VÍDEO – “Nunca acreditei poder realizar como cadeirante”: voluntários levam pessoas com deficiência para o Mirante em Joinville

"Nunca acreditei poder realizar como cadeirante", diz Ritinha, que já se aventurou com o grupo algumas vezes

VÍDEO – “Nunca acreditei poder realizar como cadeirante”: voluntários levam pessoas com deficiência para o Mirante em Joinville

"Nunca acreditei poder realizar como cadeirante", diz Ritinha, que já se aventurou com o grupo algumas vezes

Yasmim Eble

Promover inclusão social de pessoas com deficiência (PcD) no montanhismo. Esse é o principal objetivo do projeto Montanha para Todos, que acontece desde 2018 em Joinville. Iniciado pelo joinvilense Alan Jacob da Rosa, o projeto já efetuou 26 atividades. Nesta quinta-feira, 14, o grupo de voluntários realizou a subida até o Mirante de Joinville, com a paulista e moradora de Joinville, Rita Maximiano, de 52 anos, conhecida como Ritinha.

Essa foi a terceira vez de Ritinha com o grupo. Na primeira aventura, a moradora de Joinville foi até o topo do Morro dos Perdidos e até a cachoeira, em Guaratuba, no Paraná. A segunda aventura foi no Campos do Quiriri, na famosa Pedra da Tartaruga, em Campo Alegre.

O jornal O Município Joinville acompanhou a subida de Ritinha até o topo do Mirante. Antes da caminhada, o grupo preparou a cadeira, chamada de Julietti, e ajustou todos os cintos de segurança para o conforto de Rita. A preparação dura em média 10 minutos. Quem comandou o grupo nesta quinta-feira foi Ramiro Baggenstoss, um voluntário e integrante do Grupo de Resgate da Montanha.

O grupo se preparando para a subida. | Crédito: Yasmim Eble/O Município Joinville

Rita nasceu em São Paulo, mas vive em Joinville há dez anos. Ela é cadeirante desde os 6 anos, quando sofreu um acidente com um tanque de lavar roupas. “Hoje tenho 52 anos e realizar essas coisas é um sonho, é incrível”, completa. A atividade dura em média 2h e é feita a cada 15 dias. Nesta atividade, dez voluntários participaram da subida.

Ritinha no topo do Mirante, após 1h de subida. | Crédito: Yasmim Eble/O Município Joinville

No topo do Mirante, Ritinha e todos os voluntários se emocionam. “É sempre uma sensação muito boa participar das atividades, principalmente porque é algo que nunca acreditei poder realizar como cadeirante”, relata a moradora de Joinville. 

Crédito: Yasmim Eble/O Município Joinville

Confira os vídeos: 

Início do projeto

O Montanha para Todos surgiu em 2016, em São Paulo (SP), e funciona em diversos estados do Brasil. Em Joinville, o projeto começou com Alan Jacob da Rosa, em 2018. “A ideia partiu do casal Guilherme e Juliana, após a mulher ter sido diagnosticada com uma doença que a faria perder os movimentos e não conseguir mais andar”, explica. 

O casal já praticava montanhismo na época. Foi então que Guilherme desenvolveu uma cadeira especial que recebeu o nome de Julietti, em homenagem à esposa. Em 2016, a cadeira foi comprada por um grupo de montanhismo. “Eu fiz contato com o casal para comprar uma cadeira e usar em Joinville, mas o custo era muito alto. Só em maio de 2018 que conseguimos organizar uma atividade”, relembra. 

A atividade consistia em levar Shara, que tem deficiência física (PcD) e tinha o sonho de conhecer o Castelo dos Bugres, após ter visto uma foto da mãe fazendo rapel na região. Com montanhistas voluntários e membros do Grupo de Resgate em Montanha (GRM), Shara foi levada em uma mochila especial para carregar bebês. 

Mas foi em novembro de 2018 que a primeira cadeira chegou em Joinville. “Uma amiga de São Paulo relatou que havia adquirido uma Julietti através de um projeto social e queria doar a cadeira, assim começamos o projeto”, explica. O projeto funciona desde esta época, mas ficou parado durante dois anos devido à pandemia da Covid-19. 

Desde o início, foram 26 atividades promovidas dentre trilhas, praias desertas e montanhas em Santa Catarina e Paraná. Ao todo, 60 voluntários participaram do projeto e já atenderam 17 pessoas com deficiência (PcD), a maioria de Joinville e região.

Como participar?

Para as pessoas com deficiência, é necessário que o interessado ou o responsável entre em contato com o grupo por meio do Instagram ou WhatsApp. Assim que entrar em contato, a pessoa fica em uma lista de espera para uma data e local a ser marcado. As atividades são todas gratuitas.

Já para ser voluntário, também é possível entrar em contato pelas redes sociais. Em abril serão realizadas quatro atividades. O grupo é totalmente voluntário, com custos envolvendo manutenção da cadeira. 

“A cadeira, por exemplo, já quebrou algumas vezes durante as atividades. Nós consertamos com o dinheiro dos próprios voluntários. O instituto Montanha para Todos também manda peças novas, mas pintura, soldas e outros trabalhos precisamos pagar”, conta Alan. 

O grupo aceita ajudar de diversas formas. Sejam por meio de doações de serviços de manutenção ou pelo pagamento dos custos. Segundo Alan, o grupo também aceita ajuda com serviços de van para o transporte dos voluntários e dos participantes para atividades fora de Joinville. “Como somos parte de um grupo nacional e não temos CNPJ, não temos conta para receber doações, mas sempre estamos abertos para conversar pelo WhatsApp”, ressalta. 


Casarão Neitzel é preservado pela mesma família há mais de 100 anos na Estrada Quiriri, em Joinville:

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