Nelson Coelho fala em acabar com a Joinville “elitista” e chama decretos da pandemia de “autoritários”
Décimo primeiro candidato da sabatina com os concorrentes a prefeito foi entrevistado pelo jornal O Município Joinville nesta quarta-feira, 28
Décimo primeiro candidato da sabatina com os concorrentes a prefeito foi entrevistado pelo jornal O Município Joinville nesta quarta-feira, 28
Naturalidade: Florianópolis
Profissão: Militar reformado
Grau de instrução: Ensino superior completo
Número na urna: 51
Confira o perfil completo do comandante Nelson Coelho.
O Comandante Nelson Coelho é o décimo primeiro entrevistado da série de sabatinas ao vivo do jornal O Município Joinville que conversará, até 6 de novembro, com todos os 15 candidatos a prefeito da cidade.
Militar reformado, foi policial de Santa Catarina por 30 anos. Entre os cargos dentro da corporação, já foi comandante do helicóptero Águia e tenente-coronel do 8° Batalhão da Polícia Militar.
Atualmente, ocupa o lugar de vice-prefeito e é a primeira vez que concorre ao cargo de prefeito. A candidatura, em chapa pura, conta com o vice Sergio Duprat, administrador.
Durante a transmissão, Nelson Coelho declarou que Joinville é uma cidade elitista e prometeu acabar com esse status “excludente” para viabilizar a vida do micro, pequeno e médio empreendedor.
Também citou ser necessário fazer melhorias na Saúde do município por meio de contratações de mais serviços. Para isso, citou a terceirização de algumas ocupações da pasta e a busca por recursos do estado e União.
Durante a transmissão, Coelho também criticou a condução do estado e município durante a pandemia da Covid-19 e classificou os decretos como “arbitrários e inconstitucionais”.
Além disso, falou sobre a posição de oposição que tem tomado com relação ao governo de Udo Dohler e comentou sobre seu relacionamento com o atual prefeito.
Assista a entrevista na íntegra:
Caso seja eleito, Nelson Henrique Coelho disse ser necessário ouvir mais a população. Ele afirma que as gestões anteriores atuaram de forma excludente, retirando o cidadão joinvilense da “cadeia produtiva da cidade”.
“A cidade se tornou seletiva na captação de empregos e de empresas. Tanto é que estamos perdendo há anos para municípios como Araquari. Temos uma cidade sendo construída para uma elite, que não quer tratar o cidadão joinvilense, o chão de fábrica, que trouxe Joinville até aqui”, criticou.
Ele afirmou que o intuito de seu governo é romper esse processo de seletividade e dar mais clareza e segurança jurídica aos que pretendem empreender no município, visando atrair empresas de variadas matrizes econômicas, pois, para ele, não cabe ao município decidir qual a matriz econômica ideal.
Em sua visão, as gestões anteriores foram as responsáveis por dificultar a instalação de empresas e escolher apenas um tipo de profissional para atuar em Joinville.
“Eles não querem o trabalhador, não querem aquela cidade pujante que trouxe Joinville até aqui. Querem promover uma verdadeira eugenia, e isso nós não vamos permitir. Para mim, isso é uma falta de caráter enorme, falta de visão humanitária da constituição da cidade”, declarou.
Para minimizar as filas de espera para a realização de exames nas unidades de Saúde da cidade, Coelho propõe “melhorar ainda mais” a estrutura da pasta e o acesso à informação.
Ele também defende, principalmente para a realização de exames, ser necessário terceirizar a prestação de alguns serviços da área.
“O município tem que entender o seguinte, nós temos que melhorar a prestação de serviço. Se vai ser um serviço para um profissional concursado ou para uma empresa que vai prestar, o cidadão não quer saber. Ele quer saber do serviço sendo prestado. E isso vai ser uma das coisas que vamos procurar atender”, afirma.
Em seu governo, promete deixar claro à população os gastos com a saúde pública e apontar o que é de responsabilidade do estado e o que é do município. Além disso, declarou ser necessário cobrar recursos de deputados estaduais e federais.
“O prefeito da cidade tem que ser embaixador, tem que ser a pessoa que vai atrás de investimento, de orçamento. Vamos ter que dialogar com a bancada catarinense, vamos ter que ir para o embate. Temos que resgatar a cidadania”.
Dentro deste planejamento, inclui o Hospital Municipal São José. Ele aponta que há estrutura na unidade e criticou candidatos que propõem federalizar o hospital ou passar a administração para organizações não governamentais (ONGs).
Ele afirma que o São José, Zequinha como chama carinhosamente, deve ser orgulho do povo joinvilense, já que comporta profissionais de referência na área de atendimento, urgência, emergência, área de traumas e, principalmente, no tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
No entanto, disse, o hospital é “quase regional”, pois atende quase meio milhão de pacientes de Joinville e região, e, neste caso, também apontou ser necessário responsabilizar estado e União para que os gastos do município sejam reduzidos.
