Amanda Belato, de 26 anos, começou com a Amora Book Store com 16 anos. | Crédito: Yasmim Eble/O Município Joinville
Joinvilense transforma paixão por mangás em negócio de sucesso e cria primeiro sebo especializado do país
Loja foi o primeiro sebo especializado no nicho
Foi pela paixão por mangás, história em quadrinhos japonesa, que a joinvilense Amanda Belato, de 26 anos, criou a Amora Book Store, o primeiro sebo especializado em mangás do Brasil. A loja funciona há 10 anos de forma online e há três anos tem uma sede no bairro América, em Joinville.
Os mangás são conhecidos pelas características marcantes como a forma de leitura, feita de trás para frente, publicação, diagramação e os traços dos desenhos. Foram essas características que chamaram a atenção de Amanda, conhecida como Amora, aos 15 anos. “Eu estava no segundo ano do Ensino Médio quando uma amiga me emprestou um mangá, naquela época eu adorei e me empolguei muito”, relata.
Amora sempre foi apaixonada por sebos e passava por eles após o colégio, que ficava no Centro. As visitas passaram a ser feitas para verificar se novos volumes de mangás haviam chegado aos locais. Foi assim que a joinvilense começou a colecionar diversos títulos.
Em um momento, ela resolveu pesquisar na internet quanto custava uma edição de um mangá que gostaria de ler. Foi quando ela descobriu que o mangá estava sendo vendido por quase R$ 50. “No sebo esse mesmo mangá custava R$ 2. Foi ali que peguei toda a minha coleção e comecei a vender nos grupos de Facebook”, explica.
Ela começou a vender para todo o Brasil em diversos grupos, com apenas 15 anos, momento em que desfez a coleção inteira. “Hoje em dia eu tenho a coleção de volta comigo, pois faço com o meu marido. Mas eu gosto muito mais de ler e passar para frente”, conta. Amora colecionava shoujo, um gênero de mangá voltado para o romance.
Início da Amora Book Store
Amanda passou dois anos vendendo por meio do Facebook como um hobby. Após isso, ela resolveu criar uma página no Facebook especializada em venda de mangás, se tornando o primeiro sebo no Brasil desse ramo. Depois que ela completou 18 anos, a loja começou a tomar mais forma. “A principal forma de vender era por meio da internet, eu cuidava e ainda cuido do site que vende para todos os lugares do Brasil”, conta.
A longevidade do negócio se dá, segundo Amanda, ao fato de que ela sempre se viu fazendo apenas isso. “Eu nunca tive o pensamento de parar. Nunca quis outro emprego, já que estou desde os 16 anos nisso. A única vez que tive carteira assinada foi por 20 dias para guardar dinheiro para investir na Amora. Esse é o meu sonho”, explica a joinvilense.
Em 2021, após uma enchente, Amanda perdeu todo o estoque da loja. Na época, pessoas se juntaram para realizar uma vaquinha. Mesmo com o problema, ela nunca pensou em desistir. Atualmente, a Amora Book Store é referência no nicho, tendo contas no Instagram, TikTok, site e uma loja física, localizada na rua Almirante Tamandaré, número 472, no bairro América.
No TikTok, Amanda publica vídeos em dois dias da semana. Já no Instagram, os conteúdos são publicados diariamente. Ela cuida da loja sozinha na administração, há duas atendentes de meio período e um social media. A loja abre três vezes na semana, na quinta e sexta-feira durante o dia, e sábado pela manhã.
Público diversificado
Como a loja começou na internet, os clientes são de diversas partes do país. Alguns, segundo Amora, estão desde o início e outros acabam voltando após longos anos. “Colecionar mangá é um hobby, por isso às vezes os clientes deixam de colecionar ou voltam depois de anos. Os clientes são diversos”, conta.
Na loja, também são vendidos artigos ligados ao mundo dos mangás e, por isso, o público acaba ficando ainda mais diversificado. “Começamos a vender ano passado pequenas figures, acessórios e cartas Pokémon, o que acaba ajudando na disseminação do mangá e do anime e também participamos de muitos eventos”, comenta Amanda.
A loja participa da Feira do Livro, do Festival de Dança e também organiza o próprio evento chamado “Quintal da Amora”. Neste mês, o quintal aconteceu no último sábado, 13, com desfile de cosplay, jardim dos artistas, exposição de arte, entre outras atrações para o mundo geek.
Amanda relata que esse tipo de evento também é positivo para crianças, adolescentes ou adultos que querem começar a colecionar ou consumir mangás. “Ali podemos explicar de forma mais clara o universo do mangá. Infelizmente há muita desinformação e as pessoas acreditam que, só por ser uma animação, os mangás não tem faixa etária”, explica.
Na verdade, os mangás são separados por faixa etária e há diversos estilos. “A maioria dos mangás lançados no Brasil não são para crianças. Quando os pais vêm até a loja, nós fazemos toda a orientação, para que as crianças leiam algo destinado para elas”, completa.