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Mãe denuncia intolerância religiosa após filha ser agredida em escola de Joinville

Aluna disse que a religião da umbanda era coisa do "demônio". Família registrou boletim de ocorrência

Pricylla Bianchi é mãe de uma adolescente de 16 anos e denunciou nas redes sociais caso em que a filha foi vítima de intolerância religiosa durante aula em uma escola de Joinville. A postagem repercutiu nas redes sociais nesta quarta-feira, 27. O Movimento Negro Maria Laura também se manifestou sobre o acontecimento.

Na denúncia, a mãe conta que a filha, que frequenta a umbanda, foi agredida por uma colega de classe. A motivação da agressão teria sido intolerância religiosa.

“Durante a aula de educação física, na cantina, onde conversava com um amigo sobre a nossa religião, que é a umbanda, uma garota, também menor, escutou a conversa e começou a se alterar dizendo que nossa religião era do demônio e se minha filha era umbandista, também cultuava o demônio”, diz na publicação.

Após ser agredida e ter braços e rosto machucados, a jovem não recebeu atendimento médico, informou a mãe. “A escola, por sua vez, negligenciou atendimento médico e disse a minha filha que ela teria que mudar de turno, pois era inadmissível uma discussão por religião, que era ridículo e minha filha estava errada por defender sua fé”, afirma a denúncia.

A adolescente realizou exame de corpo de delito e a família registrou boletim de ocorrência contra a jovem e a rede municipal.

Arquivo Pessoal

Repercussão

O Movimento Negro Maria Laura repercutiu a denúncia da família em suas redes sociais. Com a denúncia, o grupo também falaram sobre o combate ao racismo na cidade.

“Combater o racismo, em hipótese alguma, deve ocorrer somente quando uma violência acontece ou em datas comemorativas, isso aponta a falta de conhecimento em torno das leis da educação brasileira no que tange às relações étnico-raciais, assim como o próprio Estatuto Promoção da Igualdade Racial”, destaca o movimento social.

Na postagem, o movimento cita o caso em que uma servidora foi afastada após a cantora Amazona MC denunciar racismo em uma reunião que nomeava novos representantes do Conselho Municipal de Cultura.

Cinco dias depois, a diretora-executiva da Secretaria de Cultura e Turismo de Joinville, Francine Olsen, ao comentar sobre o caso, disse que também sofre preconceito por ser mulher, branca e loira. A diretora foi criticada pelo Movimento Negro Maria Laura (MNML).

Por nota, o grupo citou não querer diminuir a dor e sofrimento das pessoas, porém, questiona o conteúdo das falas. “Pessoas brancas não morrem apenas por serem brancas, não sofrem com o racismo institucional”, dizia o texto publicado pelo movimento social no episódio.

“Falta de política pública de combate ao racismo em suas diversas formas, e aqui devemos dizer que é assim que se manifesta o racismo religioso, institucional e estrutural”, também diz a postagem publicada nesta quarta-feira.

Prefeitura se manifesta

A Prefeitura de Joinville se manifestou sobre o caso por meio de nota e informou que a Secretaria de Educação foi notificada sobre o caso envolvendo duas estudantes da Escola de Jovens e Adultos (EJA) nesta terça-feira, 26.

Segundo a nota, a direção da unidade prestou assistência à aluna que teve ferimentos e comunicou a mãe da jovem sobre a situação logo após o ocorrido. No mesmo dia, a mãe da aluna e a diretora da EJA tiveram uma reunião sobre o ocorrido.

A conversa faz parte da apuração dos fatos para que se possam determinar os próximos passos a serem adotados pela gestão da Secretaria de Educação.

A Prefeitura de Joinville diz na nota que defende o respeito à diversidade e que propaga este princípio em todas as suas unidades, inclusive de forma multidisciplinar como tema transversal.


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