Partidos denunciam Fernando Krelling por receber apoio durante culto religioso

PSOL e Podemos acusam o candidato do MDB de ser apoiado por pastor; veja vídeo

Partidos denunciam Fernando Krelling por receber apoio durante culto religioso

PSOL e Podemos acusam o candidato do MDB de ser apoiado por pastor; veja vídeo

Lucas Koehler

O PSOL e o Podemos, ambos de Joinville, denunciaram a chapa “Vamos pra frente, vamos com fé”, do candidato a prefeito Fernando Krelling (MDB), por crime eleitoral após o mdbista ir a um culto religioso e ganhar apoio de um pastor da igreja Catedral Imagem e Semelhança.

Nesta terça-feira, 13, um vídeo foi publicado no Twitter em um perfil chamado “Eleições 2020 Joinville”. O conteúdo, segundo o perfil, mostra Krelling em um culto no dia 11 de outubro, na Catedral Imagem e Semelhança.

O caso fez os candidatos Guilherme Luiz Weiler e Jéssica Michels, da corrente “Primavera Socialista”, do PSOL, denunciaram o candidato do MDB, justificando a defesa do Estado laico.

“Precisa ficar cada vez mais evidente para as pessoas que as igrejas não podem se misturar com o papel do Estado” explica Weiler.

Para ele, o pastor da Catedral Imagem e Semelhança abusou do poder religioso para induzir pessoas a votarem em Krelling. “Entendemos que há crime eleitoral e não pode ser tolerável em uma eleição com as regras tão claras”, destaca.

O candidato afirma que Fernando não recusou o apoio durante o vídeo. “As pessoas no palco falam que convidaram ele, foi algo articulado”, opina.

Guilherme cita que a punição do caso pode se tornar exemplo para outros candidatos. “Queremos que o Krelling seja punido para que não existam mais apoio de padres e pastores a políticos”, diz.

A expectativa dos dois candidatos a vereadores pelo PSOL é de que a Justiça Eleitoral puna, inclusive com cassação, a chapa “Vamos pra frente, vamos com fé”.

Podemos acusa propaganda eleitoral ilícita

O Podemos, no qual Ivandro de Souza é candidato a prefeito de Joinville, também acionou a Justiça Eleitoral contra Fernando Krelling, após a presença do candidato no culto.

Marcelo Peregrino, advogado de campanha do Podemos, crítica o conteúdo do vídeo. “O pastor afirma que está apresentando um candidato a prefeito da catedral”, ressalta.

O advogado afirma que a igreja possui 5 mil membros e tem transmissão ao vivo pela internet. “O mais grave é que o Krelling estava presente e aparecia na tela, enquanto o líder religioso o enaltecia”, reforça.

Peregrino lamenta a ameaça que o líder religioso faz para os fiéis, em frases como “quando Deus me dá um candidato a prefeito, para eu votar, você que é meu filho e congrega aqui, vai contra o apostolo?”, cita.

Marcelo destaca que o caso configura como ilegal. “É um dos casos mais contundentes de abuso de propaganda eleitoral que já vi. Foi um ato de campanha organizado, em favor do candidato, como se vê na fala da fiel que trabalha com Fernando há oito anos”, destaca.

A coligação “Aliança por Joinville” e o candidato Ivandro de Souza fizeram uma representação contra a propaganda, pedindo o encerramento da prática ilegal e aplicação de multa individual no valor de R$ 8 mil contra Krelling, à coligação do MDB, igreja e para o pastor.

O advogado afirma que o Podemos vai apresentar uma ação de investigação judicial eleitoral pedindo a cassação do registro do candidato mdbista, caso se confirmem os relatos de abuso de poder.

“Há indícios veementes de abuso, o que pode levar à cassação do registro da chapa, caso eleita”, finaliza.

MDB espera decisão judicial

A assessoria do candidato Fernando Krelling afirmou que o MBD tem a política de se manifestar apenas após a decisão do juiz, já que em muitos casos as denúncias não chegam a ser aceitas.

“No TSE já consta uma representação de hoje feita pelo ‘Aliança por Joinville’, a última movimentação diz que os autos foram recebidos. Vamos aguardar a manifestação judicial”, afirma.

O que diz a lei

A Lei 9.504/97 e a Resolução Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 23.610 proíbem a realização de propaganda em bens de uso comum, para fins eleitorais, como os templos religiosos.

“Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada”, diz a lei.

A multa para quem veicular propaganda ilegal, será notificado, para em 48 horas, removê-la.

A reportagem procurou a igreja Catedral Imagem e Semelhança, mas não conseguiu contato até o fechamento desta reportagem.


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