Moradores reivindicam retorno de escola com Ensino Médio no Morro do Meio, em Joinville

Após conclusão do Ensino Fundamental, estudantes precisam ir para outros bairros para prosseguirem os estudos

Moradores reivindicam retorno de escola com Ensino Médio no Morro do Meio, em Joinville

Após conclusão do Ensino Fundamental, estudantes precisam ir para outros bairros para prosseguirem os estudos

Bernardo Gonçalves

Alunos e famílias do Morro do Meio, em Joinville, têm sofrido com a falta de uma escola que tenha o Ensino Médio no bairro. Quando concluem o Ensino Fundamental, os estudantes precisam se deslocar para outros bairros para prosseguirem os estudos.


A unidade mais próxima é a Escola de Ensino Básico Professora Antonia Alpaídes Cardoso dos Santos, que fica no bairro Nova Brasília e a 2,5 quilômetros (km) de distância da entrada do Morro do Meio. Caso não haja vaga, a próxima alternativa mais próxima fica no bairro Vila Nova, na Escola de Ensino Médio Bailarina Liselott Trinks, que fica a 6,5 km do Morro do Meio.

A moradora Ana Paula Delfes tem três filhos. Um estudava na escola Alpaídes e se formou no Ensino Médio no ano passado. Outro começou a estudar no mesmo local este ano. “É muito dificultoso, caso aconteça alguma coisa com eles para nós ter que ir até lá, os ônibus são sempre lotados na hora que eles vêm para casa”, relata.

“Antes tinha um ônibus especial para eles somente, mas aí o prefeito decidiu tirar e deixar as crianças sofrendo com ônibus lotados, então eu revindico com urgência uma escola aqui no bairro”, pede.

Escola de Ensino Básico Professora Antonia Alpaídes Cardoso dos Santos, no bairro Nova Brasília, é a solução mais próxima para os alunos do Morro do Meio realizarem o ensino médio. | Foto: Google Street View

A reportagem do jornal O Município Joinville entrou em contato com a Prefeitura de Joinville para questionar sobre o ônibus citado pela moradora. O órgão diz que desde 2022 não tem registro de um ônibus específico para o atendimento da escola. “Como há transporte coletivo que atende a demanda e faz dois anos que foi feito o ajuste, não há previsão de retomada”, explica.

Já a moradora Laudeceia Fock, que também tem três filhos, conta que já enfrentou o problema com o primogênito. “De início eu levava e buscava até resolver a parte de passe (de transporte público), que é bem burocrática. Já tive diversos problemas, não só questão de gastos, mas também de logística, tempo e preocupação de quando vai chegar em casa”, desabafa.

Para ela, uma escola com ensino médio no bairro daria mais praticidade para os pais e alunos. “Sem preocupação de um longo deslocamento, ônibus que perde, riscos de cotidiano como desde atravessar a rua, até mesmo furtos dentro do ônibus, sofrer com pessoas adultas mal-educadas”, exemplifica.

“Espero que daqui a três anos, quando meu segundo filho for para o Ensino Médio, este problema já tenha sido sanado”, conclui.

Consequências severas

Presidente da Associação de Moradores do Morro do Meio, Patrícia Cristina Pereira ressalta que a retirada das aulas que eram ministradas pelo governo estadual no prédio que pertence ao município teve consequências severas para os jovens e as famílias.

“O deslocamento diário, muitas vezes em condições de transporte precárias, tem resultado em uma preocupante evasão escolar. Muitos estudantes desistem do Ensino Médio por não conseguirem suportar a longa e desgastante jornada”, revela.

Patrícia Cristina Pereira. Foto: Mauro Schlieck/CVJ

Além disso, diz que a superlotação das salas de aula nas escolas próximas agrava ainda mais a situação. “Com a migração dos alunos do Morro do Meio para outras instituições, a capacidade das escolas é excedida, comprometendo a qualidade do ensino e o desenvolvimento acadêmico dos estudantes”, complementa.

Ela frisa que a situação é crítica e demanda uma resposta urgente das autoridades. “Já estivemos em reuniões com a Secretária da Educação estadual e municipal, com a senadora Ivete da Silveira, em plenária da Câmara de Vereadores, na Comissão de Educação, mas sem retorno positivo, tudo muito vago e respostas evasivas”, finaliza.

Reunião na Câmara de Vereadores

A reunião na Comissão de Educação citada por Patricia aconteceu no dia 29 de outubro. O encontro foi proposto pelo vereador Pastor Ascendino (PSD). O parlamentar diz que ficou ciente da situação após realizar visitas no bairro e escutar os moradores. Segundo ele, 150 alunos concluíram o 9º ano em 2024.

Na reunião, o parlamentar informou que há um imóvel do governo estadual no bairro Morro do Meio destinado para a construção de uma escola.

O imóvel, de 8,5 mil metros quadrados (m²), estaria em uma localidade chamada de Jardim Êxodo, e ocupado de forma irregular desde 2015, conforme relato do vereador Brandel Junior (PL). Ele conta que a ocupação foi muito rápida.

Vereador Pastor Ascendino em reunião sobre o tema. | Foto: Mauro Schlieck/CVJ

Ascendino diz que representantes do governo do estado estiveram na reunião e informaram que 80% do imóvel estaria invadido. “Eles estão com um baita problema na mão, por que como vai tirar aquelas pessoas de lá? Mas já que eles não conseguem construir uma escola de imediato, que seja retomado que era feito antes (o convênio com a Prefeitura de Joinville)”, explica.

O vereador entende que em 2025 isto não deve acontecer e sim para 2026. “A gente entende que não tem possibilidade, que a escola não vai ser construída em um ano”, pontua. Ele garante que vai retomar a discussão este ano para que uma solução seja encontrada.

O que diz o governo do estado

Representante da Secretaria de Educação do governo estadual na reunião na Câmara de Vereadores, Luciane de Carvalho Bastos Grutzmacher explicou que originalmente o terreno era do município, mas o imóvel foi transferido para o governo estadual para se construir uma escola de Ensino Médio.

Segundo ela, um estudo de viabilidade foi realizado praticamente no mesmo período e que o governo do estado entendeu que não havia demanda suficiente para justificar as despesas com a construção e manutenção da escola.

“Este terreno hoje está com uma ‘invasão’ de 80%, tanto do terreno municipal quanto o estadual, que é vizinho. Nós já passamos essa situação para a Secretaria de Administração, em Florianópolis, e eles estão tentando resolver isso há alguns anos. Tentamos fazer o retorno do terreno ao município, mas não conseguimos justamente por conta das ‘invasões’”, explica.

Luciane afirma que se a escola passa de três km da residência, o aluno tem direito ao vale-transporte gratuito, o que estaria sendo oferecido pelo governo estadual.

A representante corroborou sobre a demora para se construir uma escola, mas se comprometeu a levar o assunto adiante. “Pode ter certeza que estarei levando para o pessoal do ensino essa reivindicação, que vocês desejam muito que até mesmo a parceria com o município seja reestabelecida para que a escola (municipal) possa estar atendendo”, finaliza.

O que diz a Prefeitura de Joinville?

Em contato com o jornal O Município Joinville, a Prefeitura de Joinville diz que precisa existir uma requisição do estado para poder debater o tema. Mas, que caso o estado quiser, um caminho será encontrado para solucionar o problema.

*Com informações da Câmara de Vereadores de Joinville

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