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Moradora de Joinville transforma arte do cosplay em profissão; entenda prática

Renata Melo acumula diversos seguidores em várias plataformas

Moradora de Joinville transforma arte do cosplay em profissão; entenda prática

Renata Melo acumula diversos seguidores em várias plataformas

Yasmim Eble

Você já assistiu um filme, série ou anime e se imaginou no lugar do seu personagem preferido? Ou já quis ser o personagem cheio de poderes de um jogo online? Para Renata Melo, de 31 anos, esse desejo de se tornar a protagonista das tramas preferidas virou um hobbie e transformou-se em uma extensão da profissão. 

A moradora de Joinville é conhecida nas redes sociais por Kitsune Raposa e já acumula milhares de seguidores e visualizações nas redes sociais. São mais de 31,5 mil seguidores no Instagram, 72 mil no TikTok e 660.355 mil seguidores no Facebook.

Renata também está presente em outras redes sociais onde posta os cosplays e faz lives jogando. No entanto, ela começou a crescer nas redes sociais por meio dos costumes idênticos aos personagens de animes, livros, filmes e principalmente jogos online.

Renata com o cosplay da personagem Ningguang, do jogo Genshin Impact. | Crédito: Arquivo Pessoal.

O crescimento nas redes sociais aconteceu por conta da pandemia, principalmente no Instagram. Segundo Renata, com o tempo que conseguiu ficar em casa, criou mais conteúdo. “As pessoas começaram a se interessar pela minha vida e pelo meu trabalho. E assim, eu cresci”, relata a influencer.

No Facebook, local que mais tem seguidores, o crescimento foi mais linear, no entanto, a maioria das pessoas que a acompanham na rede social são de fora do Brasil. Morando em Joinville há 20 anos, Renata se formou em Design de Animação Digital, pela Univille, e é pós-graduada em Comunicação e Semiótica.

“Trabalhei 11 anos com Design e hoje sou MEI e foco mais em meus cosplays e streaming de jogos”, relata. Atualmente estuda Marketing e as ferramentas das redes sociais. Também é maquiadora profissional e anima festas infantis. A personagem preferida dela para animar as festas é a Anna do filme Frozen.

Renata nunca parou de estudar. Já fez teatro e está em busca do DRT e um curso de dublagem para realizar o sonho de ser dubladora.

O que é cosplay?

A prática da arte cosplay é conhecida no mundo todo, sendo encontrada de forma predominante no Oriente. A palavra cosplay surgiu da junção de outras duas palavras em inglês: costume, que significa fantasia, e play, que significa brincar.

A ideia é fazer com que as pessoas se fantasiem, da melhor forma que conseguirem, representando determinado personagem de seus filmes, séries, jogos ou animes. Com as novas plataformas digitais, mais pessoas vêm tornando o hobbie público e até mesmo transformando em profissão. 

Porém, Renata não iniciou de imediato na arte do cosplay. A paixão pela cultura nerd, popularmente conhecida como geek, começou aos 8 anos quando conheceu o anime Sailor Moon. “Eu assistia ele na TV Manchete todas as manhãs. Minha mãe achava as bonecas delas e me presenteava, era o meu maior tesouro”, comenta Renata. 

A paixão pela mídia oriental ganhou força quando Renata conheceu o anime Pokémon. Com 9 anos, ela conseguiu o primeiro gameboy, uma linha de console portátil, para jogar uma versão do anime. 

“Eu comecei a reparar nas revistas de como aprender a desenhar mangá nas bancas que meu pai frequentava. Felizmente ele me presenteou e comecei a desenhar e colecionar mangás”, conta. Foi ali que a paixão pelo mundo geek aumentou ainda mais. 

