Pesquisa de professora da UFSC de Joinville ganha prêmio nacional de inovação
Estudo sobre ruído de aviões em áreas urbanas foi premiado no Simpósio de Transporte Aéreo
Estudo sobre ruído de aviões em áreas urbanas foi premiado no Simpósio de Transporte Aéreo
Uma pesquisa desenvolvida pela professora Renata Cavion, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) de Joinville, e Michelle Galvão, da Universidade Federal de Goiás, sobre o ruído de aviões em áreas urbanas venceu o prêmio de inovação em pesquisa científica no Simpósio de Transporte Aéreo, um dos mais relevantes da área.
O estudo, intitulado “Uma análise espacial das reclamações de ruído de aeronaves”, foi reconhecido por analisar as reclamações de ruído aéreo nas proximidades do Aeroporto de Congonhas (CGH), em São Paulo (SP), sob as dimensões de distribuição espacial. A pesquisa analisa as trajetórias de voo, distância da pista, zoneamento de exposição ao ruído das operações aeroportuárias, uso predominante do solo, altura dos edifícios, densidade populacional e densidade de árvores em espaços públicos.
As análises apontam que áreas residenciais de baixa densidade são as mais afetadas pelo ruído de aeronaves. Além disso, sugere como alternativa que as rotas de voo sejam otimizadas para reduzir as reclamações, apontando ainda para a necessidade de uma abordagem abrangente, combinando dados de reclamações com outras fontes para uma mitigação eficaz do problema.
A inovação da pesquisa foi a associação da variável espacial à distribuição geográfica das reclamações, para verificar a existência de padrões que poderiam estar vinculados à percepção e intensidade do ruído. “Nesse sentido, a pesquisa propõe a análise de correlações entre a localização das reclamações e os fatores espaciais, como trajetória das operações aéreas, distância da pista, altura e padrão construtivo das edificações, densidade de arborização em vias públicas, entre outros”, explica a professora.
“Os resultados da pesquisa reforçam a importância de considerar as dimensões espaciais do ruído aeronáutico para o desenvolvimento de estratégias eficazes de mitigação, contribuindo para um melhor entendimento do problema e para a proposição de soluções mais adequadas”, pontua a professora do departamento de Engenharia da Mobilidade, que integra o projeto Planejamento, gestão e operação de sistemas de mobilidade urbana baseados em dados, coordenado pelos professores Rodrigo Castelan Carlson e Werner Kraus Jr., que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A professora também indica a forte correlação entre a localização das reclamações e o uso do solo entre os achados da pesquisa. Este resultado, segundo ela, reforça a necessidade e importância do diálogo entre gestão urbana e gestão da operação aérea para o desenvolvimento de estratégias interdisciplinares mais precisas e alocação de recursos e implementação de políticas eficazes. “Embora o incômodo causado pelo ruído seja subjetivo – de acordo com pesquisas científicas, o incômodo depende de diversos fatores, como características individuais, sociais e ambientais, além dos níveis de ruído –, nem todas as pessoas chegam, de fato, ao ponto de manifestar formalmente sua insatisfação ou desconforto ao ruído realizando o registro de reclamação. Portanto, a reclamação, em si, poderia ser caracterizada como uma externalização do incômodo”, explica.
O estudo é uma das pesquisas realizadas dentro do chamado Planejamento, gestão e operação de sistemas de mobilidade urbana baseados em dados, coordenado pelos professores Rodrigo Castelan Carlson e Werner Kraus Jr. da UFSC, que contou com recursos do CNPq em Edital Universal de 2021.
O projeto tem o objetivo de desenvolver estudos focados em dados, sob três eixos: especificação de requisitos de dados, identificação das fontes, obtenção e geração de dados; processamento dos dados para aplicações em transportes e modelagem de aplicações de planejamento e de operação de transportes com base nos dados obtidos. A rede colaborativa de execução é formada por pesquisadores da UFSC, da UFG e do Laboratório Nacional Argonne, dos Estados Unidos.
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