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Inspirada no irmão, moradora de Joinville cria marca de roupas agênero

Marca foi criada em 2021 por Ana Luiza, de 26 anos, inspirada no seu irmão Guilherme, um homem trans

“Vista-se de você”, esse é o slogan da marca No Gender, criada pela moradora de Joinville Ana Luiza Voos, de 26 anos, que tem como principal objetivo quebrar os padrões e divisões de gênero.

Ana Luiza Voos, de 26 anos, fundadora e gerente da marca. | Crédito: Arquivo Pessoal

A maior inspiração de Ana para criar a marca foi seu irmão Guilherme, um homem transsexual. “Ele sempre teve um estilo próprio, vestia o que queria, porém, o mundo sempre foi cheio de tabus, mesmo assim ele nunca aceitou os padrões impostos pela sociedade”, comenta.

Segundo Ana, o irmão sofria muito na hora de comprar roupas, pois todas as lojas são divididas entre o que é “feminino” e “masculino”, incluindo seus provadores. Isso era difícil para Guilherme, que não se sentia à vontade na hora de escolher suas roupas, principalmente antes da transição.

“Eu percebi como era desnecessária a existência dessas divisões por gênero, afinal, todo mundo tem direito de vestir o que quer, como quiser”, comenta. Para ela, roupas expressam a identidade e autenticidade das pessoas.

Ana e Guilherme no aniversário de 1 ano da No Gender Brasil. | Crédito: Arquivo Pessoal

Por conta disso, a marca “No Gender Brasil” nasceu em 2021. No gender significa “sem gênero”, na tradução literal do inglês, e reforça que a marca é para todes.

Contato com a moda

O primeiro contato de Ana com o mundo da moda foi em 2013, quando foi modelo. Mesmo assim, ela sempre gostou da área criativa de moda e fotografia. A diversidade e as pautas LGBTQIA+ entraram na vida da moradora de Joinville pelo irmão.

Foto tirada na Marcha do Orgulho LGBT, em Joinville. Crédito: Arquivo Pessoal

Durante a época, Ana participou de desfiles de nomes como Fernando Cozendey, um designer ligado às pautas de diversidade. “Ele é uma verdadeira inspiração no mundo da moda”, relata. Foi no final da faculdade de Publicidade e Propagando que Ana teve a ideia da marca, porém apenas em 2020 o projeto começou a tomar forma.

Atualmente, o propósito da marca faz ainda mais sentido na vida da moradora de Joinville, que se assumiu bissexual. “A diversidade sempre fez parte da minha vida, dentro ou fora de casa. Acredito que a moda precisa de iniciativas assim. Representatividade é algo muito importante e hoje tenho mais certeza disso”, completa.

Confecção própria

A marca tem confecção própria e todas as peças são fabricadas em Joinville, valorizando a mão de obra local. “Por sermos uma marca slow fashion, produzimos em pouca quantidade com qualidade”, pontua. Ana explica que as ideias das peças, principalmente de alfaiataria, vêm de junções de referências e pesquisa com o próprio público da marca.

Pais da Ana e do Guilherme. | Crédito: Arquivo Pessoal

As estampas das camisetas também são pensadas e possuem um significado. “Elas sempre vão refletir os valores da marca. Por termos propósitos e simbolizarmos a representatividade, acho muito importante”, conta. As fotos são feitas pela Ana, com ajuda do irmão Guilherme e dos familiares que, inclusive, já fizeram o papel de “modelos” da loja.

Algo muito forte na marca também são os posicionamentos. “Acho extremamente importante, pois precisamos utilizar a nossa voz para nos comunicar com o mundo e também defender o que acreditamos. Não podemos ficar calados”, completa.


Com arquitetura única em Joinville, Palacete Dória precisou ser construído por empresa de Curitiba: