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O que revelam os novos dados do Censo do IBGE sobre fecundidade e migração em Joinville

IBGE apresentou dados preliminares sobre o perfil das mulheres e os fluxos migratórios no estado, com comparações nacionais e regionais

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou nesta sexta-feira, 27, em Joinville, os resultados preliminares da amostra do Censo Demográfico 2022 sobre fecundidade e migração em Santa Catarina e Joinville. O evento trouxe destaque para os dados locais, incluindo as capitais e os municípios.

A entrega oficial dos dados foi feita pelo superintendente estadual do IBGE, Roberto Kern Gomes, no Museu Nacional de Imigração e Colonização, com foco nos números de Santa Catarina e Joinville, comparados aos do Brasil e demais unidades da federação, capitais e municípios.

A nova publicação do IBGE detalha aspectos da fecundidade no Brasil a partir de recortes como cor ou raça, faixa etária, escolaridade e religião das mulheres. Os dados de migração abordam desde o local de nascimento até o tempo de residência no município atual, com análises por sexo e idade.

Lara Donnola/O Município Joinville

Taxa de fecundidade em Joinville e SC

A taxa de fecundidade representa o número médio de filhos por mulher e varia conforme fatores como classe social, escolaridade e religião. Segundo o superintendente do IBGE em Santa Catarina, Roberto Kern Gomes, os dados mostram que a taxa de fecundidade tem diminuído ao longo dos censos. “De forma geral, o Brasil tem uma média de 1,55 filho por mulher, e em Santa Catarina esse número é um pouco menor: 1,51”, informa.

Roberto destaca que a taxa média de reposição da população, considerando apenas a fecundidade, seria de dois filhos por mulher, e Santa Catarina está abaixo desse patamar. “Esse número médio de filhos por mulher varia por diversos fatores, mas principalmente pelo nível de instrução”, explica.

Reprodução | Fonte: IBGE
Reprodução | Fonte: IBGE

Os dados indicam que, quanto maior o nível de escolaridade, menor é o número de filhos e mais tarde as mulheres passam a ter filhos, tendência observada em todas as classes sociais. “Esse comportamento tem se acentuado ao longo dos censos de 2000, 2010 e agora em 2022”, acrescenta.

“Hoje, uma mulher com nível superior tem, em média, entre 1,2 e 1,3 filhos. Portanto, abaixo das médias nacional e de Santa Catarina. Além disso, costuma ter filhos por volta dos 31 anos”, afirma o superintendente.

Reprodução | Fonte: IBGE

Roberto explicou que a taxa de fecundidade também varia conforme a cor ou raça. Entre as mulheres indígenas, por exemplo, o índice é mais alto. De acordo com os dados, mulheres com ensino fundamental incompleto ou sem instrução tendem a ter filhos mais cedo, enquanto aquelas com nível superior têm filhos mais tarde.

“Percebemos, então, que todos esses fatores socioeconômicos influenciam diretamente tanto na taxa de fecundidade quanto na idade média em que a mulher vai ter filhos”, conclui Roberto Kern Gomes.

Migração em Joinville e SC

Historicamente, Joinville sempre atraiu migrantes, especialmente do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Segundo Roberto Kern Gomes, superintendente do IBGE em Santa Catarina, o Censo de 2010 já havia apontado esse padrão, com cerca de 70 mil pessoas vindas do Paraná, 15 mil do Rio Grande do Sul e 13 mil de São Paulo residindo na cidade.

No Censo de 2022, esse fluxo se manteve, com destaque para o Paraná, que enviou cerca de 72 mil pessoas a Joinville. São Paulo passou a ocupar o segundo lugar no ranking de origem, e o Rio Grande do Sul o terceiro, com 19 mil migrantes.

O que mais chamou a atenção, no entanto, foi o crescimento expressivo da migração a partir do estado do Pará, que de 2010 para 2022 recebeu mais de 12 mil pessoas. “Em 2010, o Pará nem sequer figurava entre os dez estados que mais enviavam moradores para Joinville”, ressalta Roberto.

Reprodução | Fonte: IBGE

Outro destaque foi o Maranhão, que hoje ocupa a sexta posição entre os estados que mais enviam moradores para Joinville, com quase seis mil pessoas oriundas desse estado. Em 2010, assim como o Pará, o Maranhão também não figurava entre os dez principais estados de origem da população migrante da cidade.

Para o superintendente Roberto Kern Gomes, a presença crescente de migrantes vindos do Norte e Nordeste chama a atenção. “Isso é bastante interessante porque é uma cultura bastante diferente. Então o trabalho de acolhimento é importante. Os estados do Norte e do Nordeste do país são os estados que têm a maior taxa de fecundidade. Portanto, essas pessoas vêm para cá com um número maior de filhos, filhos em idade escolar”, ressalta.

Essa mudança no perfil da população, segundo ele, impacta diretamente o planejamento de políticas públicas. Roberto destaca a importância de mapear com precisão onde essas pessoas estão se estabelecendo, para avaliar se há infraestrutura adequada, como número suficiente de creches, escolas, professores, além de serviços de saúde. “Então é uma série de políticas públicas que podem ser desenvolvidas a partir desses dados sociodemográficos que o IBGE divulgou hoje”, afirma.

Reprodução | Fonte: IBGE

Roberto destacou que Santa Catarina foi o segundo estado que mais cresceu em números absolutos entre 2010 e 2022, com um aumento de mais de 1,4 milhão de habitantes. “E continua crescendo. Em 2024, a estimativa mostra que Santa Catarina tem 8 milhões de habitantes”, afirmou.

Ele também ressaltou o crescimento significativo de Joinville, que já possui uma estimativa de mais de 650 mil habitantes em 2024. Do Censo de 2010 a 2022, a cidade cresceu cerca de 101 mil habitantes.

O superintendente explicou que, em Santa Catarina, apenas 14 dos 295 municípios têm mais de 100 mil habitantes. “Com o crescimento registrado em Joinville, seria como se a cidade tivesse recebido um novo município de grande porte, que seria o 15º maior do estado”, informa Roberto.

Reprodução | Fonte: IBGE

Importância dos censo

Segundo ele, o governo tem que prever e desenvolver políticas públicas para essa nova população que veio para cá, emprego, assistência à saúde, escola, educação. “Então realmente é um desafio muito grande para o prefeito de Joinville”, disse Roberto. Ele acrescentou que Florianópolis também passou por crescimento semelhante, recebendo mais de 100 mil habitantes.

Na região, o município que mais cresceu em termos percentuais foi Itapoá, com 108% de aumento. Barra Velha apareceu em segundo lugar, com crescimento de 102%. Araquari e Jaraguá do Sul também se destacaram pelo crescimento.

Motivos da migração

De acordo com o superintendente do IBGE, esse movimento populacional está ligado à busca por oportunidades de emprego, renda, educação, qualidade de vida e melhor segurança pública, entre outros fatores apontados pelas pesquisas amostrais do IBGE.

Roberto ainda comentou que Santa Catarina foi o segundo estado brasileiro que mais cresceu em números absolutos, ficando atrás apenas de São Paulo, que cresceu cerca de 3 milhões de habitantes. No entanto, ele destacou que São Paulo tem uma população muito maior, de aproximadamente 46 milhões, enquanto Santa Catarina atingiu 7,6 milhões segundo o censo.

“Em termos percentuais, Santa Catarina foi o segundo estado que mais cresceu, perdendo apenas para Roraima, que teve aumento de 40%, influenciado principalmente pela chegada de venezuelanos”, explica. Ele ressalta que, mesmo assim, o estado de Roraima é pouco maior que o município de Joinville. “Por isso que eu costumo dizer, de uma forma ponderada, que Santa Catarina foi o estado que mais cresceu”, destaca.


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