Tânia Rêgo/Agência Brasil
Mais de 650 motoristas se recusaram a fazer o teste do bafômetro em Joinville em 2024; confira dados
Homens representam 68% do total
Em 2024, 655 motoristas se recusaram a fazer o teste do bafômetro durante fiscalizações de trânsito em Joinville. A maioria das recusas, cerca de 68%, foi de homens. O número representa uma queda em relação aos anos anteriores. Os dados são do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina (Detran-SC).
Entre os 655 motoristas que recusaram o teste do bafômetro em 2024, a maioria é do sexo masculino. Foram 446 homens, o que representa cerca de 68% do total. A maior parte das recusas ocorreu nas faixas etárias de 30 a 39 anos (147 casos) e 20 a 29 anos (133 casos).
Já entre as mulheres, foram registradas 37 recusas, o que corresponde a menos de 6% do total. A maioria dos casos também se concentrou entre 20 e 39 anos, com 11 motoristas na faixa de 20 a 29 anos e 14 entre 30 e 39 anos.
O levantamento do Detran-SC ainda aponta 172 recusas em que o sexo não foi identificado. Desses, 94 não tiveram a idade especificada. Entre os que tiveram a faixa etária registrada, a maior parte estava entre 40 e 59 anos. Esse grupo representa cerca de 26% do total de recusas em 2024.
Índice diminuiu nos últimos anos
Nos anos anteriores, os números vinham sendo mais altos. Em 2022, foram 1.563 recusas registradas na cidade. Já em 2023, o número caiu para 920. A tendência de redução se manteve em 2024, com 655 motoristas recusando o teste. Já em 2025, até o momento, foram contabilizadas 233 recusas.
Para o 2º tenente da Polícia Militar de Santa Catarina, Moisés dos Santos Soares, a queda no número de motoristas que se recusam a fazer o teste do bafômetro em Joinville está relacionada ao aumento da fiscalização nas ruas. Segundo ele, a PM realiza operações quase todos os dias, algumas com foco exclusivo no teste de alcoolemia, o teste do bafômetro.
“Quanto mais a gente fiscaliza, mais a população vai se sentir fiscalizada e vai saber que não pode dirigir e ingerir bebida alcoólica”, afirma o policial. Ele acredita que a presença constante das equipes nas ruas ajuda a reforçar a consciência coletiva sobre os riscos e consequências da combinação entre álcool e direção.
Moisés ainda destaca que, diante do risco de autuação, muitos motoristas têm adotado estratégias alternativas. “O pessoal acaba usando mais aplicativos de transporte ou fazendo aquela estratégia do ‘motorista da rodada’, e assim por diante”, comenta. “Isso porque a multa é muito pesada, além de perder a carteira temporariamente e levar todo um processo administrativo que dá uma dor de cabeça pra quem é autuado”, completa.
Mais notificações nos fins de semana
De acordo com os dados do Detran-SC, a maioria das recusas foi registrada durante os fins de semana, com destaque para os sábados, que concentraram 29,4% dos casos, e os domingos, com 26,4%. Os meses com maior número de notificações foram junho, com 76 registros, e dezembro, com 71.
O tenente Moisés destaca que o aumento das recusas no fim de semana está ligado ao maior número de festas e eventos sociais nesses dias. “O pessoal sai mais pra se divertir e acaba ingerindo bebida alcoólica, então, nesse sentido, é normal que as nossas operações ocorram nos finais de semana”, diz.
O padrão de recusas ao teste do bafômetro concentrado nos finais de semana indica um comportamento dos motoristas e influencia diretamente o planejamento das fiscalizações da Polícia Militar em Joinville. De acordo com Moisés, a PM baseia as operações aplicando análise criminal por meio de um programa de computador.
A ferramenta, chamada de Business Intelligence (BI), traz uma análise detalhada das ocorrências registradas na cidade, identificando, por exemplo, locais com maior número de furtos e acidentes de trânsito. “Todas as operações que a gente faz são baseadas em análise, por meio desse programa que compila todas as informações das ocorrências”, explica Moisés.
Segundo ele, o programa não mostra apenas os locais, mas também os horários e dias da semana com maior incidência de ocorrências. “Através dessas informações, a Polícia Militar efetiva as operações e a gente acaba tendo foco exatamente naquilo que mais acontece”, informa.
O que acontece quando um motorista recusa o teste do bafômetro?
O tenente Moisés explica que quando um motorista se recusa a fazer o teste do bafômetro durante uma fiscalização, é aplicada uma infração específica prevista no artigo 165-A do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A penalidade inclui multa de R$ 2.934,70, suspensão do direito de dirigir por 12 meses, recolhimento da carteira de habilitação e retenção do veículo.
“O veículo só é liberado no local se o motorista apresentar um condutor habilitado e que não esteja alcoolizado. Caso contrário, o carro é removido para um pátio conveniado”, explicou. Para retirar o veículo, o proprietário deve ir até o batalhão responsável pela abordagem, solicitar as guias administrativas e arcar com os custos de guincho e estadia.
Nos casos em que o motorista aceita fazer o teste e o resultado dá positivo, o procedimento depende da quantidade de álcool registrada. “Se a medição for entre 0,1 e 0,29 miligramas de álcool por litro de ar, o condutor comete apenas uma infração de trânsito”, explica o tenente. Nesse caso, as penalidades são as mesmas da recusa: multa, suspensão da CNH e retenção do veículo.
Já quando o teste acusa 0,30 ml/l ou mais, o motorista comete crime. “Nesse caso, ele é preso em flagrante e conduzido à delegacia para as medidas cabíveis”, afirma o policial.
Moisés ainda destaca que a recusa ao bafômetro não impede que o condutor seja preso. “Se a pessoa se recusa, mas apresenta sinais claros de embriaguez, como fala arrastada, desequilíbrio, vestes desalinhadas e cheiro forte de álcool, o policial pode lavrar um auto de constatação de embriaguez e reunir provas como testemunhas ou filmagens”, explica. A partir dessa constatação, mesmo sem realizar o teste do bafômetro, o motorista pode ser preso em flagrante. “Depois disso, as medidas administrativas já mencionadas continuam iguais”, explica.
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Imponente Palacete Schlemm, de Joinville, tem detalhes criados pelo artista alemão Fritz Alt: