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Mayara Colzani fala em anular dívida pública, empresa pública de transporte e tarifa zero

Nona candidata da sabatina com os concorrentes a prefeito foi entrevistada pelo jornal O Município Joinville nesta sexta-feira, 23

Naturalidade: Itajaí
Profissão: Estudante
Grau de instrução: Ensino superior incompleto
Número na urna: 50

Confira o perfil completo de Mayara Colzani.

Mayara Colzani é a nona entrevistada da série de sabatinas ao vivo do jornal O Município Joinville que conversará, até 6 de novembro, com todos os 15 candidatos a prefeito da cidade.

Estudante de Medicina Veterinária, atualmente é estagiária em um hospital veterinário da cidade para ajudar a custear a faculdade. Mayara, militante da corrente esquerda marxista, começou sua trajetória política aos 13 anos e já foi assessora do ex-vereador Adilson Mariano.

Esta é a primeira vez que concorre a prefeita de Joinville. A candidatura, em chapa pura, conta com o vice Francisco Aviz, também estudante.

Durante a transmissão, defendeu a anulação da dívida pública da prefeitura de Joinville. Em sua proposta, este dinheiro seria investido em serviços públicos, como saúde, educação e transporte.

Também citou a contratação de mais profissionais via concurso público, disse que os serviços de interesse da população devem ser de responsabilidade da prefeitura e não da iniciativa privada e explicou seu projeto de aplicação do imposto progressivo.

Mayara também citou a criação de uma empresa pública de transporte, defendeu tarifa zero aos trabalhadores e se posicionou contrária à conjuntura de concessões com empresas privadas.

Além disso, criticou os governos federal e estadual, afirmou que a Câmara de Vereadores de Joinville é a “casa do povo” e, caso seja necessário, disse que não exitaria em convocar o povo para ir à Casa. Além disso, frisou que não governará para “patrões e generais”.

Assista a entrevista na íntegra:

Anulação da dívida pública

Durante a transmissão, Mayara Colzani citou que a dívida pública atual da Prefeitura de Joinville é de cerca de R$ 396 bilhões e defendeu anulação do pagamento deste déficit a fim de investir em serviços públicos.

Além disso, caso eleita, pretende fazer um auditoria desta dívida para saber onde foram empregados estes gastos, por que a dívida existe e informar a população joinvilense sobre este dinheiro.

“A gente paga um dívida que não é nossa. Não foi nós que criamos, não foram os trabalhadores, não foi a juventude. E isso implica diretamente na falta de serviços públicos aqui em Joinville, no estado e no Brasil todo. Por isso defendemos a anulação”, afirma.

Concursos e imposto progressivo

Em sua proposta de governo, Mayara pretende investir o dinheiro que vai para dívida pública em saúde, educação, e no transporte público. Ela defende que os serviços de interesse da população devem ser de responsabilidade da prefeitura, não de iniciativas privadas.

Na questão da educação, propõe a “abertura imediata” de um concurso público para efetivar a contratação de profissionais para atenderem a demanda do município.

Ao seu ver, a educação “é um direito que foi conquistado a duras penas”, portanto, “é preciso aumentar o número de professores, e não enxugar”.

Assim como na educação, na cultura defende a ampliação da Casa da Cultura e a contratação de mais profissionais. Ela afirma que os editais não são suficientes para resolver os problemas enfrentados pela pasta, que teve investimento de 0,03% no ano passado, cita.

Além disso, em seu plano de governo, menciona o fim dos patrocínios privados a partir de renúncia fiscal. “É necessário garantir tudo aos trabalhadores para que tenham acesso à cultura”, diz.

Ela também propõe tornar público o serviço de coleta de lixo e, consequentemente, daria fim às concessões com empresas privadas. Para custear o serviço, defende a cobrança de imposto progressivo.

“Incluiria o IPTU e os impostos no geral. A gente defende que quem ganhe mais, pague mais, e quem ganhe menos, pague menos. Ou até aqueles que não tenham condições, sejam isentos”, explica a candidata.

