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Novembro Azul: diagnóstico precoce salvou a vida de militar

Roberto Gonçalves Junior foi diagnosticado com câncer de próstata em 2016. Doença já estava em grau avançado

“Na minha cabeça, eu não ia ter nada, ia vir normal (o exame). A minha descoberta prolongou a minha vida”, afirma o militar reformado Roberto Gonçalves Junior, 52 anos. Ele foi diagnosticado com câncer de próstata, em novembro de 2016, durante uma consulta de rotina. Após vencer a doença, incentiva que outros homens façam exames e vão regularmente ao médico.

“Se não tivesse ido, o câncer teria chegado a outras partes do corpo”

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. A entidade prevê mais de 65 mil novos casos da doença até o final de 2020.

Gonçalves, por exemplo, nem chegou a desconfiar que poderia ter o cancêr. Sem sintomas, foi o hábito de ir regularmente ao médico que contribuiu para a cura do militar. “Se não tivesse ido, o câncer teria chegado a outras partes do corpo”, acredita Gonçalves.

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O militar ia ao cardiologista uma vez ao ano. Por conta dos exames de sangue com resultados alterados, foi o especialista quem indicou que o paciente fosse ao urologista. Morador do Rio de Janeiro na época, foi na cidade carioca que conheceu o diagnóstico, passou por tratamento e venceu o câncer.

Na visita ao urologista, já fez o exame de toque. O militar, que mora em Joinville desde 2017, conta que o teste foi rápido e o médico já notou algo de errado em seu corpo. Por isso, pediu uma biópsia.

Alguns dias depois, chegou o resultado. O câncer já estava em um grau avançado e seria necessário ser retirado por meio de uma cirurgia. Gonçalves se recorda do momento em que soube do diagnóstico: “dá um giro. Você fica sem chão. Não espera e de uma hora pra outra está com câncer.”

O militar destaca que ficou surpreso ao descobrir a doença. Ele não percebeu nenhum sintoma antes de realizar o exame. Foi apenas mais tarde, após receber o resultado, que ligou o emagrecimento recente e a ejaculação precoce à doença. Anteriormente, ele apenas achava que esses eram sinais de que a “idade” estava chegando.

Meses de espera

Mas, os desafios da doença não ficaram somente na descoberta. Gonçalves foi rapidamente encaminhado para a cirurgia, agendada, inicialmente, para dezembro de 2016. Em uma das semanas próximas da data marcada, o médico que faria o procedimento avisou o militar sobre problemas com o plano de saúde, que não estava fazendo repasses financeiros, e a cirurgia foi desmarcada.

Daquele dia de dezembro até abril de 2017, Gonçalves passou seu tempo procurando outro profissional. Além da doença, o militar precisava dedicar tempo na busca por um médico que fizesse a cirurgia mesmo com o impasse financeiro do plano privado. Foram quatro meses desgastantes, lembra

“Dá um desgaste na família, para todo mundo”. Após procurar muito, o quarto médico contatado pelo paciente se dispôs a fazer o procedimento. Logo depois a cirurgia foi realizada. Um operação tranquilamente, conta, exceto pelo pós-operatório. Ele explica que precisou usar sonda por 15 dias e, por mais algum tempo, fraldas.

Depois de passar pelo susto do diagnóstico, desgaste para encontrar um médico cirúrgico e dificuldades de recuperação, o militar reformado pôde afirmar: estava curado. Com tudo, continua indo regularmente ao médico.

Neste ano, recebeu os resultados do exame de sangue com alterações e, por orientação médica, deverá passar por pelo menos uma sessão de radioterapia. Agora, Gonçalves se sente mais tranquilo e sabe da necessidade dos diagnósticos precoces.

O militar incentiva que os homens cuidem da saúde e façam o exame de toque. “É algo que faz como outros exames. Sem tabu. Se você se sente melhor vá sozinho ou acompanhado, como se sentir mais à vontade, mas vá”, enfatiza.

Quais os sintomas?

O diagnóstico precoce é extremamente importante para a cura de um paciente com câncer de próstata, explica Marcelo José Sette, médico do ambulatório de urologia do Centro Clínico Dona Helena. E é exatamente isso que a campanha do Novembro Azul traz à tona, o objetivo é conscientizar e incentivar os homens a cuidarem da saúde.

Em seu estágio inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata, como dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada e até insuficiência renal.

Por conta da falta de sinais, Sette indica que homens com histórico de câncer na família já criem o hábito de consultar o urologista a partir dos 45 anos. Em outros casos, a indicação de visitas regulares ao médico se inicia aos 50.

“Bons hábitos alimentares e de saúde física podem auxiliar na prevenção”

Isso porque fatores genéticos podem contribuir para o desenvolvimento da doença, mas isso não é um regra. Hábitos alimentares ou estilo de vida também podem refletir no surgimento do câncer, afirma o urologista. O excesso de gordura corporal também aumenta o risco de um câncer avançado. “Bons hábitos alimentares e de saúde física podem auxiliar na prevenção”, frisa.

O especialista explica que, casos avançados da doença podem resultar em metástase, ou seja, quando o câncer atinge outros órgãos do corpo, o que pode levar o paciente a óbito. O diagnóstico precoce desse tipo de doença possibilita melhores resultados no tratamento.

“É a forma mais importante e fundamental continua sendo o diagnóstico precoce e isso é feito pelos exames físicos, de sangue e toque retal”, afirma Sette. “É a nossa grande e única arma para o tratamento e cura do câncer de próstata.”

Tabu do exame

O urologista Valdir Mardtins Lampa Junior já observou no dia a dia da profissão que, com o decorrer do tempo, os homens têm procurado com mais frequência os médicos especialistas e se preocupado mais com a possibilidade de terem a doença.

Ainda assim, o número de pacientes do sexo masculino fica muito abaixo das mulheres, por exemplo, que vão mais ao ginecologista e também fazem mais exames para constatar o câncer de mama.

“Sabe-se que, quanto mais precoce o seu diagnóstico, maior a chance de cura”

Lampa Junior explica que o teste para diagnosticar o câncer de próstata é o exame de toque. O procedimento é simples, indolor e leva menos de cinco minutos, mas ainda é um tabu que precisa ser vencido, afirma.

Também é por conta do tabu em relação ao exame que muitos homens deixam de ter o diagnóstico precoce. “Muitos vem trazidos pelos familiares mulheres e procuram atendimento quando já apresentam sintomas”, conta.

No caso do câncer, além do toque, o diagnóstico definitivo é confirmado por meio da biópsia, realizada através do reto e guiada por um ultrassom, explica o urologista. Se  o resultado for positivo, o tratamento deve ser iniciado, de acordo com as necessidades de cada paciente. Podem ser realizadas cirurgias, radioterapia, quimioterapia ou bloqueio hormonal.

Para evitar manifestações mais graves do câncer, o médico destaca que é muito importante diagnosticar a doença o mais rápido possível. “Sabe-se que, quanto mais precoce o seu diagnóstico, maior a chance de cura”, reforça.


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