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Joinville registra pouco movimento na primeira manhã da volta dos ônibus

Terminais não tiveram aglomerações no retorno do serviço, apesar de limite de 60% da capacidade

O transporte coletivo foi retomado nesta segunda-feira, 8, em Joinville após quase três meses sem operação. Medidas preventivas ao coronavírus foram implantadas e irão valer até o dia 31 de julho. Na primeira manhã, a reportagem de O Município Joinville flagrou pouca movimentação nos terminais Sul e o Central, o maior da cidade.

A jovem aprendiz Giovana da Cunha de 18 anos, por exemplo, apesar do pouco movimento no terminal Sul pela manhã, ainda não se sentia segura para utilizar o transporte. Ela afirmou que só foi ao local porque precisava ir para a zona Norte trabalhar.

A aprendiz acredita que enquanto o fluxo for baixo, fica mais fácil cumprir as medidas, mas que o cenário pode mudar se aumentar o número de pessoas circulando nos terminais e ônibus.

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No caso de Natalia Cidral, 21 anos, que trabalha com vendas, não há muito receio de voltar a usar o transporte, pois ela já está em contato com o público. Sua impressão é que os terminais estão bem vazios, sem as aglomerações comuns que aconteciam antes da pandemia.

Sua crítica está relacionada aos horários das linhas. “Se a pessoa vai trabalhar e o ônibus está cheio, ela perde, vai ter que esperar outro e vai se atrasar”, opina.

Isso porque, no momento, os ônibus só poderão circular com 60% da capacidade total. Para dar conta da demanda, o fiscal de transporte Vitor Gamba, 49 anos, conta que alguns veículos extras serão utilizados.

Nesta manhã, por exemplo, com 51 de 80 passageiros permitidos, as linhas Norte/Sul e Sul/Centro quase alcançaram a lotação pelo menos uma vez. Veículos extras precisaram acompanhar as viagens. Segundo o fiscal, o mesmo sistema será utilizado em viagens que, durante o trajeto, alcancem o limite de passageiros.

Preocupação

Para a personal trainer Karen Cristina, 29 anos, as pessoas que andarem de ônibus precisam ser mais cuidadosas. Na opinião dela, o retorno foi necessário, principalmente para os comerciantes, trabalhadores e pessoas que estão em busca de emprego. Porém, ela reforça a necessidade do monitoramento, fiscalização e o retorno gradativo para a prevenir o contágio da Covid-19.

“Mas é bom para ver as pessoas, porque é chato psicologicamente”, comenta em relação a quarentena. Para ela, o transporte também pode ser bom nesse sentido, aliviar a mente das pessoas que ficaram em isolamento.

Dois jovens que não quiseram se identificar, se posicionam contrários ao retorno dos ônibus. “É absurdo”, comentou um deles. Eles acreditam que os dados da doença, como o número de mortes e por não ter reduzidos os novos casos, deveriam ser indicativos para o não retorno do transporte coletivo, opinam. “Não é hora de voltarem os ônibus e nem as escolas.”

Ambos estavam a caminho do trabalho e utilizaram o ônibus por necessidade. De acordo com os jovens, os terminais só tiveram bastante fluxo no início da manhã.

Nos terminais Sul e Centro, visitados pela reportagem, as ações estavam sendo cumpridas. Álcool em gel está disponível nas catracas de entrada das estações e dentro dos ônibus. Faixas de distanciamento foram colocadas nos chãos e nos bancos. Todos os funcionários e usuários estavam usando máscara. Os banheiros tinham sabão e papel.

Os bebedouros foram fechados. No Sul, a cantina estava funcionando normalmente, mas os vendedores ambulantes que costumam estar no terminal central, não estavam no local neste primeiro dia.

Barreiras sanitárias foram montadas em ambos os terminais. As agentes de saúde medem a temperatura de todos os passageiros que passam pelas catracas de entrada das estações. Os usuários também podem fazer a retirada das máscaras no local. No Centro, a entrada pelo lado da Praça foi fechada e está concentrada ao lado do comércio, onde ficam as agentes.

Os horários das linhas também foram reduzidos e algumas não irão circular nos domingos.

Idoso se negou a ficar fora

O município também proibiu a circulação de idosos no transporte coletivo. Gamba conta que os cartões das pessoas com mais de 60 anos foram bloqueados.

Porém, neste primeiro dia já ocorreu um incidente. Um senhor de 64 anos insistiu em utilizar o transporte para ir trabalhar. Nesses casos, os fiscais permitem a entrada no ônibus, mas notificam as autoridades policiais e a prefeitura. Para o fiscal de transporte, várias situações como essa ainda devem acontecer ao longo dos primeiros dias.

A passagem embarcada também não pode ser comercializada. Os passageiros que não conseguirem comprar o bilhete antecipado, poderão embarcar nos ônibus, mas deverão ir até o terminal e fazer o pagamento nos guichês, no valor da passagem antecipada.

Testes rápidos

A vendedora Patrícia Regina Voigt Silva, 43 anos, estava indo trabalhar quando foi parada por uma das agentes de saúde no terminal Sul. Sua temperatura foi medida e o teste rápido realizado.

Ela conta que ficou surpresa e achou a ação muito importante. “É para nós, para família da gente”, diz. Para Patrícia, o retorno do transporte foi bom, pois estava gastando com o Uber para ir trabalhar. “A empresa disponibilizou um carro, mas até levar todo mundo, às vezes demorava quase duas horas pra chegar em casa”, conta.

Testes rápidos estão sendo realizados nas barreiras sanitárias em todos os terminais. São dois testes por hora e os passageiros são escolhidos de forma aleatória. O funcionamento do exame é semelhante ao realizado nos postos de saúde para constatar o HIV e a sífiles, por exemplo. O dedo do paciente é picado, uma amostra de sangue colhida e agentes químicos são usados para mostrar o resultado. Os laudos levam cerca de 20 minutos para ficarem prontos.