Policiais acusados de matar jovem em Araquari serão julgados 12 anos após o caso
Crime aconteceu em 2013
Dois policiais militares acusados de matar o jovem Wesley Lopes, em Araquari, tiveram o júri popular marcado para agosto de 2025, ou seja, 12 anos após o crime ter ocorrido. Wesley, na época com 25 anos, foi morto em 28 de setembro de 2013.
Segundo informações da acusação, a vítima saiu de casa, localizada no loteamento Santo Antônio, no bairro Itinga, para ir até um carrinho de lanche que ficava em local próximo. Neste momento, Wesley teria sido abordado pelos dois policiais e revistado.
Em seguida, o jovem, que é uma pessoa com deficiência intelectual, foi colocado dentro da viatura sem motivo aparente. “Em que pese não haver qualquer postura do jovem que ensejasse a abordagem policial, efetuaram a revista pessoal em Wesley”, destaca o Ministério Público (MP-SC) responsável pela denúncia contra os policiais.
“Abusando do poder que lhe foi concedido por lei, os denunciados […] o agrediram com tapas e decidiram por restringir sua liberdade da sem qualquer fundamento ou formalidade legal. Para tanto, obrigaram Wesley a entrar na denominada “caixa da viatura”, local onde são transportados os presos, sem qualquer situação de flagrância e em total desrespeito aos direitos fundamentais da vítima”, afirma a acusação.
Após terem colocado Wesley na viatura, os policiais não encaminharam o jovem à Delegacia de Polícia, como deveria ter sido feito o procedimento, mas o levaram para local de mata no bairro Corveta.
Ainda segundo investigação, a vítima foi atingida por golpes de instrumento contundente na região das costelas. A acusação também acredita que os policiais também atingiram a vítima na cabeça, o que não pôde ser confirmado pois esta parte do corpo não foi encontrada.
Para o MP-SC, além de dificultarem a defesa da vítima, os policiais cometeram o crime por motivo torpe. “Decorrente de uma indevida animosidade dos denunciados com a vítima que, além de ter registros policiais, era irmão de indivíduos conhecidos pela prática de tráfico de drogas na cidade”, aponta a acusação.
Ocultação de cadáver
Além de serem acusados por homicídio e abuso de poder, já que os dois acusados estavam atuando como policiais no momento do crime, eles também dever responder por ocultação de cadáver.
Isso porque Wesley teve a cabeça separada do corpo, que foi posteriormente enterrado e encontrado após um ano de sua morte. “Importante salientar que é fato notório no meio policial que, ao se retirar a cabeça de um cadáver, as chances de sua identificação ficam sensivelmente reduzidas”, cita o MP-SC.
Segundo a denúncia, o corpo foi enterrado no mesmo local da execução, tendo sido encontrado por moradores em setembro do ano seguinte.
Processo
O processo teve início no Tribunal de Justiça (TJ-SC) em abril de 2014. Na época, o corpo de Wesley ainda não havia sido encontrado.
Desde então, foram feitas diversas diligências, quebra de sigilo de dados, oitivas de testemunhas de acusação e defesa, pedidos de habeas corpus, perícia cadavérica, apresentação de documentos. O processo também chegou a ser transferido de vara.
A ação foi considerada apta para julgamento em novembro de 2016, porém, a pedido do MP-SC, foi temporariamente suspensa. De acordo com a acusação, diversos fatores botavam em cheque a imparcialidade dos jurados, tendo em vista o temor que os moradores têm em relação aos policiais, assim como a própria relação de longo período entre os agentes e a comunidade.
O MP-SC também solicitou que o julgamento fosse realizado em outro local, já que a comarca de Araquari não teria auditório para realização do ato.
Por fim, em fevereiro deste ano, foi então decidido que a sessão do júri popular irá acontecer em 12 de agosto de 2025, às 9 horas, na comarca de Joinville.
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