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Lírica completa 100 anos em Joinville; confira momentos que marcaram a história

Entidade é conhecida por eventos culturais que realiza em Joinville

O ano de 2022 marca o centenário da Lírica, sociedade joinvilense que preserva a cultura e costumes dos imigrantes alemães que moram em Joinville. Segundo a própria instituição, é uma das poucas entidades sociais que conseguiu manter as suas atividades tradicionais mesmo depois de tantas décadas.

A entidade, conhecida na região pelos eventos que realiza ao público, completa 100 anos de história nesta sexta-feira, 10. As atividades vão desde apresentação de corais, danças folclóricas e orquestra, até churrascadas que eram realizadas antigamente. Além dos grupos artísticos, ainda possuem um tradicional grupo de tiro ao alvo.

1. Criação da sociedade

Um grupo de 16 homens decidiu criar o Gesangverein Liederkranz, que significa Sociedade Círculo de Cantores, em 10 de junho de 1922. O grupo animava bailes no salão de um dos fundadores, e era composto por operários, artesãos e pequenos agricultores. Em 1926, o grupo decidiu incluir mulheres, que eram, em sua maioria, esposas dos fundadores.

Os 16 fundadores são:

  • Guilherme Korb
  • Jorge Ganzemmüller
  • João Wersdörfer
  • Carl Meyer
  • Alfredo Stock
  • Emílio Bergman
  • Alfredo Giffhorn
  • Erico Scharp
  • Alidor Schramm
  • Francisco Erdmann
  • Ricardo Rudin
  • Frederico Kamnradt
  • Pedro Wersdörfer
  • Germano Schulz
  • Carlos Daberkow
  • Gustavo Daberkow

2. Construção da própria sede

Em 1938, o Brasil passou pela campanha de nacionalização, no governo do ex-presidente Getúlio Vargas, e assim o idioma alemão passou a ser proibido em território nacional, e mesmo assim a sociedade continuou com as atividades. A entidade seguiu realizando bailes em salões da cidade e iniciou nessa época a arrecadação de fundos para construir sua própria sede.

Antigo coral da Lírica | Lírica/Divulgação

Em 1969, foi realizada a compra do terreno de 1.720 metros quadrados, na rua Max Colin, que abriga a sede até os dias de hoje. Somente em 1975 foi construída a primeira parte da estrutura. “Não fizemos um projeto e construímos do começo ao fim de uma vez só. Fomos construindo aos poucos, as vezes entrava dinheiro para pintar uma área, a gente pintava e assim foi”, diz Osvaldo Hinsching, presidente da entidade há 18 anos e associado desde 1984.

Lírica/Divulgação

A obra tinha apenas 120 metros quadrados no começo, onde os ensaios eram realizados e eram preparadas as churrascadas para as festas populares que a entidade realizava na época. Em 1980, a Lírica construiu o salão principal, que adicionou 540 metros quadrados. Já em 1985, foi construída a fachada em estilo enxaimel, tradicional na Alemanha, foi quando a sede teve sua inauguração total.

Segundo o presidente da Lírica, a obra foi executava por boa parte dos associados voluntariamente. “As senhoras tiveram grande participação (na construção), nos eventos de bazar e nos trabalhos da cozinha”, diz Osvaldo. “A sede que nos abriga até hoje não foi construída com dinheiro de alguma grande empresa, e sim com muito trabalho de todos que faziam parte da Lírica, que na sua maioria eram operários”, completa.

Sede da Lírica | Kevin Banruque/O Município Joinville

3. Criação de grupos folclóricos e musicais

Após a construção da sede, em 1989, foram criados grupos de danças folclóricas, idealizados pela professora Regina Colin, que coordenou o grupo formado por filhos e filhas de associados.

Na mesma época, foram criados grupos musicais de flauta doce e transversal, teclado, e outro grupo de teatro. A sociedade também passou a ter um grupo de tiro ao alvo-seta, que reuniu muitos associados adeptos ao esporte.

