Polícia Cientifica conclui investigações sobre queda de avião na região de Joinville; veja possíveis causas
Duas pessoas morreram no acidente em mata fechada entre Garuva e Itapoá
Duas pessoas morreram no acidente em mata fechada entre Garuva e Itapoá
A Polícia Cientifica concluiu nesta semana as investigações sobre o acidente com a aeronave que caiu em mata fechada na região de Joinville, entre Garuva e Itapoá, no dia 3 de junho. O piloto, Geraldo de Assis Lima e o empresário Antônio Augusto Castro, de 52 anos, foram os únicos tripulantes na aeronave e morreram no acidente.
Segundo o perito criminal Dionata Machado, uma sequência de fatores contribuíram para a queda de avião, o que, para ele, terminou em uma triste “tragédia”.
O profissional explica que a primeira coisa que acontece em uma investigação deste tipo é ir até o local do impacto e entender toda a dinâmica do fato. “Começamos a avaliar a aeronave, todos documentos, avaliação de manutenções, além de saber mais detalhes com os técnicos que acompanharam essas manutenções, etc”, detalha.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião pertencia à construtora de estradas e ferrovias Conserva de Estradas, de Belo Horizonte (MG). O avião era um 95-B55, fabricado pela Beech Aircraft em 1982.
Também é feita uma avaliação completa do piloto, se ele poderia conduzir a aeronave, condições de saúde, entre outras informações.
Machado afirma que o piloto tinha qualificação necessária para conduzir o avião e que a aeronave não tinha nenhuma irregularidade de documentação e que não houve relatos de problemas mecânicos.
A partir disto, começa a se “desenhar” a trajetória da aeronave e análise dos fatores que podem ter contribuído para a queda.
A aeronave partiu de Governador Valadares (MG) com destino a Florianópolis em uma viagem que tinha duração de 3h. De acordo com a investigação, às 17h29, o piloto informou ao órgão de controle, que na região era o de Curitiba (PR), uma mudança de rota para o aeroporto de Joinville por uma degradação das condições climáticas e a formação de nuvens. O pedido foi para que pudesse pousar na pista 15.
Naquele momento, a aeronave estava em cerca de 1.400 pés (aproximadamente 426 metros). “O piloto então solicita para poder fazer um voo visual (sem uso de instrumentos). O controlador viu a situação e autorização. Quando ele (piloto), faz isso, assume a responsabilidade de voar com o que ele enxerga”, frisa o perito.
Em certo momento, o órgão de controle perde o contato de radar do avião, mas continua via rádio. Já próximo do aeroporto de Joinville, o piloto comunicou via rádio, único meio de se comunicar com o local, já que não tem uma torre de controle, que estaria há três minutos da pista. Isto ocorreu às 17h33.
“Porém, ele nega visualização com a pista e arremete. O piloto então avisa ao controlador do aeroporto que iria para oito mil pés, mas neste retorno havia uma região montanhosa. A altitude era justamente próxima de 1.400 pés, onde havia as nuvens”, conta Machado.
Em seguida, a pessoa no rádio confirma estar ciente da situação e informa para que o piloto que ele precisa entrar em contato novamente com o controle de Curitiba. Na investigação ficou comprovado que o piloto confirmou a frequência repassada pelo controle, mas que momentos após isto acontecer houve a perca total de contato com a aeronave.
Para o perito da Polícia Cientifica, as condições climáticas, somada com a região montanhosa e uma possível desorientação espacial do piloto, fez com que surgisse uma situação controversa para o piloto e causasse a queda.
“Ele, provavelmente, entrou em uma região nebulosa e não conseguiu ver a região de montanha. Foi para uma região que houve a junção de todas essas situação. Uma fatalidade.”
O perito revela que o tipo de avião do acidente não possui caixa preta, então não é possível saber as informações de dentro aeronave. Porém, é emitido um sinal de GPS, utilizado pela plataforma Flight Radar, que rastreia voos.
“Baseado no site, foram 50 segundos do último contato com a rádio de Joinville até o momento que a aeronave para de emitir sinal para o Flight Radar. Com as nossas projeções, isto ocorreu a 30 metros do local da colisão com a região montanhosa”, alega.
Conforme a investigação, a montanha tem 520 metros de altura e que a colisão aconteceu em 470 metros. Dionata Machado revela que a última transmissão mostra que o avião estava a 59 nós de velocidade, o que seria aproximadamente 109,2 quilômetros por hora (km/h).
“Nós verificamos que o trem de pouso e o flap direito estavam recolhidos, que a hélice esquerda bateu em uma árvore e se partiu, mas que a aeronave continuou em linha reta, e que a hélice direita tocou o solo ainda rotacionando. Isto tudo mostra que a aeronave não tinha interesse de pousar no momento do impacto e estava em velocidade”, finaliza.
O laudo da Polícia Cientifica, que visa repassar informações técnicas e investigativas, será encaminhado para as autoridades responsáveis, sendo a primeira a criminal para a conclusão do inquérito policial e posteriormente a judiciaria.
Também há uma investigação em curso do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão central do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer). Porém, ela tem um caráter preventivo e educativo.
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