A proposta inclui, igualmente, não fazer licitação para o transporte e para obras públicas, como as de macrodrenagem do rio Mathias, por exemplo. Para ela, o compromisso da candidatura não é com os empresários, “mas sim com os trabalhadores que movem a cidade”.

“A gente pensa na prefeitura como um gerador de empregos. O que mais vai gerar empregos e render do que a abertura de concursos públicos na cidade?”, questiona.

Mobilidade urbana e tarifa zero

Questionada sobre possíveis obras e estratégias para melhorar o trânsito da cidade, Mayara disse que a mobilidade precisa ser pensada em forma de conjunto e a questão está diretamente atrelada ao transporte público.

Para ela, se haver investimento no serviço de transporte para que seja acessível a toda população, as pessoas vão optar mais por andar de ônibus do que em carros e, consequentemente, isso desafogaria o trânsito.

“Porque hoje o que que acontece, as pessoas estão cada vez mais cansadas de ficar enlatadas como sardinha no ônibus. É por isso a gente propõe a empresa pública de transporte, que será administrada pelos trabalhadores e com tarifa zero”.

Neste caso, a licitação do transporte público exigida judicialmente até 2023 não seria feita. Para custear o serviço, usaria o dinheiro dos impostos e o que é pago em dívida pública.

“E não é uma ilusão, a gente já vê cidades do país como Cuiabá que tem passe livre estudantil, por exemplo. Então, quando falamos do investimento necessário para cada área na cidade, que vai ser levantado no nosso governo, é junto às necessidades imediatas dos trabalhadores. Isso significa a defesa de todo o investimento necessário”, enfatizou.

Minoria na Câmara

Durante a conversa, Mayara também foi questionada sobre a possibilidade de ter uma minoria de candidatos da base de seu governo na Câmara de Vereadores de Joinville e possíveis estratégias para aprovação de projetos.

Com seis candidatos a vereadores lançados pela sigla, a psolista disse que, caso sejam eleitos, irão governar para os trabalhadores e para a juventude e, como a Câmara de Vereadores é “a casa do povo”, caso um projeto de interesse da população seja travado por um “candidato de direita”, disse que não exitará em convocar o povo.

“Eu vou convocar toda a população para irem até a casa do povo e exigir que esses vereadores que eles elegeram atendam, de fato, a reivindicação desses trabalhadores”.

A candidata também foi questionada sobre como implementar um governo de esquerda onde uma maioria da população votou em Jair Bolsonaro (sem partido). Ela respondeu que “as coisas e as pessoas mudam” e ressaltou que irá governar para os mais oprimidos e “inverter a lógica desse sistema”.

“Vamos nos colocar ao lado dos que sofrem diariamente as opressões com que a gente vive, então acho que esse desafio é daquilo que vemos todos os dias, onde temos um governo de ataques ao que a gente reivindica, ao que a gente luta. Seremos um governo de combate às colocações do governo federal”, salientou.

Apesar de contrária a parcerias com a iniciativa privada, afirmou que não pretende acabar com os pequenos empresários. Pelo contrário, afirmou, também promete ouvir as reivindicações do setor.

“As pessoas deturpam essa situação. A gente quer que esses pequenos comerciantes, por exemplo, sejam atendidos. Até porque, com a pandemia, foi um dos setores que mais sofreu, com abandono total. Hoje essa parte desses pequenos empresários que tem aqui em Joinville são os que mais sofrem por culpa do governo federal”, criticou.

Além de críticas ao governo de Bolsonaro, Mayara também disse que o governo estadual é totalmente o contrário de sua candidatura, principalmente pela proximidade que já existiu com o governo federal.

Ela também falou que a esquerda marxista, a corrente pela qual é militante desde jovem, foi contrária a uma coligação com o PT para a criação de uma frente de esquerda na cidade porque defende uma candidatura socialista e o partido “foi um governo de traições aos trabalhadores e a juventude”.


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