“Juntos outra vez”: saiba como foi criação da exposição da 82ª Festa das Flores em Joinville
Silvio Parucker, paisagista da edição, contou para a reportagem do jornal O Município Joinville como pensou nos cenários
Silvio Parucker, paisagista da edição, contou para a reportagem do jornal O Município Joinville como pensou nos cenários
A tradicional Festa das Flores de Joinville começou a 82ª edição nesta terça-feira, 15, e vai até domingo, 20. No primeiro dia de evento, mais de 10 mil pessoas passaram pela exposição “Juntos outra vez”, uma celebração da diversidade dos jardins ao redor do mundo e do alívio em retornar com a tão esperada festa.
Confira como foi a criação do conceito e montagem da Festa das Flores 2022 em uma entrevista exclusiva com o paisagista da edição, Silvio Parucker.
A pandemia da Covid-19 abalou todos os aspectos da vida e não foi diferente para o joinvilense Silvio Parucker. Embora tenha sido o paisagista das últimas três edições da Festa das Flores, de 2017 a 2018, estava decidido em não participar da criação de 2022.
Quando a Agremiação Joinvillense de Amadores de Orquídeas (Ajao) entrou em contato para convidá-lo, já havia um conceito base para o evento: juntos outra vez. Por isso, nada mais justo que trazer o responsável pelo paisagismo de outras edições para compor o time da 82ª edição.
Silvio negou, mas a agremiação insistiu. “Você também, juntos outra vez”, recorda. Como o tema principal estava definido, era hora de colocar a criatividade para funcionar.
Foi então que Silvio aplicou o que ensina para os alunos de Arquitetura da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde ministra aulas. “Para ter cada vez mais criatividade, você precisa colocar o pé no chão, tem que pegar o mundo”, diz o professor.
Como já morou na Alemanha e viajou por mais de 40 países, o paisagista decidiu unir as experiências pessoais com a paixão pela Festa das Flores. Foi quando surgiu a ideia de montar jardins de diversas regiões do mundo, com atenção às plantas e estilos que viu.
O intuito é unir os povos através do olhar que cada um tem para as plantas. “Visitei inúmeros jardins, desde Dubai, Turquia, Hungria, França, Itália, você começa a ver como cada povo trata o seu jardim, você vê o valor que cada povo dá”, conta Silvio.
“A ideia é justamente o retorno de um mundo ‘normal’, onde a gente possa conviver de novo, trabalhar junto e daí mostrar um pouco do mundo. Apontar alguns caminhos que mostrem esse respeito a outras ideias de jardins do mundo”, explica.
Com a primeira etapa pronta, chegou o momento de estudar a viabilidade de tudo que poderia ser feito.
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Para realmente ser “Juntos outra vez”, decidiram trazer obras de arte de Fritz Alt expostas na primeira edição da festa, oito décadas atrás. Duas peças foram emprestadas do acervo, “A Mulher do Espelho” e a “Vênus Loira”.
Além delas, o público da Festa das Flores pode apreciar a coleção “Fogo”, do artista Mario Avancini e uma peça de Luiz Henrique Schwanke, ambos renomados artistas de Joinville.
Na parte técnica do paisagismo, Silvio explica que é preciso ter em mente a valorização da orquídea, símbolo máximo da festa. Por isso, as flores ocupam espaço de destaque em toda exposição. “Essa é uma festa das flores, é um espaço que tem que emocionar”, diz.
A 82ª Festa das Flores tem mais de 1,8 mil orquídeas e 20 mil plantas ornamentais expostas no pavilhão da Expoville. “Você tem desde todas as orquídeas da região, os híbridos, a purpurata, as microorquídeas, as suculentas, cactos, plantas ornamentais e tem os bonsais”, conta Silvio. As plantas são principalmente de colecionadores de Joinville e Santa Catarina.
Já os lírios são encomendados de produtores de São Paulo. “Essas flores a gente precisa encomendar, uma espécie de leilão feito com antecedência para a gente saber quais estarão disponíveis.”
Para ser um arquiteto ou paisagista, Silvio explica que é preciso desenvolver a habilidade de enxergar na quarta dimensão. “Arquitetura não é um projeto estático, é um projeto dinâmico, eu tenho que entender a pessoa caminhando no espaço”, explica. Ele faz isso em croquis, esboços desenhados em papel.
O joinvilense conta que sempre soube que seguiria na área. “Eu lembro de ter cinco anos e meus pais cuidavam da exposição”. Ligados ao Rotary Clube, os pais de Silvio trabalhavam como voluntários no evento, que tinha exposições espalhadas pela cidade 50 anos atrás.
Poder fazer parte da produção da Festa das Flores é um sonho que se torna realidade a cada edição para ele.
Embora não tenha espaço ou tempo para colecionar orquídeas no momento, Silvio conta que já teve mais de 100 em casa. O arquiteto não consegue escolher apenas uma, mas afirma que as favoritas são as orquídeas híbridas, adquiridas através do cruzamento entre outras espécies. “Você tem uma coleção tão grande de híbridos, uma riqueza”, comenta.
Já sobre a cor, Silvio tem uma paixão especial pelas amarelas e alaranjadas. Para quem ainda não visitou a 82ª Festa das Flores, o paisagista tem um recado. “Que elas [as pessoas] venham aqui com o espírito de alegria e de contemplação, a gente precisa saber que as flores e o nosso meio ambiente são o nosso maior tesouro, são a razão das nossas vidas”, finaliza.
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