Esses grupos fizeram tanto sucesso que foi criado o Encontro de Grupos de Dança Folclórica de Joinville, que reunia anualmente 500 integrantes. “Esses eventos eram tão grandes que buscamos lugares mais amplos na época, como o Ginásio Ivan Rodrigues”, relembra o presidente.

Noitada teuto brasileira em 1987 | Foto: Lírica/Divulgação

Na década de 1990, o Brasil enfrentava a hiperinflação, que diminuiu o poder de compra de boa parte da população e essa crise atingiu a entidade. “Percebi que no começo da década de 1990 tivemos uma queda na participação desses grandes encontros, as pessoas começaram a ficar sem dinheiro e por isso ficavam mais tempo em casa”, recorda.

Apresentação do coral infantil | Lírica/Divulgação

4. Visitas e viagens internacionais

A partir de 1992, muitos grupos, bandas, corais e teatros vieram da Alemanha e Áustria para se apresentar na Lírica. Eles se hospedavam na casa dos associados. Essa parceria resultou em uma turnê da Lírica na Alemanha em 1995, onde também foram hospedados pelos amigos do país.

Depois da viagem para a Alemanha, a Lírica resolveu realizar outras viagens para a realização das apresentações. “Fomos muito bem recebidos na Alemanha, da mesma forma que recebemos nossos amigos aqui em Joinville, foi inesquecível”, relembra Osvaldo.

Dessa forma, o grupo percebeu haver imigrantes em outras regiões do Brasil, e organizaram outras viagens para realizar apresentações. Foram ao Chile em 1999, ao nordeste brasileiro em 2002, ao Espírito Santo em 2005, e ao Oeste de Santa Catarina em 2011.


5. Criação dos concertos matinais

Na área cultural, desde 2002, a Lírica realiza concertos matinais mensalmente aos domingos, onde são realizadas apresentações de orquestras, corais e grupos musicais, sempre aberto ao público. As apresentações foram suspensas durante dois anos, ao longo da pandemia da Covid-19, e já foram retomadas.

A entidade também realiza a Lírica Kneipe, uma noite germânica, que vem sendo uma atração muito significativa para a entidade. Também é gratuita e realizada todo mês. Assim como os concertos matinais, foi suspensa durante a pandemia da Covid-19.

Há também a participação de crianças nas atividades culturais, com o coral infanto-juvenil. Todas essas atividades são patrocinadas por projetos do poder público municipal e federal. O grupo de dança folclórica e a equipe de tiro ao alvo são custeadas por recursos próprios da entidade.

Grupo de dança folclórica | Lírica/Divulgação

A Lírica é sustentada principalmente por recursos próprios. A entidade possui 30 associados, a maioria com mais de 40 anos de casa. Esse número menor em comparação com décadas anteriores. “Percebemos que antigamente as pessoas eram mais participativas, havíamos mais pessoas envolvidas na dança folclórica, por exemplo, e atualmente há uma baixa participação”, afirma o presidente.

Para os próximos anos, os desafios são trocar a presidência e aumentar o número de associados, além de crescer a participação do público nas atividades. “Muita gente fala que não largo do osso por estar há 18 anos na presidência da Lírica, mas a questão é que não temos ninguém disposto a assumir”, diz Osvaldo.

Ao longo da pandemia da Covid-19, a entidade esteve com algumas atividades interrompidas. Atualmente, o objetivo é retomar as atividades culturais e fazer com que o público participe. Conforme o presidente da Lírica, o retorno da noite germânica e os concertos matinais são importantes para receber o público novamente e voltar a ter mais prestígio na cidade.

Confira mais fotos antigas da sociedade:

Lírica/Divulgação
Lírica/Divulgação
Lírica/Divulgação
Lírica/Divulgação
Lírica/Divulgação
Lírica/Divulgação
Lírica/Divulgação
Lírica/Divulgação

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