Joinville registra suspeita de fungo negro; infecção rara pode levar à morte
Paciente teve visão afetada por conta da doença
Paciente teve visão afetada por conta da doença
Um paciente imunodeprimido de Joinville está sendo acompanhado pela Secretaria da Saúde após apresentar sintomas de mucormicose. A infecção rara, mais conhecida como fungo negro, pode levar à morte em casos graves.
A Comunicação de Risco do fungo foi emitida pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) do Ministério da Saúde neste sábado, 29. O homem de 52 anos mora na Zona Norte do município.
Ele possui histórico de comorbidades (diabetes mellitus e artrite reumatoide) e começou com os sintomas gripais no dia 20 de fevereiro. Três dias depois, um teste confirmou que ele estava com Covid-19.
No dia 19 de março ele precisou ser internado, pois sofria com fraqueza generalizada relacionada ao coronavírus. Ele teve alta do hospital particular no dia 4 de abril, com melhora geral do quadro de saúde.
Por ter apresentado cetoacidose diabética, que é uma complicação metabólica caracterizada por fatores relacionados com a diabetes, o paciente teve uma celulite facial, que prejudicou parcialmente a acuidade visual.
Um médico especialista começou o acompanhamento imediatamente e ele foi internado novamente no dia 21 de maio. Uma cirurgia para tentar recuperar a visão dele foi realizada no dia 26.
O paciente segue internado em um hospital particular, com monitoramento constante da Secretaria Municipal da Saúde, por meio da equipe da Vigilância em Saúde. As informações seguem sendo compartilhadas com o Ministério da Saúde e com a Secretaria de Estado da Saúde.
O termo fungo negro é popularmente utilizado para se referir à mucormicose, uma infecção causada por um fungo da classe Zygomycetes e ordem Mucorales. É considerada uma infecção fúngica grave e rara, originária de microrganismos que vivem em diversos ambientes, particularmente no solo com matéria orgânica em decomposição, como folhas, adubo ou madeira.
A mucormicose é contraída por pessoas que entram em contato com os esporos fúngicos. Indivíduos diabéticos, com doenças oncohematológicas ou que utilizam medicamentos imunossupressores são mais suscetíveis à contaminação.
Há cinco formas possíveis da manifestação da doença: sinusal/cerebral, pulmonar, gastrointestinal, cutânea ou disseminada. Os sintomas mais comuns são dores súbitas, que evoluem para lesões localizadas.
Em casos graves, a mucormicose pode evoluir para coma e óbito. A infecção, que geralmente se manifesta na pele, pode espalhar-se para outras partes do corpo.
Geralmente, o tratamento é realizado com intervenção cirúrgica para remover os tecidos infectados ou mortos. Em alguns pacientes, a evolução da doença pode resultar na retirada de parte da mandíbula ou do olho.
Também há tratamento medicamentoso, que pode envolver um período de 4 a 6 semanas de terapia antifúngica intravenosa, dependendo do quadro clínico do paciente.
Em nível mundial, diversos estudos estão sendo realizados para verificar possíveis relações entre a mucormicose e pacientes com Covid-19, especialmente os que apresentam comorbidades e quadros imunodreprimidos.