Foto: Gustavo Mejía/JEC
Foto: Gustavo Mejía/JEC

O Joinville Esporte Clube (JEC) está cada vez mais próximo de dar um passo importante rumo ao futuro: a transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A negociação com a Sportheca, empresa especializada em inovação e tecnologia no esporte, avança a passos largos e promete revolucionar o clube catarinense.

A Sportheca tem expertise em construir negócios de alto impacto no setor esportivo e enxerga no JEC uma oportunidade de implementar um modelo de gestão sustentável. A empresa, que possui um portfólio diversificado e um estúdio profissional para produção de conteúdo, trará para o clube know-how e recursos financeiros para impulsionar seu crescimento.

Entre os benefícios da parceria com a Sportheca, destacam-se o investimento em infraestrutura, com a empresa modernizando a Arena Joinville, e proporcionando melhores condições para atletas e torcedores. O desenvolvimento de novas fontes de receita também fazem parte do escopo da Sportheca, que ajudará o JEC a explorar novas fontes de receita, como a produção de conteúdo digital e a criação de novas experiências para os torcedores.

Além disso, a gestão será otimizada com foco em resultados e sustentabilidade financeira. E a marca do do JEC deverá sair fortalecida, posicionando-se como um clube moderno e competitivo.

Modelo de SAF

O modelo de SAF do JEC prevê que 10% do capital da SAF permaneça com a associação civil, enquanto 51% será destinado ao investidor qualificado. Essa estrutura garante a participação dos torcedores nas decisões do clube e ao mesmo tempo atrai investimentos para o desenvolvimento do futebol.

A visita da diretoria do JEC à sede da Sportheca em São Paulo foi um marco importante nas negociações. As partes se mostraram alinhadas quanto aos objetivos da parceria e estão otimistas com o futuro do clube.

A transformação em SAF não é isenta de desafios. O JEC precisará lidar com questões como a renegociação de dívidas, a adaptação à nova estrutura societária e a necessidade de conquistar a confiança dos torcedores. No entanto, a parceria com a Sportheca oferece uma oportunidade única para o clube superar esses desafios.

Com a chegada da Sportheca, o Joinville Esporte Clube está dando um passo importante rumo à profissionalização e à modernização do futebol. A parceria entre as duas partes promete gerar frutos para o clube, para os torcedores e para o futebol catarinense como um todo.

História de superação

O Joinville Esporte Clube (JEC) é um dos clubes mais emblemáticos de Santa Catarina, com uma história que remonta a um período de crise e transformação no cenário esportivo da cidade de Joinville.

Fundado em 1976, o JEC surgiu como resultado da fusão de dois times tradicionais da região, o América Futebol Clube e o Caxias Futebol Clube, que enfrentavam sérias dificuldades financeiras e administrativas na década de 1970. Essa união não apenas salvou o futebol profissional na cidade, mas também deu origem a uma nova potência esportiva, que viria a conquistar treze títulos estaduais e se destacar em outras modalidades, como futsal e basquete.

A década de 1970 foi um período turbulento para o futebol catarinense, especialmente para os clubes de Joinville. Tanto o América quanto o Caxias enfrentavam dificuldades, com dívidas acumuladas, salários atrasados e uma falta generalizada de recursos para manter suas operações.

Relatos da época indicam que jogadores e funcionários dos dois clubes não recebiam seus pagamentos há mais de seis meses, o que levou a greves e a um clima de desesperança entre os trabalhadores dos dois times. A situação era tão crítica que havia a possibilidade real de ambos os times desaparecerem do cenário esportivo. Se naquela época o mercado do futebol fosse dominado pelas bet sports como é hoje, arrisco dizer que os times seriam campeões das odds mais baixas do futebol.

Foi nesse contexto que João Hansen Neto, um influente empresário da cidade, propôs uma solução audaciosa: a fusão dos dois clubes em uma única entidade. Hansen Neto, que já havia sido procurado para assumir a presidência do Caxias, recusou a oferta, argumentando que assumir o comando de um dos clubes em crise seria perpetuar os problemas existentes. Em vez disso, ele sugeriu a criação de um novo clube, que unisse as forças e os recursos de América e Caxias, tornando-se mais viável financeiramente e competitivo no cenário estadual.

A ideia de Hansen Neto foi apresentada a outros líderes empresariais, dirigentes dos dois clubes e membros da imprensa esportiva de Santa Catarina. Após intensas negociações e debates, a fusão foi finalmente concretizada em 29 de janeiro de 1976, dando origem ao Joinville Esporte Clube.

