Imigrante haitiano afirma que foi vítima de xenofobia em empresa de Joinville

Makendro Loute diz que preconceito partiu de seguranças

Imigrante haitiano afirma que foi vítima de xenofobia em empresa de Joinville

Makendro Loute diz que preconceito partiu de seguranças

Lucas Koehler

Makendro Loute, de 30 anos, nascido em Anse-à-Galets, no Haiti, se mudou para Joinville em 2019, em busca de emprego e melhores condições de vida. No dia 6 de outubro, porém, o imigrante afirma que foi vítima de xenofobia cometida por seguranças de uma empresa onde trabalha, localizada em Pirabeiraba.

Neste dia, de acordo com Makendro, por conta da chuva, ele estava usando uma touca enquanto saía da indústria durante a troca de turno. Como é proibido por normas internas, uma segurança teria mandando o haitiano retirar a peça, mas ele não teria ouvido.

Em seguida, foi avisado por um colega de trabalho e retirou a touca. Após, a segurança teria dito frases pejorativas referentes a sua nacionalidade como “esses haitianos aí…”, seguidas de expressões de deboche e menosprezo.

O rapaz afirma que foi vítima de preconceito. “Me senti humilhado. Muitos brasileiros acham que a gente vem para cá ‘roubar emprego”, desabafa.

Momentos depois do fato, ele diz que procurou a coordenadora da empresa para denunciar a situação, entretanto, como não tinha provas e testemunhas, teve como resposta a impossibilidade de avançar na investigação.

Makendro também registrou um boletim de ocorrência contra a segurança da empresa, que, segundo ele, nega ter dito as frases preconceituosas.

Apesar do receio de ser demitido da empresa, ele ressalta que é preciso denunciar a situação. “O emprego é muito importante para mim, mas Martin Luther King lutou para acabar com isso, foi preso e morreu por isso”, crava.

O jornal O Município Joinville procurou a empresa desde a última sexta-feira, 15, porém, até a publicação desta reportagem, não teve retorno.

“A cidade recebe muito mal essas pessoas”, diz psicólogo

Para Nasser Haidar Barbosa, psicólogo e integrante do Centro dos Direitos Humanos (CDH) Maria da Graça Bráz, em Joinville, o caso envolvendo Makendro expõe preconceito racial e contra imigrantes. “Temos pouca preocupação com os direitos de migrantes e imigrantes, a cidade recebe muito mal essas pessoas”, analisa.

Nasser avalia que não há ações e condições adequadas das empresas de Joinville voltadas para o tema. “Uma lacuna muito grande de debate público sobre o que é receber imigrantes e refugiados”, opina. Ele explica que a cidade não avança em projetos envolvendo, por exemplo, questões de idioma, culturais e acolhimento, que deveriam ser realizadas pelo município em parceria com as instituições.

O psicólogo sugere que os empregadores passem a enxergar os imigrantes como qualquer cidadão brasileiro, além de incentivar o desenvolvimento de lideranças deste público e o conhecimento sobre outros povos. “Temos muitos haitianos em Joinville, mas não sabemos nada sobre o Haiti. Entender como é a cultura e os costumes contribui para diminuir a xenofobia”, finaliza.


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