O jornalista merece respeito no exercício da função
Nos últimos dez dias tivemos dois ataques a profissionais da imprensa aqui em Joinville. O primeiro foi no último dia 15, na frente de uma casa noturna na região central. Dois profissionais da NDTV, repórter e cinegrafista, foram ameaçados, agredidos e tiveram o carro destruído ao flagrarem uma briga em frente ao local. Faço desse […]
Nos últimos dez dias tivemos dois ataques a profissionais da imprensa aqui em Joinville. O primeiro foi no último dia 15, na frente de uma casa noturna na região central. Dois profissionais da NDTV, repórter e cinegrafista, foram ameaçados, agredidos e tiveram o carro destruído ao flagrarem uma briga em frente ao local.
Faço desse fato um paralelo com o que aconteceu nesta quinta-feira, 20, no programa 89 Esportes, da Rádio 89 FM, quando o presidente do JEC, Charles Fischer, atacou o jornalista Elton Carvalho e o apresentador Gabriel Fronzi pelo simples motivo deles darem aos ouvintes o direito fundamental de acesso à informação sobre um tema relevante sobre o clube.
Durante as últimas 24 horas o fato ganhou imensa proporção e no programa desta sexta-feira, 21, Charles foi ao programa, pediu desculpas e lamentou o ocorrido. Vale lembrar que antes mesmo de assumir qualquer cargo no clube, Charles estava do outro lado do balcão, trabalhava na imprensa e justamente neste mesmo veículo.
Dito isso ficou claro o despreparo do presidente para exercer o cargo pelo qual foi eleito pela maioria dos sócios do clube. Existe sim uma pressão em torno do JEC por melhores resultados, pelo acesso à terceira divisão, mas nada disso é culpa da imprensa e daquilo que é debatido pelos profissionais da comunicação. Foi um erro irreparável e o pedido de desculpas é o mínimo que poderia ser feito.
No exercício diário da profissão o jornalista vai apurar os fatos e vai ouvir as fontes, sempre foi feito isso, é sempre dado o espaço que é de direito das partes envolvidas em qualquer assunto, seja ele um fato negativo ou positivo.
O jornalista está atento aos fatos e se está incomodando, causando algum desconforto a fonte, significa que o trabalho está no caminho certo. Tem que haver um equilíbrio, respeito, paciência, caráter e discernimento sobre o que está sendo debatido. Não concordar com a informação apurada não te dá o direito de chamar o repórter de “moleque”, “safado” e “sem vergonha”, como fez Charles.
Não está correta a frase “a imprensa tem que jogar junto”. Isso não existe, são fatos e precisam ser apurados. A imprensa faz o papel dela e o profissional não pode e nem deve ser reprimido por estar levantando pautas que não agradam à diretoria do clube. Fazer isso é está errado e é vergonhoso.
A imprensa é livre e tem que permanecer assim. Em Joinville quem levanta pautas “negativas” é tachado de jogar contra o clube. O papel não é jogar contra e nem a favor, é fazer jornalismo. Quem tem que levantar apenas pautas que convém ao clube é a assessoria de imprensa. Foi uma situação lamentável e vergonhosa. Espero que tenha ficado o aprendizado, Charles pediu desculpas, teve essa iniciativa e é esse o caminho.
Agora quem cobre o Joinville e de certa forma concorda com o discurso do Charles de que a imprensa precisa jogar junto, precisa parar e refletir sobre. Não é a função da imprensa torcer e jogar junto, isso fica para torcida. Que possamos evoluir como imprensa e que fatos como esse sejam combatidos.