A fundação do JEC

A cerimônia de fundação ocorreu na sede de uma das empresas de Hansen Neto, com a presença de diversas personalidades locais. Dois dias depois, o JEC foi oficialmente registrado, marcando o início de uma nova era para o futebol joinvillense.

A fusão não foi um processo fácil. Havia resistência por parte de alguns dirigentes e torcedores, que viam com desconfiança a união de dois rivais históricos. No entanto, a pressão da população, ansiosa por ter um clube local fortalecido, acabou por superar as objeções.

Como disse Hansen Neto em entrevista à época, “as duas equipes estavam em jejum de títulos por muitos anos, o que tornou mais fácil o trabalho de convencimento entre caxienses e americanos”. A fusão foi, portanto, uma resposta pragmática às dificuldades enfrentadas, mas também uma aposta no futuro.

Com o clube fundado, o próximo desafio foi estruturar a nova entidade. João Hansen Neto liderou os esforços para garantir os recursos necessários, conseguindo doações e investimentos de empresários locais. Esses recursos permitiram que o JEC começasse suas operações com alguma estabilidade financeira.

Em seguida, foi necessário escolher um presidente para o clube. Hansen Neto estabeleceu critérios rigorosos: o novo líder não poderia ser torcedor de nenhum dos dois clubes fundadores, precisava ter experiência administrativa e financeira, e, acima de tudo, ser apaixonado por esportes. A escolha recaiu sobre Waldomiro Schutzler, um gerente de banco indicado pelo próprio pai de Hansen Neto.

Sob a liderança de Schutzler, o Joinville Esporte Clube deu seus primeiros passos. A estreia oficial do clube ocorreu em 9 de março de 1976, em um amistoso contra o Vasco da Gama, que terminou empatado em 1 a 1.

Contra todas as apostas, o time se mostrou popular e atraiu mais de 15 mil torcedores ao Estádio Ernesto Schlemm Sobrinho, um sinal claro de que o novo clube já despertava o interesse da população. Tonho, um dos jogadores do JEC, marcou o primeiro gol da história do clube, enquanto Roberto Dinamite, lendário atacante do Vasco, garantiu o empate para os cariocas.

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O técnico que mudou a história do JEC

Para montar uma equipe competitiva para o Campeonato Catarinense daquele ano de 1976, a escolha do técnico que lideraria o time em sua estreia foi um processo cheio de reviravoltas e curiosidades.

Envolveu nomes como Floreal Garro, um argentino experiente, e Alcino Simas, um ex-jogador que havia trocado os gramados pelo mundo bancário. A história dessa escolha revela não apenas os percalços da gestão esportiva, mas também como uma decisão aparentemente improvável acabou se tornando um marco na história do clube.

Floreal Garro, ex-atleta do Palestra Itália (atual Palmeiras), foi o primeiro nome cogitado para assumir o comando técnico do Joinville. Com uma carreira respeitável no futebol, Garro trazia consigo a experiência de quem havia atuado em um dos maiores clubes do Brasil.

No entanto, sua contratação enfrentou resistência por parte dos conselheiros do JEC. A idade avançada do argentino foi um dos fatores que levantaram dúvidas, mas não foi o único motivo que impediu sua efetivação no cargo.

Logo após sua chegada a Joinville, Garro propôs a realização de um jogo-treino contra uma equipe local, como forma de avaliar o elenco e implementar suas ideias de trabalho. No entanto, durante a partida, ocorreu um episódio que selou o destino do técnico no clube: ele foi flagrado dormindo no banco de reservas.

A cena, testemunhada pelos próprios jogadores e membros da comissão técnica, causou mal-estar e desconfiança. A diretoria do JEC, que já estava dividida sobre a contratação de Garro, viu no incidente um sinal de desinteresse e falta de profissionalismo. Como resultado, o argentino não foi efetivado, e o clube precisou buscar outra opção para comandar o time.

Foi então que o presidente Waldomiro Schutzler, figura central na fundação e nos primeiros anos do JEC, sugeriu um nome que já era conhecido no futebol de Joinville, mas que estava distante dos gramados há algum tempo: Alcino Simas.

