Jovem que administra suposto projeto de marmitas de SC já havia “desaparecido” com outra iniciativa
"Absorvendo Necessidades" desapareceu das redes sociais em abril deste ano
Um suposto projeto de entrega de marmitas para moradores em situação de rua em Blumenau está gerando suspeitas de golpe nas redes sociais. Porém, antes dele, existiu um outro movimento que teve um fim ainda não explicado pela coordenadora, que é a mesma.
Duda Poleza é conhecida nas redes sociais como a “organizadora” mais ativa do “Alimentando Necessidades” (fundado em fevereiro deste ano).
Porém, a moradora de Blumenau também é lembrada por ter iniciado, ao lado de outras supostas duas coordenadoras, outro movimento social no passado, o “Absorvendo Necessidades“. Porém, a conta do projeto não realiza publicações desde abril deste ano.
Nas postagens, é possível ver várias pessoas e doadores comentando que mandaram mensagens de forma privada para o movimento. Porém, é possível perceber que não há resposta por parte da página.
Isso levantou a suspeita de que a ideia poderia ser, em partes, uma farsa. A primeira postagem do movimento foi feita em junho de 2021 e a suspeita é a mesma que paira sobre o movimento “Alimentando Necessidades”.
Possível farsa
Diversas pessoas que fizeram doações e outras que seguiram o “Alimentando Necessidades”, projeto posterior ao “Absorvendo Necessidades”, começaram a desconfiar após um grupo de pesquisa autônomo publicar uma espécie de “dossiê” sobre o caso.
A desconfiança começou pela quantidade de fios (expressão usada no Twitter para contar histórias em uma sequência de postagens) que engajaram nos perfis das duas coordenadoras do projeto, que se apresentam como Duda Poleza e Taynara Motta.
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Primeiros contatos
Com o objetivo de ajudar meninas e mulheres haitianas que moravam em uma suposta rua da região Norte de Blumenau, o “Absorvendo Necessidades” teve um fim inexplicado.
“Meu primeiro contato com a Duda foi por meio das redes sociais. Uma colega de pós-graduação compartilhou a respeito do ‘Absorvendo Necessidades’ no Instagram e aquilo me chamou a atenção”, diz uma organizadora da campanha Ciclo do Bem, que não quis se identificar.
Segundo a organizadora, essa colega foi professora de algumas meninas do “Absorvendo Necessidades”, que no início eram em torno de quatro integrantes.
O primeiro contato, que foi simultâneo, foi no dia 27 de junho de 2021. Na troca de áudios, que a organizadora diz não ter salvos, teriam sido trocadas informações e experiências para agregar na ideia.
“Como eu estava há algum tempo à frente do Ciclo do Bem, já tinha algumas sugestões a dar a respeito de prestação de contas, postagem, compras e afins. Não recordo se foram feitas outras trocas de mensagem, e se foram, não marcaram a minha memória”, relata.
Ideia
Ao longo da campanha do “Absorvendo Necessidades”, a organizadora notou que a ideia das jovens tinha uma crescente ascensão na mídia da internet, como compartilhamentos de postagem da influencer Rainha Matos. O projeto teria sido reconhecido no Brasil inteiro através do TikTok e engajamento de outros estados.
“Sempre tinha o costume de marcar as demais campanhas do município de Blumenau, a fim de termos essa relação visto que ‘lutamos’ por uma mesma causa. Porém, notava que não havia o mesmo interesse da parte delas. Pensei até ser uma questão pessoal, mas relevei”, diz.
Questionada sobre o que ouvia de outras pessoas a respeito do projeto, a mulher diz que foi surpreendida pela informação de que na realidade, não havia um retorno da parte das jovens para várias pessoas.
“Inclusive, fui procurada por uma líder acadêmica de uma instituição universitária, a fim de uma parceria de campanha de arrecadação. Essa líder relatou que tentou entrar em contato com a moça em questão, porém, disse não haver retorno até mesmo pelas redes sociais particulares da mesma”, conta.
Uma conhecida da organizadora, que também não quis revelar sua identidade, comentou que sempre achou estranho o fato das jovens nunca responderem.
“Conheci o projeto no TikTok e inclusive fiz uma doação anos atrás. Porém, quando percebi que nunca davam esclarecimentos das contas, achei estranho. Participo de um projeto também e sei perceber quando algo está errado em um movimento”, comentou.
Choque
Ao se deparar com a notícia publicada pelo jornal O Município Blumenau na manhã desta segunda-feira, 26, a organizadora do Ciclo do Bem relata ter sentido uma grande aflição.
“Não esperava que isso estivesse acontecendo, até mesmo porque não tinha conhecimento do projeto ‘Alimentando Necessidades’. Sabia que, anteriormente, já haviam sido doadas marmitas, mas não que isso tivesse se tornado algo a parte”, relata.
“Quanto ao’Absorvendo Necessidades’, espero que sinceramente, seja tudo um mal entendido que possa se resolver. É muito complicado quando há uma causa séria que é usada para outros fins. Esta é uma causa da qual a campanha Ciclo do Bem se engaja, além de arrecadar e distribuir itens de higiene íntima, é levada informação a respeito desse assunto (a menstruação), que é tabu em nossa sociedade ainda”, conclui a organizadora.
A equipe de reportagem do jornal O Município Joinville tentou entrar em contato de diversas formas com Duda Poleza. Porém, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta.
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