Morador de Joinville cria vaquinha para comprar cadeira de rodas após sofrer complicações de apendicite
Ele acusa hospital de ter feito a cirurgia de forma errada
O que era para ser algo simples, se tornou um pesadelo na vida de Fabrício Henrique, de 34 anos. Isso porque, desde 2021, o morador de Joinville necessita do auxílio de uma cadeira de rodas para poder se locomover após realizar três cirurgias no Hospital São José. Os procedimentos foram necessários por conta de uma apendicite.
A primeira cirurgia aconteceu em 2020, porém, Fabrício conta que uma segunda foi necessária, pois no primeiro procedimento não foi retirado todo o apêndice. Com isso, voltou para o hospital em 2021 e, afirma que assim como a primeira, a segunda cirurgia também não foi bem sucedida e os problemas maiores começaram. “Depois da segunda, perdi a força nas pernas, tenho dores na coluna, pés inchados e outros sintomas”, relata.
Além disso, ele alega que o local da cirurgia (barriga) foi mal “fechado” internamente e gorduras abdominais começaram a sair pelos pontos, ou seja, a gordura invadiu um espaço indevido dentro do abdômen, o que causou hérnias abdominais. Desta forma, as dores foram ficando cada vez mais fortes e, após passar por diversos exames e um raio-X, os médicos responsáveis solicitaram que fosse feita a mesma cirurgia pela terceira vez. O procedimento aconteceu em janeiro deste ano.
Após todo o processo durante estes dois anos, Fabrício não possui mais dores abdominais, mas as forças nas pernas já não o acompanham, além de incharem constantemente. Com isso, necessita do apoio de uma cadeira de rodas. Entretanto, o equipamento ainda não é o adequado. “Por eu ser muito grande, preciso comprar uma específica e sob medida”, explica.
Exames
O morador tem realizado diversos exames desde o último procedimento cirúrgico para entender o que houve com as pernas. Tudo por meio do sistema público de saúde de Joinville, o que segundo ele tem levado pelo menos dois meses para serem marcados. “Eles (médicos) queriam que eu fizesse no particular, mas não tenho condições de pagar, pois estou sem trabalhar.”
Com uma filha de 5 anos e um filho de 1, atualmente recebe o auxílio-doença, benefício pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ao todo, recebe a quantia de R$ 1.212, referente ao valor do salário mínimo vigente no Brasil. Mesmo tendo a possibilidade de conseguir os medicamentos necessários nas unidades básica de Saúde (UBS) de forma gratuita, Fabrício necessita de doações e ajuda de amigos e familiares para poder sustentar a família.
Com a situação, Fabrício teve início de depressão e começou a tomar medicamentos para tentar controlar problemas de ansiedade. “Meu sentimento é de indignação, pois são profissionais que estudam por anos e anos e quando chega na hora de uma cirurgia fazem errado. Eles pararam com a minha vida”, finaliza.
Indenização
Por todas as consequências, o morador acionou uma empresa de advocacia para buscar uma indenização. Segundo o advogado pelo caso, Valdeir Paiva, neste momento está sendo analisado diversos documentos, principalmente os laudos médicos, e a gravidade das lesões. “Estamos conversando com diversos médicos para tentar entender o que aconteceu e saber se houve erro médico ou não. Vamos analisar todas as hipóteses”, explica.
Ainda segundo ele, o pedido de indenização vai acontecer logo após a análise e que buscará uma que seja vitalícia. “Interromperam uma história toda. Fabrício perdeu a liberdade, mobilidade e de poder cuidar da família. Ou seja, uma sequela permanente.”
Vaquinha
Enquanto isso não acontece, Fabrício criou uma vaquinha online, além de rifas, para conseguir se manter financeiramente e poder comprar uma cadeira de rodas sob-medida.
Em quase dois meses, ele conseguiu arrecadar apenas R$ 761 dos R$ 10 mil que necessita. Interessados em ajudar podem acessar a vaquinha clicando aqui.
O que diz o hospital
Em nota enviada a reportagem do jornal O Município Joinville nesta quarta-feira, 27, o Hospital São José informou que Fabrício realizou a primeira cirurgia aconteceu em outubro de 2020. Porém, foi necessário fazer um novo procedimento para ligadura de coto do apêndice em abril de 2021 e, em janeiro desse ano, outro procedimento para liberação de aderências.
O hospital também disse que atualmente o paciente faz acompanhamento no ambulatório de especialidades com médicos que tratam a dor e com neurologista para avaliação e diagnóstico de outros sintomas que não teriam relação com as cirurgias anteriores.
Além disso, informou que nos próximos dias Fabrício fará uma ressonância de plexo lombar e eletroneuromiografia, que auxiliarão no diagnóstico.
Confira a nota completa abaixo:
“O Hospital São José informa que o paciente realizou em outubro de 2020 uma cirurgia de apendicite. Porém, foi necessário fazer um novo procedimento para ligadura de coto do apêndice em abril de 2021 e em janeiro desse ano, outro procedimento para liberação de aderências.
Atualmente, o paciente faz acompanhamento no ambulatório de especialidades com médicos que tratam a dor e com neurologista para avaliação e diagnóstico de outros sintomas que não há associação com as cirurgias anteriores. Nos próximos dias, o paciente fará uma ressonância de plexo lombar e eletroneuromiografia que auxiliarão no diagnóstico. A última consulta ocorreu no dia 12 de julho, com o retorno agendado para meados de agosto.
O Hospital São José esclarece que o paciente é assistido por uma equipe de especialistas e que são realizados procedimentos de acordo com a avaliação clínica, visando sempre a melhora do quadro e garantir o bem-estar do paciente.”
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