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“Não se vê mais o céu azul”: professor explica condições do ar em Joinville

Cidade registra novamente qualidade do ar como "muito insalubre"

Nesta quinta-feira, 12, pelo terceiro dia seguido, a plataforma de clima do MSN registrou que a qualidade do ar está “muito insalubre” em Joinville. Nos últimos dias, Santa Catarina tem sido afetada pelas fumaças relacionadas às queimadas que ocorrem no Centro e Norte do Brasil, Paraguai e Bolívia, que intensificaram a poluição atmosférica. A reportagem de O Município Joinville conversou com o professor Paulo Ivo, que explica sobre as condições do ar em Joinville.

A qualidade do ar envolve ao menos dois fatores importantes:

Umidade relativa do ar – de maneira resumida, é a quantidade de água na forma de vapor existe na atmosfera. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que índices inferiores a 60% já são considerados inadequados para a saúde humana;

Concentração de poluentes – processos industriais, geração de energia, meios de transportes e queimadas são algumas das principais fontes de emissão de poluentes na atmosfera. Quanto mais seco o tempo, mais concentrados nas camadas baixas esses poluentes ficam (o que piora consideravelmente a qualidade do ar).

índice registrados pela plataforma MSN nesta quinta-feira / Foto: MSN/Divulgação

Durante esta quinta-feira, 12, por volta das 13h, o Índice de Qualidade do Ar (IQA) marcava 271. A plataforma IQAir, da Suíça, também indica que a qualidade do ar em Joinville é “prejudicial para grupos sensíveis” e aponta um IQA de 133.

Entre os principais parâmetros para essa avaliação está a medição das chamadas partículas inaláveis, ou seja, substâncias suspensas no ar que, de tão pequenas, conseguem ser absorvidas pelo organismo na respiração.

A Defesa Civil Estadual emitiu um alerta sobre a situação devido à névoa seca que pode ser percebida em várias cidades (entre elas está Joinville), porém informou que o risco é considerado baixo, diferente do que é apontado pelas plataformas de medição.

“Não se vê mais o céu azul”

O professor de climatologia da Univille, Paulo Ivo, explica que os dados de qualidade do ar são uma estimativa e fornecidas por plataformas que usam imagens por satélite. Dependendo do horário e condição do tempo, a medição pode apontar dados variáveis.

“Nós estamos usando índices que não são gerados aqui em Joinville. Dependendo do horário, esses índices podem variar bastante porque estamos medindo partícula em suspensão. Quando chega esse nevoeiro, que é partícula de água em estado gasoso, ele se agarra a partícula de suspensão e cria uma limpeza momentânea da atmosfera. Mas, como a fumaça continua vindo, quando o nevoeiro dispersa, a atmosfera acaba recebendo uma nova carga e por isso volta a piora da qualidade do ar. Então depende do momento que for fazer a análise dos dados”, explica o professor.

O professor da Univille também afirma que o aumento do calor nos últimos dias está ligado a poluição na atmosfera. “Nós estamos recebendo uma carga de partículas de suspensão. Isso é visível, a cidade está coberta, não se vê mais o céu azul e o por do sol está muito intenso, pois essas partículas se transformam em um cobertor, então a luz do sol atravessa essas partículas, atinge o sol e se transforma em calor. Quando esse calor sobe para a atmosfera, ele encontra essas partículas que virou um manto aquecendo a cidade”, explica Paulo Ivo.

Imagem de satélite divulgada pela Epagri/Ciram na última segunda-feira | Crédito: ventusky.com

Impactos das queimadas na Saúde:

A combinação de ar seco e poluído pode agravar problemas respiratórios e cardiovasculares, especialmente em grupos vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias pré-existentes. Sintomas como irritação nos olhos, garganta seca e dificuldade para respirar podem ser relatados com maior frequência.

Além de sintomas respiratórios, a baixa umidade do ar pode estar relacionada também com aumento de episódios de dor de cabeça e lesões de pele, como a dermatite atópica e dermatite de contato.

Recomendações à População:

● Hidratação: Beber água regularmente, mesmo sem sentir sede, para manter o corpo hidratado. A ingestão abundante de água é a melhor medida para garantir a hidratação.
● Ambientes Internos: Utilizar umidificadores de ar ou recipientes com água para melhorar a umidade do ambiente.
● Exposição ao Ar Livre: Evitar atividades físicas ao ar livre, sobretudo pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crianças.
● Cuidados Médicos: Procurar assistência médica caso persistam irritações ou sinais e sintomas respiratórios.

Chuva preta

A partir de sexta-feira, 13, o avanço de uma frente fria traz aumento de nuvens e chuva para Santa Catarina. Com isso, a umidade relativa do ar aumenta e o transporte de fuligem fica direcionado ao centro-oeste e sudeste do Brasil, melhorando a qualidade do ar no estado.

Devido à elevada presença de fuligem na atmosfera, a coloração da chuva pode apresentar cor escura, fenômeno chamado popularmente de “chuva preta”. Este fenômeno ocorre quando há uma grande concentração deste aerossol na atmosfera que, em contato com a água, altera sua coloração.

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