Menina morre e mãe acusa negligência médica em Joinville; hospital se manifesta
Criança morreu no início de fevereiro
Após a morte Mirella Pires, de 1 ano e 8 meses, em fevereiro deste ano, a mãe da menina, Jaqueline, de 34, moradora de Araquari, acusa o hospital da Unimed, em Joinville, de negligência médica e culpa os profissionais do local pelo óbito da filha.
O caso repercutiu nas redes sociais nesta semana após Jaqueline procurar meios de comunicação. O hospital se manifestou publicamente sobre o assunto, por meio de nota divulgada no Instagram.
Relato
Em 31 de janeiro Jaqueline foi ao hospital com filha. A menina estava com febre e não defecava há quatro dias. Ela diz que a filha estava com a barriga inchada.
Ao chegar lá, de acordo com Jaqueline, o médico pediu exames de urina e, após realizá-los, afirmou ser uma leve infecção. A mãe diz que foi mandada para casa com a filha e com receitas para remédios contra febre e gases. Após ser medicada, entretanto, a criança voltou a estar febril e começou a vomitar durante a madrugada.
A mãe retornou ao hospital com a filha, sendo atendida pelo mesmo médico. “Ele só colocou na observação de novo e, depois que exigi a presença dele, receitou remédio para vômito e a realização de um ultrassom”, conta.
A paciente alega que precisou ir sozinha até a sala do médico para ver os exames, sem ter recebido acompanhamento de outros profissionais. Lá, foi informada que a filha poderia estar com uma bactéria na bexiga, fezes no colo e íngua no intestino. Mesmo assim, o médico, segundo ela, teria indicado apenas soro.
Dias seguintes no hospital
Segundo Jaqueline, a filha recebeu novos medicamentos e foi internada na noite do dia 1º de fevereiro. Ela afirma que foi insuficiente, pois apenas a febre foi amenizada. “Ela não se alimentava, só gemia de dor”, lembra.
Já no dia seguinte, pela manhã, outro médico entrou no quarto, sem pedir exames e teria dito que a situação era “gravíssima”. Porém, como a criança já havia sido medicada, era necessário aguardar até 72 horas para os remédios fazerem efeito contra as bactérias.
A irritação ultrapassou a paciência à noite. Após Mirella fazer uma ressonância, ela diz que não pôde ter acesso aos resultados. “Minha filha com dor, vomitando, dormindo apenas 20 minutos. Disse para enfermeira que, se não chamassem um médico, eu iria quebrar o hospital”, revela, em lágrimas.
O pedido foi atendido. Durante a conversa com o médico, o profissional teria confirmado que a bebê também estava com pneumonia, sendo necessário trocar os medicamentos. Além disso, o doutor solicitou exame de sangue, na qual a menina teria demonstrado estar abatida. “Minha filha não regia nem às agulhadas. Parece estar desmaiada. Depois, fui dar banho e ela nem se mexia”, relata.
A morte da filha
Ainda na mesma noite, Jaqueline e Mirella dormiram pela madrugada e, ao acordar, a mãe ressalta que a criança estava com a boca roxa, espumando e gemendo de dores. “Chamei as enfermeiras, mediram o coração e levaram para a UTI”, conta.
Com o quadro de saúde piorando, Jaqueline diz que a equipe médica informou que a bactéria havia evoluído e entrado na corrente sanguínea, sendo necessário esperar os remédios fazerem algum efeito.
A esperança, porém, não resultou em boas notícias. “Quando o médico retornou, as pernas da minha filha estavam roxas e torcendo as mãos de dores”, fala. Os profissionais teriam retirado a família do quarto e entubado o bebê.
Mesmo com o procedimento, na manhã do dia 3 de fevereiro, às 6h10, Mirella teve uma parada cardíaca, não resistiu e morreu no hospital. “Eles disseram que ficaram 40 minutos tentando reanimá-la, mas não adiantou”, lamenta.
Indignação
Junto da tristeza de perder a filha, o sentimento de Jaqueline é que o hospital não teria feito um bom atendimento e nem teria dado a atenção necessária para evitar a morte de Mirella.
Entre as principais críticas estão a pouca importância em realizar exames aprofundados e, de acordo com ela, o encontro com um dos médicos dormindo no local. “Encontrei ele acordando, limpando os olhos e arrumando o cabelo. Como viu a gravidade do caso e vai dormir? Por que não chamaram outro especialista? Eu confiei neles e perdi o meu bebê”, lembra, chorando.
Um outro documento, com data de 3 de fevereiro, pouco depois da meia-noite, indicava que a menina tinha febre e dor abdominal. O risco de óbito era considerado baixo.
Jaqueline diz que o hospital solicitou que ela não acusasse negligência médica. “Vou chamar do quê? Falta de empatia e de amor ao próximo? Ele fizeram juramento, têm aparelhos e tudo que é necessário, mas não quiseram fazer nada”, finaliza.
Agora, a mãe aguarda uma avaliação do advogado para entrar com um processo contra a unidade hospitalar. Ela conta que encontrou uma testemunha, que viu a situação dela no hospital. A mulher, que prefere não divulgar a identidade, relata que a criança “estava sofrendo muito” e que “a menina não respondia aos estímulos da mãe”, recorda. Também diz que a mãe pedia ajuda constantemente.
Hospital se manifesta publicamente
Nas redes sociais, a Unimed Joinville se manifestou através de uma nota oficial. Nela, o hospital confirma que Mirella ingressou no local com uma infecção e, em seguida, passou para um quadro grave de saúde.
De acordo com o texto, “uma revisão detalhada das condutas registradas em prontuário médico foi prontamente realizado pelo Núcleo de Qualidade Assistencial”.
A instituição afirma que todos os profissionais envolvidos foram ouvidos e, mesmo que a revisão preliminar indique que as normas técnicas foram respeitadas, o caso foi enviado para análise do comitê de ética médica, que deve fazer uma apuração mais detalhada do caso.
A Unimed ainda lamenta a morte de Mirella e diz se solidarizar com a família da menina.
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