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Pescador encontrado morto em São Francisco do Sul é identificado após 7 anos, através de exame de DNA

Identidade do homem foi descoberta com uso do Banco de Perfis Genéticos

Um homem encontrado morto em São Francisco do Sul, em 2015, teve a identidade descoberta sete anos depois, após exames de DNA com utilização do Banco de Perfis Genéticos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A descoberta foi informada à família de Francisco Evonildo da Costa, no dia 18 deste mês, no Rio Grande do Norte.

A filha Sanny Kelly da Costa, que tinha 18 anos quando viu o pai pela última vez. O pescador Francisco Evonildo da Costa partiu, em março de 2011, com uma mochila nas costas, de Aracati, no litoral do Ceará, com destino à Bahia, mas não voltou mais.

O tempo passou e, sem expectativas pelo reencontro, Sanny e a mãe, Mônica Soares, foram em busca de uma nova vida em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Dez anos se passaram até que a filha ficou sabendo da Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Com isso, renasceu a esperança de informações sobre a ausência do pai.

“A minha filha sempre reclamava que ele não ligava, sofria com a falta de notícia. Quando, certo dia, ela viu no jornal que ia ter essa campanha. Se inscreveu e me chamou”, comenta Mônica, que até então não sabia que era uma viúva.

O corpo do pescador foi encontrado boiando nas margens da praia de Itaguaçu, em São Francisco do Sul, em 2015 – lugar a 3 mil quilômetros do local do desaparecimento. A investigação local não conseguiu determinar a identidade do pescador e, em busca de respostas, os peritos enviaram uma amostra do material genético dele para o Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG).

A partir das amostras de DNA de Francisco, colhidas e catalogadas em Santa Catarina, e de seus familiares, colhidas em Natal e catalogadas no Ceará, o sistema da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) apontou uma compatibilidade genética entre os restos mortais e Sanny.

Os peritos do caso então trabalharam em conjunto para confirmar, por meio de contexto histórico e de características físicas e antropológicas, se o corpo encontrado era mesmo de Francisco Evonildo.

Sossego no coração

No dia 18 de maio deste ano, Sanny e Mônica foram chamadas ao Laboratório de Genética Forense do Rio Grande do Norte para receber a notícia: o corpo encontrado em Santa Catarina era, de fato, do pai e do marido delas. “A sensação é de sossego no coração”, comenta Mônica.

A Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas é uma iniciativa coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em parcerias com os estados, que está prestes a completar um ano e já ajudou, além de Mônica e Sanny, outras 57 famílias a terem também sossego no coração, com um desfecho sobre o paradeiro de familiares.

A identificação de Franciso da Costa foi possível com o trabalho desempenhado por laboratórios em 3 estados, sob coordenação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp/MJSP) e da RIBPG. “É um belo trabalho, a campanha tem abrangência nacional. Por isso, esperamos que a população continue doando seu DNA para que mais confirmações sejam realizadas”, ressalta o ministro da Justiça, Anderson Torres.

Os familiares de desaparecidos podem e devem procurar os pontos para doar seu material genético. Mais de 230 deles, em todo o Brasil, fazem esse trabalho. Saiba mais.

Material coletado

A Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas tem a meta reconhecer os mais de 26 mil restos mortais sem identificação no país.

Após a coleta, o DNA é enviado para o laboratório de genética forense da instituição de perícia oficial dos estados. Lá, é analisado e o perfil genético obtido é enviado ao Banco Nacional de Perfis Genéticos. Então, o que foi coletado é comparado com os perfis de pessoas de identidade desconhecida, que buscam por seus familiares e de restos mortais não identificados.

O perfil genético da família só é retirado do banco após a identificação. Isso permite que novas buscas possam ser feitas à medida que os cadáveres e as pessoas de identidade desconhecida sejam cadastrados. Se a pessoa que desapareceu for encontrada, a família será avisada pela Delegacia ou Instituto Médico Legal.

Atualmente, o Banco Nacional de Perfis Genéticos tem 6.619 restos mortais não identificados e material genético de 5.828 parentes de pessoas desaparecidas.