“Ícone gastronômico”: relembre história da Churrascaria Familiar, antigo restaurante de Joinville
Estabelecimento era de propriedade da família Boehm
A Churrascaria Familiar fica guardada na memória de muitos moradores de Joinville que frequentavam o estabelecimento. Tudo iniciou na década de 1940, quando o comerciante Ernesto Boehm possuía uma venda na rua Duque de Caxias.
“Como era costume, na época havia no estabelecimento um balcão para servir bebida aos clientes e fornecedores que vinham de carroça entregar produtos”, relembra Sueli Boehm Tavares, filha do fundador e proprietário da Churrascaria Familiar.
Com o passar dos anos, o balcão que atendia os clientes ficou pequeno e Ernesto decidiu ampliar o espaço. Foi construído então um bar ao lado do comércio, que passou a ser frequentado por vizinhos e amigos no final da tarde. Assim, as pessoas que frequentavam o local sugeriram que fosse assada carne para servir como petisco.
Com isso, surgiu a ideia de montar um restaurante, em abril de 1948. Sueli conta que se tratava de uma construção rústica, com paredes feitas com troncos de palmito e coberta com palha. O espaço era chamado de Cabana Familiar.
A filha do proprietário relembra que o cardápio era churrasco de filé duplo e costela e frango grelhado, além de contar com acompanhamento de maionese caseira, farofa, salada de tomate, cebola, molho de cebola e pão.
“Na época, havia racionamento de energia elétrica e a geladeira era de madeira forrada com serragem, onde eram colocadas barras de gelo. Foi difícil. Para comprar o primeiro balcão frigorífico, Ernesto vendeu um terreno”, detalha.
Inicialmente, o espaço só atendia às quartas e nas noites de sábado. Posteriormente, começou a receber os clientes aos domingos. A família toda trabalhava na churrascaria. A mãe de Sueli, Maria, atuava como auxiliar na cozinha, e as irmãs Lucy e Gisela eram garçonetes. Havia também dois garçons e um assador.
O ano de 1951 foi muito positivo para a família Boehm. O movimento no estabelecimento foi grande no ano que marcou o centenário de Joinville. Sueli relembra que haviam poucos restaurantes na cidade e as pessoas que chegavam e saiam de Joinville em direção a Curitiba passavam pelo local.
“Lembro que chegaram pessoas de Curitiba que não encontraram lugar para almoçar antes de seguirem viagem. Meu pai se prontificou a atendê-los se pudessem esperar. Não havia mais carne em estoque e, enquanto as cozinheiras providenciaram uma sopa para entrada, ele matou e limpou frangos, que eram criados no local, e preparou para os clientes”, relata.
Com o passar dos anos, os clientes aumentaram cada vez mais e a Cabana Familiar passou por uma nova ampliação de espaço. Sendo assim, mudou de nome, e nasceu a Churrascaria Familiar. Sueli relembra que empresários industriais, gerentes de banco e políticos frequentavam o estabelecimento.
“Muitas comemorações foram realizadas ali, principalmente confraternizações de fim de ano e datas comemorativas como Dia dos Motoristas, Dia dos Suíços e várias outras. Foram 51 anos de Churrascaria Familiar e, após 20 anos, ainda continua na memória de muitos joinvilenses”, relembra a filha do proprietário.
Em 1971, Ernesto Boehm decidiu parar e passou a administração da churrascaria para a filha, Silvia, e para o marido dela. O estabelecimento seguiu em funcionamento diário, com almoço e jantar. Em 1999, as atividades foram encerradas.
Na memória dos clientes
Nas redes sociais, clientes antigos lembram com carinho da atuação da churrascaria. Cris Wille, moradora da cidade que frequentava o estabelecimento, destaca o cardápio da Churrascaria Familiar. “Com certeza, foi um dos ícones gastronômicos de Joinville. O galeto, o lombinho com o molho secreto do churrasqueiro e a maionese… nunca comi igual”, diz.
Os internautas que frequentaram o espaço também relembram de eventos marcantes em suas vidas. Valdívia Bonezzi conta que o jantar do próprio casamento aconteceu na Churrascaria Familiar, além de ter sido cliente até o encerramento das atividades, após muitos anos de história.
As lembranças da churrascaria também se encontram com a infância de Carlos Polvani, que residia na região e frequentava a churrascaria. “Eu era criança e morava na rua Aristides Largura. A minha casa ficava aos fundos da churrascaria. Minha família sempre comprava comida e churrasco lá, e frequentei algumas vezes quando criança”, conta.
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