Livro que reúne testemunhos inéditos de caso criminal que chocou Santa Catarina é lançado
Escrito pelo jornalista Otávio Timm, “Um tiro na colina” esgotou na pré-venda e agora conta com número limitado de exemplares disponíveis
Escrito pelo jornalista Otávio Timm, “Um tiro na colina” esgotou na pré-venda e agora conta com número limitado de exemplares disponíveis
O jornal O Município, em parceria com o jornalista Otávio D’ávila Timm, lançou na última semana o livro “Um tiro na colina”, que reúne testemunhos inéditos sobre a morte misteriosa do empresário Ivo Renaux, que abalou Santa Catarina nos anos 40. A obra integra a programação de 70 anos do jornal de Brusque, celebrados em junho.
O lançamento ocorreu no dia 30 de julho e já é possível adquirir um exemplar de “Um tiro na colina”. O valor da obra, que foi produzida em quantidade limitada em versão de capa dura, é de R$ 69,90.
Para adquirir um exemplar basta entrar em contato através do WhatsApp (47) 99787-3778, ou preencher o formulário https://forms.gle/uDC5nYEUrbsZL4fT7. O envio dos livros vendidos no lote atual acontecerá a partir do dia 15 de agosto. Métodos de pagamento: Pix e cartão de crédito (via link).
O livro traz testemunhos inéditos da misteriosa morte do empresário brusquense, ocorrida em 1949, na Villa Ida, mansão localizada dentro do terreno da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux.
O processo criminal do caso é considerado o maior e mais emblemático da história da Brusque. Inclusive, foi amplamente noticiado na época pelo antigo periódico A Notícia, de Joinville.
Entre os relatos únicos e exclusivos presentes no livro estão o de Edla Boos, que até março deste ano era a única testemunha viva do caso que estava próxima à cena da tragédia, e o de Valtrudes Ebel, irmã de Leonida e Elvira, empregadas da Villa Ida que foram testemunhas-chave no caso.
O empresário Luciano Hang, atual proprietário do complexo Renaux, que abrange a mansão onde ocorreu a tragédia, e Rolf Bückmann, que estava na parte externa da Villa Ida naquela manhã são outros dois personagens importantes entrevistados.
Rolf, que foi o último presidente da Fábrica de Tecidos Renaux (Fatre), é filho de Erich Bückmann, a primeira pessoa a ver o corpo de Ivo por inteiro.
Além de entrevistas reveladoras, a obra também apresenta uma síntese do caso, uma planta baixa da mansão onde ocorreu a tragédia, uma árvore genealógica dos personagens e uma série de relatos do próprio autor sobre a trajetória percorrida.
Ivo é neto do cônsul Carlos Renaux, que com forte espírito empreendedor, fundou a primeira fábrica de tecidos de Santa Catarina e se transformou num dos principais industriais do estado e do Brasil.
Apaixonado pelo progresso, o cônsul criou a Fundação Cultural e Beneficente Cônsul Carlos Renaux para financiar projetos que beneficiassem a cidade de Brusque. Graças a essa fundação, Rudolfo Stutzer conseguiu montar a oficina onde foi produzida a primeira geladeira brasileira.
Na pequena oficina localizada na rua Tiradentes, em Brusque, dois homens curiosos e idealistas, Guilherme Holderegger e Rudolfo Stutzer, fabricavam anzóis, fios elétricos, peças para bicicletas e realizavam consertos diversos, até que um dia receberam uma geladeira a querosene importada para consertar.
Naquela época, as geladeiras no Brasil eram todas importadas e só estavam nas casas das pessoas muito ricas. Os dois desmontaram a geladeira, estudaram cada parte dela, e embarcaram no que era então uma grande aventura: fabricar o primeiro refrigerador brasileiro.
Com o apoio de Wittich Freitag e financiamento do cônsul Carlos Renaux, de quem Stutzer era motorista e amigo, o primeiro refrigerador foi batizado de Consul (sem acento), em homenagem ao benfeitor.
Quando a oficina se transformou em fábrica, em 1950, em um pequeno galpão de 680 metros quadrados na cidade de Joinville, o nome Consul foi mantido, dando origem à Indústria de Refrigeração Consul. O primeiro refrigerador, chamado de Consul Júnior, que funcionava a querosene com resistência elétrica, rapidamente se tornou um grande sucesso.
Nos registros corporativos da empresa, Carlos Renaux, Guilherme Holderegger, Rudolfo Stutzer e Wittich Freitag são listados como fundadores.
