Imprevistos nos ares: relembre quedas de aviões e helicópteros em Joinville
Lista com cinco acidentes aéreos relembra histórias
Lista com cinco acidentes aéreos relembra histórias
Ao longo da história, vários acidentes aéreos foram registrados em Joinville. Entre imprevistos envolvendo aviões e helicópteros, alguns deles foram fatais. O mais chocante e recente acidente foi a queda de um helicóptero utilizado para resgatar um detento da penitenciária em Joinville.
Não foram somente aviões pequenos que caíram na cidade. Em duas ocasiões, aeronaves foram ao encontro do rio Cubatão. O Município Joinville preparou uma lista de cinco acidentes com aviões e helicópteros registrados na cidade ao longo dos anos.
Era 17 agosto de 1977. O avião Samurai, com 43 passageiros, ia de São Paulo a Joinville, com paradas em Curitiba e Navegantes. No entanto, não foi possível parar em nenhuma das duas escalas. Sendo assim, o avião seguiu para um pouso arriscado em Joinville. O acidente foi assunto na Folha de S.Paulo.
O toque além do ponto no aeroporto em Joinville fez com que o avião escorregasse no fim da pista. O Samurai saiu dos limites do aeroporto e “mergulhou” no rio Cubatão. Ninguém ficou ferido.
A cauda e a asa esquerda foram as únicas partes da aeronave que não tiveram contato com a margem rio. Restaram somente danos materiais, incluindo uma asa completamente danificada.
O que poucos sabem é que um avião exposto em um posto de combustíveis às margens da BR-101, em Porto Belo, no Litoral catarinense, tem relação com o acidente aéreo em Joinville. Quem contou a história foi o mecânico de aviões Lito Sousa, no canal Aviões e Músicas.
Segundo Lito, a relação do acidente com o “posto do avião” começa nos reparos do Samurai após a queda. Havia também outro Samurai que caiu em outra ocasião e não tinha mais condições de voo.
O outro avião foi então desmontado e cedeu a asa, que tinha boas condições, ao Samurai que caiu em Joinville e ficou com a asa danificada. Sendo assim, o Samurai de Joinville pôde voltar aos ares.
Sem uma asa, o destino do Samurai que doou uma parte da estrutura foi o abandono. O avião ficou parado por um período até ser vendido para uma sucata em Tubarão, no Sul de Santa Catarina.
Depois, o avião foi remontado com a asa direita sem condições de voo e virou uma pizzaria em Florianópolis. Posteriormente, ficou exposto às margens da BR-101 na capital do estado até passar para o posto de combustíveis em Porto Belo, em 1995.
Joinville registrou também ao longo da história outro acidente envolvendo queda de avião no rio. Aproximadamente 30 anos antes do acidente com o Samurai, um avião já havia caído no rio Cubatão.
A edição de 4 de agosto de 1949 do Correio da Manhã, antigo jornal do Rio de Janeiro, destacou o acidente no rio Cubatão. A reportagem de O Município Joinville teve acesso à edição que relata o acidente. O destaque foi dado na parte debaixo da página 5.
Haviam 15 pessoas no avião, sendo 11 passageiros e quatro tripulantes. Conforme o Correio da Manhã, a tripulação era formada por Albino Pinheiro Júnior, o comandante; Luiz Lanziotti, o co-piloto; Geraldo Costa, o rádio-operador; e Gilson Guilhermino, o comissário.
“Acidente de aviação em Santa Catarina”, foi como destacou o jornal na edição. A aeronave perdeu a pista do aeroporto e obrigou o piloto a realizar um pouso de emergência no rio. A operação foi um sucesso e ninguém se feriu.
“Sobrevoando o avião acidentado, verificou que tanto a tripulação quanto os passageiros estavam sentados sobre as asas com os polegares para cima, sinal característico entre o aviador de que tudo estava ok”, consta na edição.
Por fim, a pequena nota de cinco parágrafos que destaca o acidente menciona que o Correio da Manhã entrou em contato com a companhia Transportes Aéreos Ltda (TAL), dona do avião, que confirmou que não haviam feridos.
