Junho vermelho: joinvilense com gravidez ectópica é salva após transfusão de sangue
"Eu não imaginava o que poderia ser", diz Franciele Martins de Souza
"Eu não imaginava o que poderia ser", diz Franciele Martins de Souza
A vida de Franciele Martins de Souza, de 32 anos, foi salva após uma transfusão de sangue. Em 2014, além de ser contratada para o setor de captação de sangue no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc), ela também iniciou um esforço máximo pela vida.
À época, em outubro, Franciele estava no casamento de uma amiga. O momento, que era para ser de festa e celebração, se tornou em um amargor indesejado. “Eu passei muito mal. Meu marido me levou ao hospital Dona Helena. Eu não imaginava o que poderia ser”, afirma.
Em choque, sua pressão baixou. Já no hospital, o impacto seria ainda maior: Franciele estava grávida. Apesar desta confirmação, ainda não sabia o que estava causando as reações negativas em seu corpo.
Com as fortes dores, a mulher precisou passar por uma laparotomia, uma manobra cirúrgica que envolve uma incisão através da parede abdominal para alcançar a cavidade abdominal. O processo tem o objetivo de saber o que estava acontecendo no útero.
A mulher então foi diagnosticada com uma gravidez ectópica, quando a gestação acontece fora do útero da mulher, fazendo com que o óvulo fecundado se instale e se desenvolva no externo da cavidade uterina.
Na maior parte das vezes, os sintomas podem passar despercebidos, sendo sentidos entre a sexta e a oitava semanas de gestação. Neste período, as mulheres começam sentir dores abdominais, irregularidade menstrual, mal-estar e náuseas.
No caso de Franciele, o útero havia rompido, causando uma grande perda de sangue. “Só assim soube que estava grávida, pelo que o médico disse era um mês e uma semana”, conta.
Após duas cesarianas, quando deu à luz aos filhos Otávio e Samuel, os médicos conseguiram identificar que o útero estava fragilizado, com coágulo de sangue junto à cicatriz, que causou um rompimento e, em seguida, uma hemorragia.
Com queda de pressão e náusea, ela desmaiou e acordou apenas dois dias depois da cirurgia. Ao acordar, soube que o bebê estava perfeito, mas não haviam condições para seguir a gestação, já que a bolsa gestacional havia deixado o útero. “Foi um processo muito ruim, bastante difícil de lidar”, lembra.
Durante o período no hospital, ela precisou dos apoios de seis bolsas de sangue, duas durante procedimento cirúrgico e outras quatro quando estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Se tivesse demorado mais vinte minutos para fazer o procedimento, eu poderia ter morrido”, reflete.
Caso Franciele continuasse com a gestação, a vida dela e a do bebê estariam em risco. Já sendo mãe de dois filhos, a orientação é que ela não engravide mais.
Apesar das dores e sustos, atualmente, graças as transfusões de sangue, a profissional do Hemosc está totalmente recuperada.
Neste mês, ocorre a campanha Junho Vermelho, que busca conscientizar a doação de sangue, atitude que salva vidas, como a de Franciele.
Desde o início da pandemia da Covid-19, o Hemosc encontra dificuldades para manter os estoques de doações de sangue em níveis ideais. Um dos motivos é a quantidade de pessoas que testaram positivo ou tiveram contato com pessoas que contraíram o coronavírus, se tornando inaptos para a doação de 14 ou 30 dias.
A capacidade de atendimento diária do Hemocentro Regional de Joinville é de 100 doadores. No entanto, nos últimos meses, foram atendidos, em média, 80 doações diárias, com alguns dias de atendimento com 40, 50 pessoas realizando a doação.
Os tipos de sangue com mais dificuldade de recuperar e se manter em níveis reduzidos e de alerta são A+, A-, O+ e O-.
Franciele afirma que após passar por isso, sentiu na pele a importância de ter estoque de sangue à disposição. “Só tenho a agradecer. Que os doadores se sintam agradecidos com todo carinho, com este ato de amor indispensável a toda população”, finaliza.
*Colaborou Sabrina Quariniri
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