Cosplay da personagem de League of Legends, Ahri. | Crédito: Arquivo Pessoal

Os primeiros cosplays

Iniciar no cosplay foi quase natural para Renata, que nasceu em Botafogo, no Rio de Janeiro, mas cresceu em Joinville. A primeira customização aconteceu em 2011, aos seus 21 anos. Tudo começou quando ela foi chamada para trabalhar voluntariamente em um evento de cultura pop oriental em Joinville, o Hanamachi. 

“Fui escalada para trabalhar em um maid café, onde clientes são servidos com comidas fofas por meninas vestidas de empregadas no estilo “kawaii” (fofo)”, conta. Esse foi o primeiro evento que aconteceu em Joinville e, anteriormente, Renata só havia participado de outros dois, um no Rio de Janeiro e outro em Itajaí, quando mais nova. 

Em novembro daquele mesmo ano, Renata fez seu primeiro cosplay. A personagem seguia a linha maid e o costume foi produzido por uma costureira do bairro. “Eu já havia visto nos eventos anteriores pessoas fazendo a arte, mas nunca imaginei que eu pudesse conseguir fazer um personagem, tinha a autoestima muito baixa”, relata. 

A arte do costume foi uma forma que Renata encontrou para se expressar e participar das coisas que amava. “Todos me apoiaram quando comecei a praticar meu hobbie. Meus pais sempre me viram como uma artista desde criança”, lembra. 

Os amigos também sempre foram desse meio, portanto, o apoio foi constante de todos os lados. “Hoje em dia meus pais têm orgulho do que conquistei e de todos os cosplays que faço. Dando espaço para os meus projetos mirabolantes”. 

Quando o sonho se torna realidade

O mundo cosplay acontecia, normalmente, nos eventos de cultura pop e geek. Depois da pandemia da Covid-19, segundo Renata Melo, ele tomou força e passou a aparecer mais nas redes sociais, principalmente no Tik Tok. “Você pode fazer apenas como uma brincadeira pegando peças de seu guarda-roupa e fazer o personagem que gosta. Mas também pode participar de competições”, afirma Renata. 

No meio competitivo, os cosplays precisam estar mais fiéis e bem trabalhados. Dando a sensação clara de que é o personagem. Renata resolveu entrar em competições alguns anos depois de começar a arte. Para ela, isso pode levar as pessoas para outros países ou até gerar oportunidades de emprego. 

A arte engloba interpretação e teatro. “Alguns eventos precisam de apresentações, onde o cosplayer cria seu próprio roteiro, dubla seu áudio e edita seu vídeo para ser exibido durante o evento”, explica. Isso aconteceu na Comic Con Experience Brasil (CCXP), o maior evento geek do mundo e o qual Renata tentava se qualificar desde 2016. 

A primeira aparição no evento foi em 2019, após três anos inscrevendo peças e cosplays. “São apenas nove a 12 selecionados dentre mais de 150 competidores. É incrível a sensação de passar. E acho que para um artista nada vale mais do que pessoas que apreciem o que a gente cria. Eu sinto muito reconhecimento com a CCXP”, conta. 

Por conta da pandemia, o concurso foi filmado e transmitido ao vivo em um estúdio. Para Renata, o que mais fez falta foi o contato com os participantes e ver o que cada cosplayer construiu de perto.

Cosplay da personagem Lux, de League of Legends; | Crédito: Arquivo Pessoal

Mesmo assim, isso não impediu que ela visse cada apresentação após filmada. “Em 2019 foi insano, um dos maiores palcos que já pisei, com o maior público, com certeza. Muita gente aplaude e se diverte, a sensação é de dever cumprido”, relata.

No mesmo ano, Renata teve a oportunidade de trabalhar no estande do jogo League of Legends (LOL) da CCXP com o seu cosplay de Ahri, na skin K/DA, uma das personagens do jogo. “Uma das experiências mais honrosas da minha vida como cosplayer”, confessa.

Confira o vídeo:

Em 2021, os eventos presenciais não aconteceram. Porém, Renata teve a oportunidade de participar da Feira do Livro de Joinville, que aconteceu em novembro. “Eu fui jurada de um concurso de cosplay e foi insano voltar a sentir a energia das pessoas”, conta.