A nota aparece em meio a outros assuntos da editoria Aviação. Os maiores destaques são para informações do antigo Ministério da Aeronáutica e de um acidente aéreo no Rio Grande do Sul.
O acidente mais grave e recente envolvendo quedas de aeronaves em Joinville aconteceu em março de 2018. Um helicóptero foi alvo de ação de criminosos após decolar. A decolagem aconteceu em Penha, no Litoral catarinense, e o destino seria o resgate de um detento na Penitenciária Industrial de Joinville.
Conforme o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), a aeronave subiu e desceu por três vezes antes de cair, o que indica que houve discussão entre o piloto e os criminosos. Após resgatar o detento, o destino seria então um posto no bairro Itinga.
“Segundo narrado por um dos envolvidos, caso o piloto não quisesse colaborar com o resgate, um dos criminosos iria matá-lo e, em seguida, também se mataria. Foi vislumbrado ainda a possibilidade de ‘dar uma facada na perna do piloto’ para que ele ‘colaborasse com a missão’”, consta no relatório do Cenipa.
Três das quatro pessoas que estavam no helicóptero morreram, incluindo o piloto, que foi identificado como Antônio Mário Franco Aguiar, de 56 anos. O auxiliar de pista Bruno Siqueira, 21, e o suspeito Ivan Alexssander Zurman Ferreira, 24, são os outros dois falecidos.
Daniel da Silva, único sobrevivente, foi preso após deixar o hospital e depois condenado por envolvimento no crime. Daniel e Ivan teriam sido contratados pelo detento Paulo Henrique Artmann dos Santos para tirá-lo da cadeia. A contratação do voo ocorreu sob justificativa de interesse em sobrevoar um terreno.
Um acidente com avião de pequeno porte no ano de 1937, dia 2 de julho, matou duas pessoas em Joinville. Os jornais O Estado e A Gazeta, ambos de Florianópolis, destacaram o acidente aéreo. Segundo os jornais, as vítimas foram o piloto, 1º tenente Bernardino Pinto da Costa, e o comerciante e vereador Francisco Huebner.
Consta no O Estado que o avião da Base de Aviação Naval da Ressacada colidiu contra um poste de iluminação e caiu. O avião pegou fogo e as vítimas morreram carbonizadas. O jornal informou que houve explosão dos tanques de gasolina.
O antigo avião era um Waco 117, tipo Corsario. Ainda conforme O Estado, era um voo realizado a passeio. Antes de Frederico embarcar na aeronave em Joinville, o capitão de corveta Reynaldo de Carvalho estava no avião e desembarcou na cidade.
A Gazeta trouxe detalhes da dinâmica do acidente. Consta no jornal que o avião tentava aterrissar no campo de aviação da cidade. “Devido a ter falhado o motor, o aparelho começou oscilando sem governo, procurando o piloto normalizar o voo”, consta na edição.
O jornal noticiou ainda que, quando foram informados sobre o acidente, o prefeito, o delegado e o comandante do 13º Batalhão de Caçadores foram ao local. Depois, o 13º B.C. retirou os corpos das vítimas. Os velórios foram realizados no dia seguinte ao acidente.
Na noite do dia 22 de outubro de 2013, um helicóptero capotou no aeródromo de Joinville. De acordo com investigação do Cenipa, o tipo de ocorrência foi “perda de controle em voo”.
Trata-se de um voo de instrução e no helicóptero estavam o piloto-instrutor e o aluno. O voo durou cerca de 50 minutos, ainda conforme relatório do Cenipa.
Eles foram manobrar a aeronave na taxiway (local destinado à manobra de aviões e helicópteros). O que causou o capotamento foi uma colisão no esqui (parte debaixo do helicóptero) contra a lateral da taxiway.
Tanto o piloto quanto o aluno não tiveram ferimentos. No helicóptero foram registrados danos no motor, rotor principal (local em que as asas se conectam), cauda e em outras partes da estrutura.
O Cenipa considerou como fatores contribuintes para o acidente o que classificou como “pouca experiência do piloto” e “indisciplina de voo”. Além disso, consta no relatório que o helicóptero foi retirado do local sem comunicação com a autoridade aeronáutica, “destruindo possíveis evidências”.