar o dano. No entanto, esses tecidos não apresentavam as mesmas características do tecido normal do esôfago.
O médico atesta as vantagens da nova técnica. “Há cerca de oito anos, atendi um caso semelhante. O procedimento adotado na época foi a mucosectomia, que extrai a lesão por meio de corte. Houve uma perfuração do esôfago, com necessidade de uso de sonda de alimentação. O paciente ficou internado por 14 dias. No caso deste paciente operado recentemente, o procedimento durou cerca de 30 minutos. A alta hospitalar ocorreu em poucas horas”, diz Bonin.
Ele explica que a nova alternativa deve ser adotada em casos específicos, após minuciosa análise do quadro.
Sintomas
Especialista em endoscopia digestiva, o médico gastroenterologista Paulo Marcelo Nascimento da Silva Mafra, que acompanha o paciente, informou que o câncer havia sido descoberto em uma consulta recente.
“O paciente queixou-se da dificuldade de engolir. Uma das abordagens iniciais seria a ressecção endoscópica, mas essa técnica não se mostrou viável. Por causa dessa lesão anterior com a soda cáustica, as cicatrizes que se formaram tornaram difícil a mobilização da área. O tecido era muito aderente à parede do esôfago. Além disso, a ressecção representaria um risco muito grande por causa desse tecido fibroso de perfuração do esôfago”, destacou.
Mafra ressalta que o pós-operatório demanda dieta leve e líquida e ministração de medicamentos que auxiliam no processo de cicatrização.
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