Otávio começou a pensar em escrever o livro em abril de 2022, quando produziu um Trabalho de Iniciação Científica (TIC). O projeto buscou discutir o comportamento da imprensa na época do caso. Orientado pela professora da Univali, Vera Lucia Sommer, o TIC recebeu nota máxima na banca de avaliação.
“Foi naquele momento que percebi que meu fascínio pelo caso também deveria ser abordado no meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), e foi isso que fiz. No entanto, era preciso procurar uma abordagem nova e interessante. Essa busca por inovar em um assunto discutido há mais de 70 anos me acompanhou em todos os processos de construção da obra. Quando o TCC foi apresentado, tive uma resposta muito positiva. Isso serviu de combustível”, conta o jornalista.
Otávio relata que uma das barreiras para concluir o livro foi encontrar fontes que estivessem vivas e dispostas a falar sobre o caso. Após tantas décadas, muitos personagens interessantes já haviam falecido.
“Os testemunhos inéditos relatados na obra são frutos de uma pesquisa longa e árdua. Bati em muitas portas e fui muito bem recebido pelas fontes. Muitas delas nunca haviam falado publicamente sobre o caso. A obra, de certa forma, se tornou um espaço para que as pessoas pudessem falar o que haviam guardado para si por mais de 70 anos. Para mim, foi um privilégio poder ouvir os entrevistados. O Caso Ivo Renaux possui muitas perguntas não respondidas e fui atrás de muitas delas”.
O livro, publicado pela Editora Estrada de Papel, é o primeiro lançamento sobre o caso desde a obra de João Carlos Mosimann, “Tragédia e Mistério na Villa Renaux”. Esgotado desde 2006, o best-seller de Mosimann é amplamente reconhecido e celebrado na obra de Otávio.
“O trabalho único de Mosimann foi uma grande inspiração para mim. Fiz uma leitura aprofundada de sua obra e, a partir dela, busquei trazer novas perspectivas e personagens. O caso só virou peça de teatro e ganhou a notoriedade que tem graças ao esforço dele. São obras com objetivos diferentes, mas que certamente caminham juntas na narrativa central”, conta o jornalista.
“Um Tiro na Colina” conta com a revisão de Andrei Paloschi, diretor de Jornalismo e Operações de O Município, Marcelo Reis, editor-executivo de O Município, e dos escritores Saulo Adami e Isabeli Nascimento, também colaboradora do jornal. A capa é de Diego Martins, de O Município, e a diagramação é de Nice Cipriani Gonçalves.
Assista ao trailer de lançamento:
No dia 30 de julho de 1949, às 9h30, um forte estampido ecoa na Villa Ida. O barulho assusta as empregadas da casa, que correm em direção ao segundo andar, de onde veio o forte som.
No alto da escada, encontram a patroa, Dagmar Sylvia Renaux, bastante nervosa, que logo ordena que voltem para o térreo, sugerindo que o barulho foi resultado da queda de um quadro, como já aconteceu anteriormente.
Os minutos passaram e a rotina na mansão seguiu normalmente. Por volta das 10h40, Amália Boos, uma das empregadas da casa, foi até o andar de cima e, pela porta entreaberta do quarto, viu o patrão, Ivo José Renaux, deitado na cama do casal com a aparência estranha.
Ela chamou-o três vezes, sem resposta. Decidiu então entrar no quarto e se deparou com Ivo muito pálido, deitado de barriga para cima, com as mãos postas sobre o tórax e o abdômen e coberto até o pescoço. Ivo, à época com 32 anos recém celebrados, estava morto.
A morte causou espanto entre os moradores de Brusque e foi capa de jornais de todo o Sul do Brasil A esposa de Ivo na época dos fatos, Dagmar Renaux, foi acusada de ter matado o marido com um tiro na cabeça (ferimento causador da morte).
O desfecho da história, porém, surpreendeu a todos na época, fazendo com que o Caso Ivo Renaux se tornasse uma lenda transmitida de geração e geração.
Otávio D’ávila Timm nasceu em Pelotas (RS) em 2000. Jornalista formado pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), desenvolveu suas atividades profissionais no jornal O Município, de Brusque, onde ingressou como estagiário em 2021.
Paralelamente às atividades como jornalista, tem por hobby a pesquisa sobre casos criminais e personagens importantes da cultura brasileira. Entre os textos publicados, também teve a honra de colaborar com matérias de pesquisa histórica para o jornal O
Município Blumenau.
Mudou-se para Brusque em 2012 e estabeleceu forte ligação com membros de famílias tradicionais da cidade, o que serviu de combustível para vários trabalhos publicados, entre eles “Um tiro na Colina”, que marca a estreia do autor na literatura.
Após retorno aos palcos, Rudi e Willy se reúnem com Sargento Junkes para contar piadas: