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Operação Lajotas: entenda por que vereadores de Joinville são investigados

Mauricinho Soares e Claudio Aragão, ambos do MDB, são alvos da operação, mas não o objeto central da investigação

Os vereadores de Joinville Mauricinho Soares e Claudio Aragão, ambos do MDB, foram alvos da operação Lajotas, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). Mauricinho também foi alvo de uma operação da Polícia Civil que apura fraudes no Detran e preso por posse irregular de arma de fogo.

Em coletiva de imprensa por volta das 12h desta quinta-feira, 30, a promotora de Justiça Elaine Rita Auerbach, titular da 13ª Promotoria de Justiça de Joinville, explicou que os dois vereadores são investigados, mas não são o objeto central da apuração.

Foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão na operação Lajotas, que apura supostos crimes na pavimentação comunitária em Joinville. Nenhuma prisão foi realizada até o momento.

Até a publicação desta notícia, nenhum pronunciamento foi feito por parte dos vereadores ou assessoria.

Como a investigação começou

A investigação iniciou há um ano e meio, depois do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) arquivar uma investigação sobre lavagem de dinheiro. O crime não foi identificado, mas foram recolhidos depoimentos e provas materiais que indicavam um esquema na pavimentação comunitária. Segundo Elaine, o esquema não está mais ocorrendo.

Como funcionava

Segundo o MP-SC, os crimes teriam sido cometidos entre 2016 e 2020. Conforme as investigações, as subprefeituras de distintas localidades de Joinville foram distribuídas para livre indicação política pelos vereadores das respectivas regiões.

Com isso, segundo o órgão, utilizando-se das estruturas das subprefeituras, os vereadores investigados, entre eles Mauricinho e Aragão, e um ex-vereador não identificado, teriam agido como facilitadores das contratações celebradas para pavimentação de ruas, indicando empreiteiros para a realização dos serviços.

Elaine afirma que o programa foi lançado sem regras e que os trâmites não eram documentados adequadamente. “Criou-se um nicho para que agentes públicos se aproveitassem da situação”, analisa a promotora.

Quando os moradores precisavam de pavimentação, procuravam a subprefeitura, que indicava um vereador. “Se falasse com o vereador seria mais rápido, mais barato”, relata Elaine.

As investigações apontam que eram feitas reuniões com os moradores, a subprefeitura e os próprios vereadores ou assessores, já com a presença dos empreiteiros. Ela afirma que as empresas eram escolhidas sem qualquer trâmite burocrático.

A 13ª Promotoria de Justiça de Joinville identificou diversas obras inacabadas e mal-feitas. Com estas evidências, a promotoria foi atrás da documentação necessária. Não foram encontradas notas referente ao pagamento dos serviços prestados. Além disso, os contratos apresentados eram superficiais.

Elaine diz que a maioria das empresas abriu no período em que o programa foi criado e fecharam no final do governo. Ela ainda diz que para conseguir realizar a obra, era preciso ter contato com vereadores envolvidos ou com a subprefeitura.

A promotora cita que o esquema cria publicidade política. “Todo mundo diz que em Joinville a pavimentação é grande vetor de votos”, diz.

Demais investigados

Também são investigados ex-agentes públicos, ex-assessores e diversas empresas de Joinville e uma em Araquari, sendo que cinco se destacam.

Os nomes não foram revelados.  Elaine ressalta que apesar de os gabinetes dos atuais vereadores terem sido alvos de busca e apreensão, não significa que os servidores que ali trabalham estejam envolvidos no esquema.

Próximos passos

Os documentos e equipamentos apreendidos na operação desta quinta-feira vão ajudar a aprofundar a investigação. O objetivo é identificar até onde poderia existir uma relação entre os agentes públicos, os vereadores e as empreiteiras. Também devem ajudar a apurar se houve alguma vantagem financeira, indicando corrupção.

*Colaborou Fred Romano


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