Ex-jogador e ex-treinador do Caxias, um dos clubes que deram origem ao Joinville, Simas havia deixado o mundo do futebol para atuar como gerente do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC), instituição que mais tarde seria incorporada ao Banco do Brasil. A indicação de Schutzler foi vista com surpresa, mas também com esperança, já que Simas tinha um histórico respeitável no esporte.

Contratar Alcino Simas, no entanto, não foi uma tarefa simples. Como funcionário do BESC, ele precisava de uma liberação formal do banco para assumir o cargo de técnico do Joinville. A negociação envolveu conversas entre a diretoria do JEC, as lideranças do banco e até mesmo o governo estadual.

Após negociações, chegou-se a um acordo: o banco “emprestaria” Simas ao clube até o final do Campeonato Catarinense de 1976, mantendo o pagamento de seu salário durante esse período. O JEC, por sua vez, se comprometeu a repassar uma quantia ao banco como contrapartida. Dessa forma, Alcino Simas trocou temporariamente as cadeiras do banco pelo banco de reservas dos estádios, assumindo o desafio de comandar o recém-criado Joinville Esporte Clube.

A escolha de Simas mostrou-se acertada. Sob seu comando, o JEC não apenas se estabilizou como também conquistou o Campeonato Catarinense de 1976, logo em seu primeiro ano de existência. A campanha do time foi impressionante: em 36 jogos, foram 21 vitórias, 10 empates e apenas 5 derrotas, com 51 gols marcados e 17 sofridos.

Na final, o Joinville enfrentou o Juventus de Rio do Sul e venceu os dois primeiros jogos da série por 1 a 0, dispensando a necessidade de um terceiro confronto. O gol decisivo na segunda partida foi marcado por Tonho, e o capitão Fontan, remanescente do Caxias, teve a honra de levantar a taça.

A trajetória de Alcino Simas no JEC é um exemplo de como decisões aparentemente improváveis podem render frutos extraordinários. De gerente de banco a técnico campeão, Simas deixou sua marca na história do clube, conduzindo o Joinville a uma conquista que não apenas consolidou sua identidade, mas também estabeleceu as bases para uma era de sucesso no futebol catarinense.

Trajetória brilhante

O sucesso do JEC não demorou a chegar. Logo em seu primeiro ano de existência, o clube conquistou o Campeonato Catarinense de 1976, superando o Juventus de Rio do Sul na final por 1 a 0. O gol decisivo foi marcado por Tonho, e o capitão Fontan, remanescente do Caxias, teve a honra de levantar a taça.

Essa conquista foi apenas o começo de uma era de domínio do JEC no futebol catarinense. Entre 1978 e 1985, o clube alcançou um feito histórico: o octacampeonato consecutivo, uma sequência de oito títulos estaduais seguidos que até hoje é inigualável no estado.

O sucesso do JEC durante esse período foi resultado de uma combinação de investimentos estratégicos, gestão competente e o talento de jogadores como Carlos Alberto e Jorge Luís Carneiro, que se tornaram ícones do clube. A diretoria, com o apoio de empresários locais, conseguiu montar equipes competitivas e manter o clube financeiramente estável, algo que os clubes fundadores não haviam conseguido.

A história do Joinville Esporte Clube também é marcada por um momento simbólico: o “Clássico do Adeus”, uma partida entre América e Caxias realizada em 11 de fevereiro de 1976, poucos dias após a fundação do JEC. O jogo, que terminou empatado em 1 a 1, foi uma despedida emocionante dos dois clubes que deram origem ao tricolor. O campo do Caxias foi o palco desse encontro histórico, que encerrou um capítulo e abriu espaço para o surgimento de uma nova potência esportiva.

Além disso, o JEC assumiu os compromissos financeiros de América e Caxias, pagando cerca de 347 mil cruzeiros para adquirir os direitos de jogadores e funcionários das duas entidades. Como parte do acordo, os clubes fundadores concordaram em não retornar ao futebol profissional por um período de dez anos, garantindo que o JEC tivesse espaço para se consolidar.

Hoje, o Joinville Esporte Clube passa por um novo momento de reestruturação, buscando retomar o lugar de destaque que já ocupou no cenário esportivo catarinense. A história do clube, no entanto, serve como um lembrete de que é possível superar crises e alcançar grandes feitos com união, planejamento e paixão pelo esporte. A fusão que deu origem ao JEC foi um marco na história do futebol de Joinville, e sua trajetória continua a inspirar torcedores e dirigentes a acreditarem no futuro do clube.