“Quando o joinvilense olha pro Zequinha ele tem que ter orgulho. Eu tenho orgulho do Zeca. Trabalhei com várias ações de resgate e o Zequinha é a minha referência. Não tem outro hospital. Tanto que eu digo para qualquer um, o dia que eu me acidentar ou tiver algum problema, me leva primeiro para o Hospital São José”, disse.
Quando falou sobre as prioridades de seu governo, Nelson Coelho disse que, caso fosse prefeito, não teria feito decretos que, ao seu ver, são “arbitrários” e ferem a Constituição Federal.
“Nenhum deles pra mim tem legalidade, afinal de contas, para você restringir a liberdade do cidadão, precisaria de uma declaração de estado de sítio do governo federal, que deveria ser aprovada pelo Congresso. Então nós vemos absurdos jurídicos sendo utilizados”, declarou.
Por falta de flexibilização, ele disse que, a partir do próximo ano, a cidade pode ter resquícios de uma crise. Com a chegada de dezembro e as últimas parcelas de seguro-desemprego e auxílio emergencial a serem pagas, no ano que vem, pensa que o próximo prefeito enfrentará adversidades sociais.
“Um dos primeiros atos (como prefeito) vai ser recuperar a Via Gastronômica e a área central, que está degradada. Ali foram empregos enterrados, empresas vivas foram enterradas e nós temos que ter uma decisão imediata. Reestruturar aquilo ali pra as pessoas poderem tentar reestruturar suas empresas, tentarmos voltar a ter vida na nossa área central”, expressou.
Caso estivesse prefeito, teria ouvido mais as pessoas e não teria se “fechado em uma bolha”. Ele afirma que, com a pandemia da Covid-19, foi criada uma “onda de desespero” e, na sua opinião, muitas decisões erradas foram tomadas, principalmente pelo Estado.
“Você quer restringir o horário de funcionamento dos estabelecimentos, aí vai aumentar o volume de pessoas frequentando. Você não adotou no começo uma estratégia de prevenção vertical, ou seja, com aquelas pessoas de vulnerabilidade, mas você mantinha o mercado aberto, todo mundo trabalhando lá dentro, manteve farmácias. Então parece que o vírus era seletivo, né, ele tinha horário. Só pegava depois das oito da noite”, ironizou.
Para ele, a prefeitura falhou em não chamar para o diálogo a classe empresarial e os pequenos e médios empreendedores e, também, esticar o horário de funcionamento do comércio.
“Talvez nós não tivéssemos um efeito tão drástico na questão do emprego. Então acho que falta mais diálogo, não se pode ouvir apenas uma categoria, tem que ouvir a todas, e a minha gestão será de bastante diálogo”, prometeu.
Com quase quatro anos de prefeitura, durante sua campanha, Nelson Coelho adotou um tom de oposição à atual gestão. Ele defendeu que, como vice, não tinha a caneta para a tomada de decisões. Questionado por não ter renunciado, afirmou que tinha um compromisso com o joinvilense de cumprir seu mandato.
Ele afirma que a população quer pessoas que cumpram seu mandato e suas promessas, mas, durante a gestão, foi percebendo que não tinha voz dentro da estrutura do executivo, no entanto, mesmo assim, quis cumprir com o compromisso que assumiu.
“Eu poderia ter pedido uma secretaria, eu poderia ter colocado uma cadeira na rua, poderia ter ido para o jornal, feito oposição ao governo. Mas eu pergunto ao cidadão, se eu, Nelson Coelho, tivesse tido esse papel, eu teria cumprido meu compromisso?”, questionou.
Nelson ainda disse que, dentro do que lhe foi possível, colocou sua identidade na prefeitura. Em todos os momentos, disse, se preocupou em analisar a estrutura e conhecer mais o município, para adquirir conhecimento e experiência para, futuramente, caso eleito, coordenar a cidade.
“Queremos resgatar Joinville. O que temos aí é o mais do mesmo, pessoas que circularam por todo poder político”, criticou.
Questionado sobre sua relação com Udo Dohler, disse que, a partir do momento que não pôde mais participar da tomada de decisão durante a pandemia, já houve, automaticamente, um “rompimento ideológico”.
Durante a transmissão, Nelson Coelho criticou de forma sútil o atual prefeito, seu candidato a sucessor do cargo e as medidas de prevenção ao coronavírus decretadas pelo estado.
Coelho também advertiu candidatos que estão há anos no meio político, propôs uma gestão diferente do que está posto e declarou que “a Prefeitura de Joinville não é lugar de amador, aventureiro”.