Pesquisa mostra que Joinville está entre as cidades que mais consomem ultraprocessados no Brasil
Estudo foi desenvolvido pela USP
Estudo foi desenvolvido pela USP
Joinville é uma das sete cidades do país que mais consomem produtos ultraprocessados. Os dados foram divulgados pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o estudo, pessoas que vivem na região Sul e no estado de São Paulo, por exemplo, têm consumo ainda mais elevado que a média nacional.
Dentre as 26 cidades que mais consomem produtos ultraprocessados, 25 são catarinenses – a única de outro estado que está na lista é Porto Alegre, no 19º lugar.
Os alimentos ultraprocessados são formulações de ingredientes utilizados pela indústria de alimentos que contêm pouco ou nenhum alimento intacto.
Uma maneira prática de identificar um produto ultraprocessado é verificar se sua lista de ingredientes contém pelo menos um item característico do grupo de alimentos ultraprocessados, ou seja, substâncias alimentares nunca ou raramente usadas na cozinha (como xarope de milho rico em frutose, óleos hidrogenados ou interesterificados e proteínas hidrolisadas), ou classes de aditivos feitos para tornar o produto final palatável ou mais atraente (como saborizantes, realçadores de sabor, corantes, emulsificantes, sais de fusão, adoçantes, espessantes, e agentes antiespumantes, aglutinantes, carbonatantes, espumantes, gelificantes e de revestimento).
Bebidas gaseificadas, snacks embalados doces ou salgados, chocolates, balas e guloseimas, sorvetes, pães empacotados (produção em massa), margarinas e outros cremes como de avelã, biscoitos, bolos e misturas para bolos, cereais matinais, barras energéticas e de cereal, bebidas energéticas, bebidas lácteas, iogurte e bebidas de frutas, bebidas de chocolate, molhos em pó (instantâneos), fórmulas e outros produtos infantis, produtos para “saúde” e “emagrecimento” como shakes e pós-treinos (substitutos de refeições), produtos prontos para aquecer incluindo tortas, massas e pizzas pré-prontas, “nuggets” de aves ou peixes, salsichas, hambúrgueres, hot-dogs e outros produtos de carnes reconstituídas, e produtos em pó, embalados e instantâneos, como sopas, macarrão e sobremesas.
A pesquisa “Estimativa da participação calórica de alimentos ultraprocessados nos municípios brasileiros”, publicada em 27 de junho pela Revista de Saúde Pública, utilizou um modelo estatístico para estimar a participação calórica de alimentos ultraprocessados nos municípios brasileiros – ou seja, quanto do total de calorias que os indivíduos ingerem provém desse tipo de alimento. A variação foi de 5,7% ( em Aroeiras do Itaim, Piauí) a 30,5% (em Florianópolis, Santa Catarina).
Joinville está na sétima posição, com 27,07%. Na região Sul, que concentra o maior consumo de ultraprocessados, o estado de Santa Catarina teve as maiores estimativas, acima de 20%. O Paraná apresentou variação entre 16% e 26,3%, e o Rio Grande do Sul entre 17,6% e 26,6%. No Sudeste, os municípios do estado de São Paulo tiveram as maiores estimativas, com a capital chegando a 25,5%, enquanto Vitória, no Espírito Santo, teve a menor (16,7%).
Segundo os autores, os resultados refletem as diferenças sociodemográficas – entre as regiões do país, e também entre os municípios de um mesmo estado. São considerados fatores determinantes, por exemplo, a proporção de moradores em áreas urbanas ou rurais, e também a renda per capita de cada município.
Os municípios mais ricos têm estimativas de participação calórica de alimentos ultraprocessados acima de 20%. No Norte, Tocantins teve as menores estimativas, com Palmas chegando a 12,2%, e os estados de Roraima e Rondônia apresentaram estimativas intermediárias. Os estados do Pará e Amapá registraram as maiores estimativas da região.
Os autores destacam, no entanto, que o consumo mais baixo de ultraprocessados em alguns municípios não significa necessariamente uma alimentação adequada e saudável.
“Há evidências de que domicílios de baixa renda e das regiões rurais do país, por exemplo, possuem alto consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários, mas que esse consumo é marcado por alimentos básicos, como arroz, feijão, café, açúcar, farinhas e carnes, com baixo consumo de frutas, legumes e verduras”.
Casarão Neitzel é preservado pela mesma família há mais de 100 anos na Estrada Quiriri, em Joinville: