Maurício Peixer fala sobre presidência da Câmara e planos para resto do mandato como vereador em Joinville
Peixer pontua os principais desafios da nova gestão e o que a população pode esperar dele nos próximos dois anos
Maurício Peixer (PL) deixa a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ) no fim de 2022. Após seis mandatos completos, esta foi a primeira vez dele como presidente da casa. O jornal O Município Joinville fez uma entrevista exclusiva com o vereador sobre os dois anos como presidente, os próximos dois anos de mandato, o novo presidente da CVJ Diego Machado (PSDB) e o papel dele no governo de Jorginho Melo (PL), governador de Santa Catarina recém eleito.
Nos seis mandatos anteriores, Maurício Peixer não havia alcançado a posição de presidente da Câmara de Vereador de Joinville. Embora seja político de carreira, conseguiu negociar a posição e foi eleito em chapa única em uma das composições com mais vereadores de primeira viagem da cidade.
Em 2020, apenas ele, Tania Larsson (União Brasil), Adilson Girardi (MDB), Claudio Aragão (MDB) e Sidney Sabel (União Brasil) já tinham ocupado o cargo antes. Os outros 14 foram eleitos pela primeira vez, com a mentalidade de instituir uma nova política. Nas palavras de Peixer, essa nova forma de fazer política é o alinhamento com o poder Executivo, mas também a independência total dos poderes.
Presidência da Câmara
O primeiro a apoiar o nome de Peixer para a presidência da casa foi o vereador Diego Machado (PSDB). Em uma eleição que Peixer diz ter sido traumática, ele teve que articular com a nova leva de vereadores eleitos, que queriam pessoas novas também na presidência.
“Mas eu convenci eles, então, o primeiro que eu tive o contato e um compromisso foi o Diego, que agora se elegeu presidente. Nós dois fizemos um pacto de apoio. Ele me apoiava e depois eu apoiaria ele. E eu mantive isso”, explica Peixer. Além de Diego, ele convenceu outros sete vereadores, como os do partido Novo e o próprio prefeito Adriano Silva.
“Graças a essa articulação política que nós tivemos de ter esse apoio, acabou que quatorze vereadores votaram em mim. Teve uma uma facilidade muito grande de conversa”, completa. Mas ele reforça que o alinhamento com o Executivo é para permitir governabilidade. Ele diz que a Câmara é independente.
Na eleição de 2022, Peixer ajudou Diego a articular uma base e orientou como seguir nos próximos dois anos. O voto do atual presidente estava garantido, assim como o combinado. “Os outros ele tem que conquistar e ele fez isso, ele conquistou e a gente ajudou também”, diz o vereador do PL.
Nova política, mesmo ator
A presidência de Maurício Peixer veio em um momento de desgaste da Câmara, segundo o próprio vereador. “As atitudes dela não eram boas, não agradavam a população, foi feita essa mudança toda. Foi a maior que eu vi de mudança de vereadores. Então, a partir disso, com os novos vereadores e o presidente, eu pude empreender e tomar atitudes que pudessem trazer a credibilidade novamente pra cá”, analisa.
No tempo que passou como líder da casa, Peixer destaca algumas ações da nova política, como a CPI do Rio Mathias, que ele afirma não ter acabado em pizza; os cortes de gastos com o fim da verba de gabinete, as diárias de viagem, carros e celular pagos pela Câmara. “A Câmara, com as suas atitudes todas, mostrou à população que realmente estava promovendo uma mudança”, pensa Peixer.
Embora ele cite os cortes de gastos como positivos devido à vontade da população, entende que também pode trazer malefícios ao trabalho do vereador. Isso porque às vezes é necessário ir até Brasília a trabalho, por exemplo, e o custo da viagem precisa sair do bolso do vereador.
Peixer lembra que os carros também eram muito úteis para os assessores cumprirem as agendas com os vereadores e reconhece que eram importantes. “Agora cada vereador paga o seu”, diz.
Mudanças concretizadas
Sobre a gestão 2020-2021, ele ressalta ainda que as sessões passaram a começar no horário correto e que o índice de falta talvez seja o menor de todos os tempos. Outro ponto alto para ele foi o envolvimento da comunidade. Segundo o vereador, foram feitas diversas audiências públicas sobre o Plano Diretor, que ficou três anos parado.
“Nós aprovamos esse ano o Plano Diretor, com várias emendas movidas pelos vereadores e que vai melhorar a cidade, principalmente na sua expansão, no crescimento e ordenamento”, explica. Peixer relembra da desburocratização promovida pela casa e o Executivo, além da lei que aprovou a construção ao lado de rios.
A lei permite a construção de empreendimentos há cinco metros de córregos tubulados e 15 metros em áreas de rio. “Juntamente com o Executivo, fomos muito fortes nas mudanças das leis de projetos importantes para cidade de Joinville”, conclui.