Renata sente saudades dos eventos presenciais, principalmente por conta disso: a energia do público. “É incrível descer do palco e alguém comentar que não conhecia a personagem, mas que havia adorado a apresentação e iria assistir o anime depois disso. Eu ganho meu dia”, exclama.

Desafios da arte

O cosplay pode ser apenas uma brincadeira com as roupas que existem no armário da pessoa, porém para Renata o desenvolvimento de um cosplay sempre foi um desafio que estava disposta a cumprir.

Ela fabrica desde a roupa até os acessórios e armas de seus personagens. “É difícil armazenar todos os costumes, principalmente eu que não consigo me desapegar do que faço, eu sempre tento criar mais espaço”, relata. 

A costura é a parte mais desafiadora. É normal utilizar diversos tipos de tecidos, sejam eles de plástico ou que não são encontrados no Brasil e precisam ser importados. “É um hobbie caro quando levado a sério e com materiais que imitam ao máximo o costume do personagem original”, explica. 

Cosplay da personagem Ahri, skin K/DA, de League of Legends. | Crédito: Rodrigo de Souza

No entanto, para quem não quer criar tudo do zero, há opções de compra online e até mesmo lojas de cosmaker, pessoas especializadas em fazer cosplays inteiros. “Não é toda costureira que vai querer executar uma roupa cheia de moldes diferentes do zero, eu tive sorte de encontrar uma que mora perto de mim e que me auxilia em todos os meus projetos”, conta. 

Isso não impediu Renata de comprar cosplays prontos. Os primeiros projetos nasceram assim, mas atualmente ela preza por fazer do zero, adicionando detalhes que se juntam com seu gosto. “Por conta dos meus anos na arte, já sei onde buscar os tecidos e tenho estoque de EVA para construir acessórios e até mesmo uma máquina impressora 3D para auxiliar nas criações”, explica. 

Principais criações

Desde animes até jogos, Renata já recriou diversos costumes de personagens preferidos. No entanto, os que mais marcaram ela foram duas personagens de League of Legends (LOL) como a Lux Star Guardian. “Ela é a garota mágica que eu gostaria de ser. Otimista, leal, amiga e toda rosa. Quando estou com o costume dela é muito natural interpretá-la”, explica. 

Costume da personagem Lux, skin Guardiã Estelar, do jogo League of Legends. | Crédito: Hideki Minamizaki.

Outra personagem marcante foi o cosplay da Ahri, também do jogo LOL. “Foi o terceiro cosplay que eu fiz com nove caudas que, na época, era bem difícil. A Ahri é uma personagem sexy, confiante e uma raposa. Ela me mostrou que eu poderia ser linda e um mulherão”, explica Renata, que sempre foi baixinha e sofreu por conta da baixa autoestima. 

Foi com a personagem que ela também foi contratada para o seu primeiro trabalho como cosplayer, no CBLoL de 2014 para o League of Legends Brasil. “Até hoje tenho o objetivo de fazer todas as skins da Ahri no jogo, que são tipo roupas diferentes para a personagem. Mas é um desafio bem grande”, conta. 

Planos para 2022

O ano mal começou, mas Renata já tem diversos planos para 2022. Os principais objetivos são crescer como influencer nas redes sociais e participar de mais eventos presenciais. “Quero focar nas apresentações cosplays e nas competições das mesmas”, relata.

Ela já é finalista de algumas premiações como a Cosplay World Masters (CWM), no Brasil. O vencedor pode ir para Portugal disputar contra outros cosplayers. Em, 2019, Renata terminou a competição em segundo lugar e gostaria de chegar ao topo neste ano.

O ano está recheado de projetos grandiosos para terminar e, com isso, espera chegar a final da CCXP novamente. “Desejo muito continuar vivendo dessa arte que me preenche de todas as formas possíveis”, completa.


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