Impeachment: entenda como ocorrerá a votação no tribunal misto nesta sexta-feira
TJSC mandou fechar a rua de acesso à Alesc no dia de votação: apenas carros autorizados podem circular
TJSC mandou fechar a rua de acesso à Alesc no dia de votação: apenas carros autorizados podem circular
O Tribunal Especial de Julgamento do Impeachment, também chamado de tribunal misto, tem sessão marcada para esta sexta-feira, 23, para discussão e votação do relatório do deputado Kennedy Nunes (PSD). O colegiado vai analisar a denúncia contra o governador Carlos Moisés da Silva e contra a vice Daniela Reinehr – que cita a equiparação salarial dos procuradores – e pode definir o afastamento da dupla.
A sessão está marcada para às 9 horas, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O presidente do Tribunal, desembargador Ricardo Roesler, mandou fechar a rua de acesso à Alesc no dia de votação: apenas carros autorizados podem circular. Roesler abrirá os trabalho, e na sequência Nunes fará a leitura do relatório, sem anunciar o voto. O texto já foi entregue a todos os membros e publicado no Diário Oficial da Alesc.
Após a leitura, os advogados terão direito à palavra. Primeiro, está prevista sustentação oral do representante do denunciante – defensor público Ralf Zimmer Júnior -, por 15 minutos, e, em seguida, dos advogados dos denunciados – Moisés e Daniela -, por também 15 minutos cada.
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Concluídas as manifestações, Nunes anunciará o seu voto. O deputado indicará o prosseguimento, ou não, da denúncia. Neste momento os dez membros do Tribunal passarão à discussão e votação do voto do relator. Se os julgadores entenderem necessário, poderão pedir vista em caráter coletivo pelo prazo de cinco dias.
Para que a denúncia seja aceita, é necessário maioria simples – seis entre os dez membros – em favor da admissibilidade. Se a decisão for pelo não prosseguimento da acusação, o caso é arquivado. A ordem de votação segue o critério de alternância, ou seja, após o relator, um desembargador, depois um deputado, e assim por diante. Votam primeiro os que têm mais experiência no cargo. Roesler só votará em caso de empate.
Se a denúncia for aprovada, Moisés e Daniela serão intimados da decisão e ficarão automaticamente suspensos do exercício das funções até sentença final. Além disso, eles perdem um terço dos vencimentos neste período, mas, em caso de absolvição, os recursos são recuperados. A dupla fica sujeita à acusação criminal pelos fatos denunciados.
O Tribunal voltará a julgar o caso, desta vez no mérito, com um novo relator. Para cassação definitiva são necessários sete entre os dez votos. O prazo para julgamento final é de 180 dias. Se o prazo encerrar-se sem julgamento, os afastados voltam aos cargos de origem.
Após o afastamento dos dois, o Tribunal concederá 48 horas para o denunciante apresentar nova peça de acusação e rol de testemunhas, se assim desejar. Se não apresentar, a denúncia inicial servirá como peça acusatória.
Ao final dessas 48 horas, abrir-se-á igual período aos denunciados para oferecerem defesa e rol de testemunhas, se assim desejarem. O limite, para os dois lados, é de oito testemunhas para cada fato analisado.
A defesa de Moisés sinalizou que, na hipótese de aprovação, pode dispensar a indicação de testemunhas. Isso porque, como a discussão é pela legalidade dos atos praticados, é apenas uma discussão de Direito.
Nesta etapa, outro fator é importante: a velocidade dos atos. Caso a cassação ocorra ainda em 2020, a legislação prevê votação direta para governador. Se acontecer a partir de 2021, a eleição é indireta, entre os 40 parlamentares.
Pela legislação atual, Moisés pode permanecer residente na Casa d’Agronômica enquanto estiver suspenso do cargo. Assim como Daniela em sua residência oficial. Só sairão com cassação.
O deputado Jessé Lopes (PSL) protocolou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) no início de outubro para mudar o texto e alterar essa regra.
Na proposta de Jessé, o governante que estiver afastado deixa a residência oficial imediatamente e em vez de perder um terço dos vencimentos, perderá metade. A tramitação ainda está em fase inicial.