Outros destaques que ele cita da gestão são: código do empreendedor, a redução do impacto tributário de clubes sociais e culturais, que passam a pagar 50% do valor do IPTU (quando utilizado pela prefeitura, a tarifa é zerada), a redução do ISS para o setor do turismo e eventos, a renovação do sistema de suporte da câmara e da internet. Em fevereiro de 2023, o novo cabeamento de fibra óptica deve ser finalizado.
“A Câmara está sucateada, sucateada mesmo”, lembra sobre o início da gestão, quando iniciou as reformas estruturais. Quando foi construído, o prédio da CVJ não tinha alvará, que foi emitido durante a gestão de Peixer, segundo ele. “Só falta o guarda corpo, mas foram feitas quatro licitações sem sucesso, pois envolve aço, ferro, que aumentaram muito o preço”, explica o vereador.
Desejos não concretizados
Embora os dois anos tenham sido produtivos para o vereador, ele conta que nem tudo que planejou foi possível concretizar. Um dos desejos que Maurício Peixer tinha era o desenvolvimento do átrio da Câmara de Vereadores, que está desocupado no momento. “Para poder acolher pessoas, uma área urbanística eu diria, também com uma nova galeria com foto de todas as legislaturas anteriores”, explica sobre os planos frustrados.
Peixer também confessa a defasagem no quadro de servidores da Câmara. Por isso, gostaria de ter feito um concurso público para criar uma controladoria efetiva na casa. Ele diz que o pedido está com o Tribunal de Contas. Até ser concretizado, assessores de vereadores se dividem para realizar o trabalho.
Segundo Peixer, faltam dois procuradores, um controlador e um assessor financeiro.
Nova Mesa Diretora
“A mesa diretora vai dar continuidade, até porque o vereador Diego participou da construção de tudo isso”, conta Peixer entusiasmado com a gestão de Diego Machado. Ele espera uma participação intensa da Câmara na articulação do Plano Viário, fiscalização intensa das três pontes que devem ser construídas em Joinville, duplicações, elevados e manter a moral da casa.
“Isso eu já pedi pra ele. Vamos manter a casa com moral, moral de que essa credibilidade os munícipes olhem pra nós e vejam eles estão fazendo a coisa correta eles estão nos representando realmente”, conta Peixer.
Um desafio para os próximos dois anos, apontado por Peixer, são as leis que regulamentam o Plano Diretor. Ele cita o Vale Verde, que precisa ser estudado para permitir uma ocupação adequada. Outro enfoque que a nova gestão deve ter é o estabelecimento de uma área industrial na Zona Sul, segundo o vereador.
Entre os pontos que Peixer defende como primordiais para o início da gestão de Diego Machado, são essenciais a implementação da rádio e televisão da câmara, em rede aberta. Peixer reforça o esforço que fez durante os dois anos de gestão para equipar a equipe de comunicação da CVJ, conseguiu autorização da Anatel e a doação da antena de transmissão de rádio da Eletrosul.
“Está pronta para entrar no ar, mas vai ficar para o próximo presidente”, conta o vereador. Sobre a televisão, a CVJ tem direito a um tempo no canal do legislativo em TV aberta. Faltam apenas os aparelhos transmissores que devem ser enviados pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), que já abriu licitação de compra.
Peixer também deixou encaminhado o novo sistema de suporte do legislativo, que vai precisar ser colocado em prática unido ao novo site da casa. Esse novo site vai criar uma plataforma que coloca o munícipe em contato direto com o vereador. “Vai eliminar todo tipo de papel, vai ser tudo eletrônico, assinatura, votação, painel eletrônico, e a transparência para população. A câmara na palma da sua mão”, explica a proposta.
Próximos anos de legislatura
Até o fim do mandato, Maurício Peixer ainda tem dois anos para trabalhar como vereador. Como primeiro suplente de deputado estadual, Peixer acha pouco possível ser chamado por Jorginho Mello para compor o governo como secretário. Ele pretende cumprir o mandato de vereador, mas reforça estar aberto para as possíveis dinâmicas que possam vir. “A política é muito dinâmica”, pontua.
O vereador ainda promete manter o foco do mandato em questões urbanísticas e acompanhar de perto o governo do estado, do colega de partido Jorginho Mello. Embora não tenham conversado muito após a eleição, Peixer afirma que o atual senador e futuro governador Jorginho Mello, destinou R$ 5 milhões em emendas para o Hospital São José.
Essa contrapartida para pagar as contas do hospital é esperada pelo vereador do governo do estado também, tecla que ele promete bater junto a CVJ. “Essa participação do governo do estado no Hospital São José eu vou cobrar”, garante.
Por ser aliado político do governador eleito, Maurício Peixer garantiu que vai acompanhar a proposta para implantação do Programa Faculdade Gratuita. A promessa de transformar as faculdades do Sistema Acafe em faculdades gratuitas foi defendida por Jorginho durante a campanha, mas Peixer vê o assunto com cautela. “Eu vejo que não vai dar pra pagar pra todos os cursos, aí ele deve começar com alguns critérios eu não sei quais os critérios”, finaliza.
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