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Humilde e inclusivo: relembre a trajetória de Francisco, o primeiro Papa das Américas

Papa Francisco morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos

O Papa Francisco, primeiro sul-americano a ocupar o cargo, morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos, conforme divulgado pelo Vaticano. A autoridade máxima da Igreja Católica sofria com um problema no pulmão e chegou a ficar 38 dias internado entre fevereiro e abril após um quadro de bronquite.

O primeiro Papa das Américas

Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936. Escolheu seu nome papal em homenagem a São Francisco de Assis, símbolo de simplicidade e dedicação aos pobres.

Bergoglio foi nomeado cardeal no Consistório Ordinário Público de 21 de fevereiro de 2001, presidido pelo Papa João Paulo II, recebendo o título de cardeal-presbítero de São Roberto Belarmino. Na ocasião, pediu aos fiéis argentinos que, em vez de viajarem a Roma para celebrar sua nomeação, doassem o dinheiro da viagem aos pobres.

Ao longo de sua trajetória, tornou-se o primeiro Papa jesuíta, o primeiro das Américas, o primeiro do Hemisfério Sul e o primeiro nascido e criado fora da Europa desde Gregório III, no século VIII.

Jorge Mario Bergoglio

Filho de imigrantes italianos, era o mais velho de cinco irmãos: dois homens e três mulheres.

Ainda jovem, chegou a formar-se técnico em química, mas, pouco depois, escolheu o caminho do sacerdócio. Licenciou-se em filosofia, foi professor de literatura e psicologia e, posteriormente, licenciou-se também em teologia.

Foi ordenado sacerdote em dezembro de 1969, prestes a completar 33 anos. Já como padre jesuíta, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires e, posteriormente, em 2001, como cardeal, pelo então papa João Paulo II.

Como arcebispo de Buenos Aires, diocese com mais de 3 milhões de pessoas, elaborou um projeto missionário centrado na comunhão e na evangelização e com foco na assistência aos pobres e aos enfermos.

Eleição do Papa Francisco

O cardeal Bergoglio foi eleito Papa em 13 de março de 2013, no segundo dia do conclave. Ao ser questionado na Capela Sistina se aceitava a escolha, respondeu: “Sou um grande pecador, mas confiando na misericórdia e paciência de Deus, aceito.” O anúncio Habemus Papam foi feito pelo cardeal Jean-Louis Tauran.

Ao ser apresentado ao público, apareceu na sacada central da Basílica de São Pedro por volta das 20h30 (horário de Roma). Vestindo apenas a batina branca, saudou a multidão com um discurso e acompanhou a execução da Marcha Pontifical.

No dia 23 de março de 2013, Francisco encontrou-se com seu antecessor, Bento XVI, no Palácio Pontifício de Castel Gandolfo. Foi a primeira vez em pelo menos 600 anos que dois papas se reuniram.

Marcas do pontificado

O Papa Francisco era reconhecido por seu compromisso com os pobres, sua humildade e sua defesa do diálogo inter-religioso.

Entre suas preocupações estavam:

  • Justiça social: defendia os direitos dos mais pobres e a necessidade de uma economia mais solidária;
  • Diálogo inter-religioso: incentivava o respeito e a cooperação entre diferentes religiões;
  • Vocação e missão: encorajava pesquisas e debates sobre os diferentes chamados na vida cristã;
  • Consumo responsável: alertava para a importância de escolhas éticas ao consumir produtos, especialmente aqueles ligados a exploração infantil.

Liderança transformadora

Desde sua eleição, Francisco adotou um estilo de vida mais simples, optando por residir na Casa Santa Marta em vez dos aposentos papais tradicionais. Ele sustentava que a Igreja deveria ser mais aberta e acolhedora.

No cenário internacional, ajudou a restaurar as relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba e defendeu os refugiados durante crises migratórias. Também foi um crítico do neo-nacionalismo e um defensor da ação contra as mudanças climáticas, tema central de sua encíclica Laudato si’.

No combate aos abusos sexuais na Igreja, implementou medidas para tornar obrigatórias as denúncias e responsabilizar líderes que as omitirem.

Com seu estilo acessível e reformas significativas, o Papa Francisco foi uma figura central do século XXI, desafiando tradições e promovendo uma Igreja mais próxima do povo.

Apelo por cessar-fogo

Ao longo de seu papado, Francisco lançou diversos apelos à comunidade internacional por cessar-fogo em conflitos na Europa e no Oriente Médio – incluindo a guerra entre Rússia e Ucrânia e, mais recentemente, os ataques do Hamas à Faixa de Gaza.

“Todas as nações têm o direito de existir em paz e em segurança e seus territórios não devem ser atacados ou invadidos. A soberania deve ser respeitada e garantida pelo diálogo e pela paz, não pelo ódio e pela guerra”, defendia Francisco.