Passageiros reclamam da demora, custo e cancelamentos de viagens por aplicativo em Joinville
Motoristas justificam que tarifas promocionais prejudicam o serviço
Motoristas justificam que tarifas promocionais prejudicam o serviço
Demora para ter a corrida confirmada, preços mais caros e diversos cancelamentos com a solicitação já aceita. Usuários de aplicativos de transporte afirmam que estão com dificuldades para se locomover em Joinville nas últimas semanas.
Exemplo disso é o que está passando Yasmin Zappelini, de 18 anos. Estudante de uma escola pública no bairro Aventureiro, ela explica que utiliza o Uber, no mínimo, em cinco dias da semana, para ir e voltar das aulas. Tempos atrás, ela passou a perceber uma diferença no custo das viagens. “O preço é o que mais piorou. Antes eu pagava R$ 7, agora estou pagando R$ 9 ou mais”, conta.
A garota também destaca que o tempo de espera para ter a corrida aceita também se tornou um ponto negativo. “A maioria dos motoristas não aceita as promoções oferecidas dentro do aplicativo, fazendo sempre ter que optar pelo maior valor para não esperar mais de 30 minutos”, critica.
Focada apenas nos estudos, Yasmin expõe que as mudanças negativas prejudicam as finanças da sua família. “Além de todas as despesas, estamos pagando R$ 200 com aplicativos no mês”, queixa.
Outra usuária que notou a diferença para pior é a assessora jurídica Betina Schreiner, de 27 anos. A jovem conta que os aplicativos são seus principais meios de transporte. Mesmo trabalhando em home office por conta da pandemia da Covid-19, ela costuma fazer, pelo menos, quatro a seis viagens por semana. “Vou ao mercado, na casa dos meus pais, médico, levo meus gatos ao veterinário, etc”, diz.
Sem sofrer impacto no custo, Betina afirma que a principal mudança é a falta de opções de motoristas. “Antes sempre haviam carros perto da minha casa, esperava cerca de três minutos. Agora sempre espero, no mínimo, cinco só para encontrar alguém disponível”, compartilha.
Além da espera pela confirmação, é preciso paciência para esperar o condutor chegar até o local solicitado. “Às vezes está bem longe ou finalizando outra corrida, levando dez minutos para chegar onde estou”, reclama.
Os cancelamentos realizados pelos motoristas, sem justificativas, também são incômodos para a assessora jurídica. Ela teve problemas com os aplicativos, inclusive, no dia em que estava com a vacinação contra o coronavírus agendada. “Três motoristas cancelaram minha corrida. Em um caso, cheguei a entrar num carro e quando ele viu o local, falou para eu sair, que não valia a pena ir para aquela região”, ressalta.
Antes visto como praticidade e agilidade, agora, para ela, é necessário mais planejamento. “Preciso levar em conta o tempo de espera até um motorista aceitar, eventuais cancelamentos, não tem mais aquela comodidade de chamar e logo aparecer um carro na frente de casa”, analisa.
Trabalhando neste setor há três anos, Eduardo Teixeira opina que mudanças nas plataformas estão gerando os problemas ditos pelos clientes. Ele conta que os aplicativos criaram opções de corridas promocionais para os passageiros, fazendo que os motoristas cancelem boa parte das solicitações, já que financeiramente não compensa.
“Precisam [as empresas] valorizar nosso trabalho. As plataformas devem urgentemente reajustar as taxas, pois há seis anos não temos aumento em nossos ganhos”, fala.
Mais valorização é também o que pede o motorista Jobson Araújo, de 46 anos, motorista há quase três. Para ele, com as taxas promocionais criadas para passageiros, os aplicativos retiram do salário dos condutores. Outra reclamação é a quantia cobrada pelas empresas por viagem. Para isso, ele cita uma corrida de R$ 18, na qual cerca de R$ 8 deve ir para o aplicativo, e o restante para o trabalhador.
Sem responsabilizar os clientes, Jobson explica que os condutores cancelam ou recusam corridas pelo valor ser injusto. “Alguns trajetos e ruas são horríveis”, comenta.
Clélia Schneider, de 42 anos, segue na mesma linha de raciocínio que a de seus colegas de trabalho. Ela conta que já ouviu reclamações de diversos passageiros sobre a demora para encontrar motorista, porém, justifica que a espera é causada pelo baixo preço das corridas.
“As pessoas usam as opções promocionais, por isso, os motoristas não fazem essas viagens e gera a demora. Não compensa. Escolhemos as que nos fazem ficar menos tempo na rua para ter algum lucro no dia a dia”, finaliza.
Procurada pelo jornal O Município Joinville, a Uber, por meio de nota, afirma que opera em um sistema de intermediação de viagens dinâmico e flexível, considerando, de um lado, as necessidades dos motoristas e, de outro, a realidade dos consumidores que usam a plataforma, tendo em vista a preservação do equilíbrio entre oferta e demanda.
A empresa cita que, durante a pandemia, se criou uma alta demanda por viagens nas últimas semanas, conforme o avanço da campanha de vacinação e a reabertura progressiva de atividades comerciais. “Com isso, os ganhos de quem dirige com o app da Uber têm sido os maiores desde o início do ano”, diz o texto.
Ainda no documento, o aplicativo explica que, no passado, a taxa de serviço cobrada dos motoristas pela intermediação de viagens era fixa em 25%, mas, desde 2018 ela se tornou variável para que a Uber tivesse maior flexibilidade para usar esse valor em descontos aos usuários e promoções aos parceiros.
Além disso, em qualquer viagem, o motorista fica com a maior parte do valor pago pelo usuário. “Há confusão entre os condutores sobre o valor da taxa, em algumas viagens ele pode aumentar, enquanto, em outras, pode diminuir. Por isso, todos os motoristas parceiros ativos recebem semanalmente, por e-mail, um compilado sobre os seus ganhos que mostra quanto ele pagou de taxa Uber naquela semana”, destaca.
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