Joinvilense cria 62 mil abelhas sem ferrão no quintal de casa; conheça história
São sete espécies diferentes de abelhas sem ferrão em um espaço de 42 metros quadrados
O joinvilense Itamar Benkendorf, tem sete espécies diferentes de abelhas sem ferrão em 78 colmeias no quintal de casa. Ao todo, são cerca de 62 mil abelhas em um espaço de 42 metros quadrados (m²). Pessoas que cultivam as chamadas abelhas sem ferrão são chamadas de meliponicultores.
“Eu conheci as abelhas por meio da espécie Jataí. Comecei a perceber ela na minha horta e fui pesquisar sobre, descobrindo o mundo das abelhas sem ferrão”, conta o gerente de logística e meliponicultor de Joinville. No mundo, existem cerca de 400 espécies de abelhas nativas sem ferrão.
Mais de 300 delas são do Brasil, segundo os dados do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram). Esse número representa a maior variedade do animal no mundo. “No estado temos 30 espécies diferentes de abelhas, todas nativas.
Para conseguir manejar as espécies, Itamar fez diversos cursos e estudos desde a flora até a fauna para ajudar os insetos em seu desenvolvimento, como por exemplo, o curso de qualificação em Meliponicultura no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), com sede em Araquari.
“Eu estudo de tudo. Desde plantas para ter um jardim com floradas em diferentes épocas no ano até formas diferentes de manejar as espécies”, completa. Itamar começou neste hobbie há cinco anos sem nenhum conhecimento. Sua jornada desde então é estudar sobre o assunto e passar o conhecimento para outras pessoas.
Para Itamar, as abelhas podem facilmente entrar no dia a dia de uma família como um ecopet. “Elas têm seus cuidados básicos, mas são diferentes de outros animais. Já pensou em cada residência e cada jardim com uma colmeia? Seria incrível para a preservação das espécies nativas”.
Algumas espécies já estão adaptadas ao ambiente urbano, como é o caso das Jataís. Elas podem gerar um enxame em pequenas decorações, como acontece na casa do joinvilense, em caixas ou até mesmo postes e muros.
“Estamos cada vez mais expandindo as cidades e limitando as áreas verdes, dando esses locais seguros para que elas se abriguem ajuda em muito a contribuir com a espécie”, comenta Itamar. Para o meliponicultor, a criação de abelhas sem ferrão, mesmo com seus cuidados, é simples. As abelhas continuarão com sua liberdade e sem limitações.
Cuidados necessários
Segundo Itamar, os cuidados vão depender da quantidade de colmeias e o estágio dos enxames, variando de espécies. Em alguns períodos é necessário alimentá-las, principalmente quando os insetos não têm recursos o suficiente. “Como eu tenho muitas colmeias, eu alimento elas o ano todo, mas também cuido do meu jardim gerando alimento para elas no espaço”, acrescenta.
O alimento é feito por meio de soro feito de água e açúcar e também pelo pólen. O pólen é fornecido em lojas de produtos naturais ou de produtores locais. Esse tipo de alimento é necessário para complementar a parte nutricional. “Tem períodos que não é necessário, em outros é só preciso só um deles e em outros é necessário os dois. Vai depender da espécie”, conta.
A localidade da residência de Itamar também é privilegiada, perto de uma área de preservação e verde. Com isso, ele consegue observar ainda melhor a adaptação das abelhas. “É quase uma terapia. Você senta, fica olhando ou quando faz o manejo, é uma distração muito legal”, declara.
Outra questão é entender a abelha criada. Algumas são territorialistas e necessitam ser separadas de outras colmeias. Uma forma de manejo que Itamar realiza é a de fechar todas as outras colmeias uma noite anterior quando traz uma nova colmeia. “Isso ajuda as novas abelhas a soltar seus feromônios e se acostumarem com o local, definindo rotas de voo e outras questões”, explica.
Além disso, há também o período de divisão das colmeias que envolvem um tempo e ciclo certo. “É como uma empresa nova surgindo. É necessário entender em que momento elas estão aptas a se dividirem e conseguirem manter o enxame”, conta.
O mel
As abelhas nativas sem ferrão produzem mel. No entanto, em um período e tempo diferentes das abelhas com ferrão. Dependendo da espécie e se tudo ocorrer bem, o mel pode ser colhido depois de dois anos.
“O melhor pode ser colhido na primavera, por exemplo, já que assim as abelhas terão o verão inteiro para procurar por recursos”, aconselha Itamar já que o mel, nada mais é do que o estoque dos insetos para o inverno.
Caso a pessoa recolha o mel em um momento errado, é impossível a abelha repor o que necessita a tempo. As consequências podem ser internas e levar a perda do enxame.
Como iniciar a meliponicultura
O joinvilense Itamar também iniciou no meio da meliponicultura sem nenhum conhecimento. Com o tempo e os estudos, ele passou a entender cada espécie. Atualmente, ele faz parte da AME Joinville e ajuda pessoas interessadas a começar na área.
“Como todo hobbie, você tem fases. Para começar o melhor são abelhas de fácil manejo. Se começar com uma muito difícil, provavelmente não terá sucesso”, esclarece Itamar. As pessoas são aconselhadas aos locais que podem ser alocadas as colmeias e as peculiaridades de cada espécie.
Itamar, por exemplo, tem um grupo de iniciantes para que as pessoas tirem dúvidas, compartilhem vivências e ajudem outros. “Com a interação mínima a pessoa já pode perceber qual abelha se encaixa em sua realidade”, relata.
Quando o hobbie virou paixão
Itamar começou a criar abelhas como um hobbie. Atualmente, ele se vê como um apaixonado pelo assunto. “Eu conheço pessoas, assuntos e visitei locais que não teria conhecimento sem a meliponicultura. É mágico”, conta. Para ele, é um universo fantástico que abre diversos caminhos para as pessoas.
Itamar se sente mais motivado e com mais energia após estar tanto tempo em contato com a natureza. “É uma forma de se desprender do mundo e do trabalho. Nesse mundo, você acaba vivendo só aquilo, isso começa a te adoecer”, conta. O hobbie também pode ser feito por pessoas de todas as idades, desde idosos até crianças, com supervisão de adultos em todo o tempo de manejo.
Após cinco anos manejando as colmeias, Itamar criou uma página no Instagram para documentar sua evolução no meliponário, apelidado de Paraíso das Nativas. Para o joinvilense, as redes sociais são alimentadas com conteúdos do cotidiano. “São coisas mais específicas que consigo flagrar no dia a dia. Infelizmente ainda não tenho tempo para investir em conteúdos mais profissionais e frequentes”, conta.
É nesse espaço que Itamar consegue conversar com pessoas de todos os locais e trocar experiências. Para o futuro, após a aposentadoria, Itamar pensa em se dedicar ao meliponário e aos conteúdos online. “Quero produzir vídeos, post e já estou me preparando para isso. Porém, é algo para o futuro, por isso estou me preparando”, finaliza.
Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município Joinville. Clique na opção preferida:
• Aproveite e inscreva-se no canal do YouTube